Assim como a forma de se vestir muda com o tempo, a tatuagem também se transforma, se atualiza e, como tantas outras coisas na vida, é cíclica. Tatuados da cabeça aos pés, pessoas em busca do primeiro traço e claro, curiosos, caminharam pelos corredores do Tattoo Beer, no Centro de Eventos do Norte Shopping, enquanto a trilha sonora de máquinas de tatuar os acompanhava. Nos últimos três dias, 80 tatuadores conversaram, trocaram experiências e tiraram dúvidas sobre a arte de cobrir o corpo com traços, coloridos ou não, em Blumenau.
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Quem pensa que tatuagem é tudo igual, se engana. Há tipos de traços para todos os gostos e no evento estiveram especialistas nos estilos old school (tatuagens com traços mais grossos), realismo (desenhos que parecem fotos), new school (uma atualização do old school, com traços mais finos), black work (trabalho em preto), aquarela (reproduz o traço de um desenho feito com tinta aquosa) e oriental (desenhos inspirados no teatro japonês).
Especialista no estilo aquarela, o tatuador Victor Octaviano conta que há quatro anos se interessou pelo estilo e hoje é referência no assunto. No sábado ele deu um workshop sobre o tema durante a primeira convenção de tatuagem de Blumenau, mas antes contou como se atraiu pela temática:
– No meu caso foi natural, eu comecei a me interessar pelas manchas e fui aperfeiçoando. Acho que eu influenciei pessoas e elas me influenciaram também, talvez por ser algo mais novo. Tudo que é novidade acaba tendo um pouco mais de visibilidade e depois vai estabilizando. Eu já peguei várias fases – conta Victor que tem o corpo praticamente coberto por tatuagens.
Murilo Trevisan, referência quando o assunto é escrita, conta que o estilo de traço que ele cria na pele dos clientes é atemporal. Segundo ele, sempre tem alguém querendo fazer uma homenagem ou marcar um momento da vida com uma frase ou alguma palavra. Durante o primeiro dia da convenção, uma novata no mundo das tatuagens (foto abaixo) se encheu de coragem e fez o primeiro traço com ele.
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(Foto: Patrick Rodrigues, Agência RBS)
– Eu sempre tive medo de me arrepender, mas encontrei um desenho que curti e que tem vários significados para mim – conta Thais Verdi Bona, 25 anos, que tatuou uma sutil lua no pulso.
Alguns metros adiante, em outro stand fazendo um desenho à mão livre no braço de um cliente, o tatuador Cleiton Moura, o Carioca, conta que há dois anos começou a tatuar tribal e se dedica exclusivamente à temática. O desenho com traços bem marcados em preto e geralmente contornando os músculos de braços, pernas e peito é a especialidade dele.
– Este estilo aqui tem mais procura, junto com o estilo oriental. É uma das tatuagens mais procuradas – ressalta.
O que se tem notado cada vez mais é que as pessoas optam por um desenho e buscam o profissional especialista naquele trabalho. A tatuadora Jéssica de Oliveira, que tatua há três anos, conta que aos poucos o comportamento de profissionais e de clientes tem mudado.
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– As pessoas estão aprendendo o que é uma tatuagem legal, já começaram a evitar cópias. Elas procuram o tatuador pelo estilo dele, algumas até buscam por desenhos que viram do tatuador. Hoje existe uma parceria entre eles também, que indicam outros profissionais aos clientes quando não trabalham com aquela escola – finaliza Jéssica