O que começou como uma conversa privada em um chat da internet e evoluiu para um assunto íntimo acabou tornando pública a relação entre um professor e uma aluna de uma instituição de ensino superior privado de Joinville. E escancarou as ameaças do uso inadequado das redes sociais, os riscos reais da invasão de privacidade e o quanto se pode ficar exposto à curiosidade de internautas.

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Às 2 horas da madrugada desta terça-feira, a página do Facebook de uma estudante universitária de Joinville teria sido invadida por alguém que mudou sua senha, descobriu a conversa com o professor e postou a íntegra do conteúdo na rede social na própria página da jovem, com a seguinte introdução: “Estou compartilhando uma conversa para mostrar como se trai um namorado e se conquista um professor”.

Na conversa, que durou mais de duas horas segundo a transcrição, professor e aluna trocam elogios e marcam um encontro. Também foi publicado o trecho de uma segunda conversa, na qual a estudante afirma que alguém estaria tentando roubar sua senha de acesso ao Facebook.

Cerca de 19 horas após a publicação, mais de 20 mil usuários do Facebook já tinham curtido a postagem e 6 mil compartilhado em suas páginas e perfis – gerando um círculo vicioso de mau uso das redes sociais, que potencializou a invasão de privacidade. Além das contas em redes sociais, o e-mail da jovem também teria sido invadido, segundo colegas, e a mesma mensagem teria sido enviada para toda a rede de contatos dela.

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O caso se retroalimentou durante toda a terça-feira, levando o nome do professor aos “Trending Topics” nacional e também no mundial do Twitter. Perfis falsos foram criados, citando trechos da conversa. A foto do professor e da jovem que teve a conta invadida foram transformados em memes (as celebridades momentâneas da internet) que já circulam por todo o País, com frases que remetem ao bate-papo virtual.

Até uma rede nacional de eletrodomésticos aproveitou popularidade do caso, fazendo referência ao fato de que o casal combinou de beber um vinho no encontro. Em sua conta do Twitter, a rede brinca ao dizer que “já que o assunto é vinho, a oferta é de adega”.

A Notícia” tentou contato com a estudante na tarde desta terça, pelo celular, mas ela não atendeu. A irmã da jovem afirmou, via Facebook, que um advogado da família já teria sido acionado para tratar do assunto judicialmente: ‘Galera, o advogado já tá cuidando do caso da minha irmã. Então quem fez isso vai pagar na Justiça’, escreveu.

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O caso de invasão da conta e a publicação da mensagem particular se enquadraria na recente lei Carolina Dieckmann (12.737/2012). A lei leva o nome da atriz que teve fotos copiadas de seu computador pessoal divulgadas na internet.

No final da noite de terça-feira, a conversa foi excluída do Facebook da estudante. Na manhã de quarta, o nome do professor não aparecia mais nos “trending topics” do Twitter.