Os estabelecimentos comerciais das 20 cidades de maior potencial de consumo de Santa Catarina, entre elas Joinville, devem pôr o pé no freio na contratação de temporários no período que contempla o Natal e o Verão. É o que mostra um levantamento feito pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina (FCDL/SC) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). O estudo revela que 55,7% dos comerciantes não têm intenção de contratar funcionários provisórios entre os meses de dezembro e fevereiro.
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Dos estabelecimentos ouvidos pela pesquisa — feita com 400 empresas varejistas — 28,9% sinalizaram que pretendem admitir profissionais para a temporada. Outros 15,4% ainda não definiram se vão ou não realizar contratações. Entre os que afirmam a intenção de negociar mão de obra temporária para as vendas de final de ano, 69,1% informaram que não devem efetivar o funcionário depois do período. Em contrapartida, são 21,5% os que declaram talvez manter os novos contratados e 9,4% com interesse na efetivação.
Para o vice-presidente administrativo da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Joinville, José Raulino Esbiteskoski, a demanda por profissionais temporários deve variar de acordo com o segmento. Para ele, setores como o de vestuário devem contratar nos próximos meses. Neste segmento e no de calçados, por exemplo, espera-se aumento superior a 10% nas contratações. Raulino acredita ainda que a efetivação dos contratados vai depender da qualificação dos profissionais.
— No momento em que a situação do país é de redução dos juros, o desemprego está caindo e a economia está em recuperação, estamos otimistas. Claro que, neste período, no ano passado, foi ruim e a expectativa é de que tenhamos um dezembro melhor em vendas. Esse é um quadro que vem se desenhando desde setembro. O importante é não falar mais em crise, porque a crise já passou e essa perspectiva de Joinville segue a mesma tendência no restante do Estado — aponta ele.
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O impacto da recuperação da economia no mercado de trabalho também é apontado por uma sondagem da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio) de Santa Catarina. De acordo com a entidade, que entrevistou 398 empresários do comércio entre os dias 13 e 17 de outubro em sete cidades, entre elas Joinville, cerca de 38% das empresas catarinenses do setor pretendem contratar temporários.
A projeção é de que sejam criadas 2,5 mil vagas temporárias formais no comércio e 5,5 mil no segmento de serviços, com contratos por tempo determinado. A efetivação desses profissionais é vista como possibilidade para 80,1% dos empresários. Na temporada passada o número de contratações no período foi mais contido, segundo dados do Ministério do Trabalho, quando foram criadas 1.320 vagas no comércio e 4.786 nos serviços.
Pouco movimento desanima
Para os lojistas de Joinville, a tendência é de redução no número de contratações temporárias nos próximos quatro meses. Os comerciantes apontam a calmaria nas vendas como um dos principais motivos para esperar ou evitar um aumento no quadro de funcionários na temporada.
Em fase de teste na loja Léo Central Presentes, no Centro, a vendedora Isabel Solange Coleta, de 36 anos, sentiu dificuldade em conseguir uma vaga no comércio nos últimos meses. A paranaense mudou para Joinville há sete meses. Depois de diversas tentativas ela conseguiu entrar na experiência para uma vaga efetiva, a única aberta no período no estabelecimento.
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— Esse ano foi difícil conseguir uma oportunidade, agora é abraçar o trabalho, atender bem e fazer tudo que for possível para ficar — torce ela.
Rosangela Schatzmann, que trabalha há três anos no local, destaca que nos anos anteriores a demanda nos meses antecedentes ao Natal eram maiores e havia a contratação de dois a três funcionários novos, a maioria efetivada depois da temporada. Neste ano, no entanto, ainda não há perspectiva de contratar em razão do baixo movimento.
— Recebemos, em média, dez currículos por dia na loja, mas no momento não há novas vagas. Esperamos aumentar as vendas no fim de ano e, havendo necessidade, contratar serviços temporários.
A poucos metros do estabelecimento, nas imediações do Terminal Central, a Izza Calçados, que tradicionalmente também contratava de dois a três funcionários por contrato determinado, deve contratar apenas um em novembro. Segundo a vendedora Adriana Bezerra, que entrou como temporária e foi efetivada há oito anos, a decisão da empresa se deve ao movimento calmo em comparação com os anos anteriores.
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— Reduzimos a quantidade (de temporários) porque esse ano a realidade está bem diferente. Antigamente nessa época, os vendedores não venciam atender, tamanha era a quantidade de clientes comprando. Mesmo assim esperamos aumento de cerca de 10% nas vendas em dezembro e a intenção da loja é efetivar o vendedor que for contratado, mas tem que ter força de vontade — destaca.