A primeira etapa da seleção do programa Mais Médicos dá preferência aos profissionais brasileiros para trabalharem na atenção básica. Porém, se todas as vagas disponíveis não forem preenchidas, o programa prevê a seleção e contratação de profissionais estrangeiros para atuarem com exclusividade na rede pública, em municípios de difícil acesso ou em situação de vulnerabilidade.

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Para o coordenador do curso de Medicina da Universidade Regional de Blumenau (Furb), professor Humberto Rebello Narciso, a baixa procura dos médicos por cidades do interior é reflexo da grande oferta de vagas de trabalho, mas também considera que a cidade onde se vai trabalhar tem peso na decisão dos profissionais.

Apesar do aparente desinteresse dos médicos por trabalhar nas cidades do interior, o professor não acredita que a contratação de médicos de fora do Brasil seja uma solução. Para ele, também é preciso melhorar a infraestrutura, para que os profissionais tenham boas condições de aplicar a Medicina. Além disso, Narciso afirma que é necessário ter atenção à capacidade técnica dos profissionais estrangeiros.

– Assim como nós brasileiros queremos trabalhar em outro país, e somos bem recebidos lá, também temos que receber bem os médicos que vem para cá, mas desde que venham com capacidade. Sem qualidade não vai somar nada – aponta.

Professor e diretor do Centro de Ciências da UFSC, Sérgio Torres também destaca a necessidade do investimento em infraestrutura e lembra que a falta de médicos no interior já era uma constante. Com isso, o resultado das inscrições não foi uma surpresa, mostrou apenas números esperados, por não criar nenhum atributo que despertasse o interesse destes profissionais.

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– O maior obstáculo são as condições de trabalho nestes locais. Com a falta de infraestrutura, os médicos se sentem inseguros e por conta disso optam por cidades mais estruturadas.