Santa Catarina contratou no ano passado 23,1 mil jovens aprendizes. Em comparação com o ano de 2016, as empresas catarinenses ampliaram em 12,1% o número de vagas, dando oportunidade para mais 2,5 mil jovens catarinenses conquistarem um trabalho. No Brasil, foram 386,7 mil estudantes admitidos no Programa Jovem Aprendiz. Santa Catarina é o sexto Estado que mais contratou, atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná.

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Neste contexto, Florianópolis foi a cidade-polo catarinense que mais se destacou, com crescimento de 27,84% no número de contratações em 2017. Uma das jovens contratadas foi Sabrina Feltens,18 anos, que está prestes a completar um ano como jovem aprendiz na Softplan, empresa de Florianópolis desenvolvedora de softwares. Mas mesmo com o fim do contrato na área de recursos humanos, onde ajudava na divulgação de vagas e seleção de candidatos, Sabrina irá continuar na companhia, mas como estagiária e na área em que estuda: design gráfico. Ela conta que como não tinha experiência, foi fundamental começar como aprendiz e assim adquirir conhecimentos técnicos, ampliar sua visão sobre o mercado de trabalho e até aprimorar a capacidade de comunicação.

— Eu procurei uma empresa não só para ter um trabalho, mas para crescer, e isso já está acontecendo — diz a jovem, que já sonha com a efetivação.

Atualmente a Softplan possui seis vagas abertas e 11 jovens aprendizes contratados, em um total de 1450 colaboradores. Claudia Andrade Nakowiesky, coordenadora de atendimento e seleção do Centro de Integração Empresa Escola (Ciee) em Florianópolis, acredita que esse aumento na contratação de aprendizes está relacionado principalmente a dois fatores: fiscalização e informação. Ela defende que houve maior fiscalização pelo Ministério do Trabalho das empresas que devem, por lei, contratar os jovens, além de muitas companhias que passaram a conhecer o programa e se interessaram.

O diretor técnico do Senai/SC, Mauricio Cappra Pauletti, acrescenta que as empresas também começar a ver nestes jovens uma oportunidade de formar e contratar profissionais:

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— Tem aumentado a procura ano a ano do interesse das indústrias, dos jovens, e das famílias. Principalmente as que têm menor renda e se preocupam com a educação dos seus filhos e enxergam a possibilidade de se vincular com uma empresa e ter uma renda — reforça.

Só no Senai são cerca de 15 mil matrículas em cursos para jovens aprendizes por ano para atuar em torno de 2 mil indústrias. Desses alunos, cerca de 60% são contratados no final do contrato. O diretor de Políticas de Empregabilidade do Ministério do Trabalho, Higino Vieira Diretor, no entanto, reforça que ainda há grandes desafios para aumentar o número de contratações, o principal passa por convencer o empresariado que a aprendizagem não é um custo, é um investimento.

Habilidades socioemocionais são fundamentais

Como é uma oportunidade de entrar no mercado de trabalho e, em paralelo, conseguir aprender alguma atividade, é importante que os jovens estejam preparados para conquistar uma das vagas. Para isso, é importante ter interesse na área de atuação da empresa, conhecimento em informática e que seja proativo, afirma Claudia. Além disso, as ditas competências socioemocionais são muito valorizadas, como saber se comunicar, trabalhar em equipe, ser responsável:

— Além das competências técnicas, as empresas estão muito mais interessadas em identificar nestes jovens essas competências socioemocionais, porque o conhecimento técnico se adquire — resume Pauletti.

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Por outro lado, o trabalho das empresas também é complexo, já que precisam ajudar no aprendizado desses jovens. Para isso, por exemplo, precisam estabelecer um supervisor para auxiliar o adolescente.

— O jovem aprendiz é para ser desenvolvido dentro da empresa para ser um futuro profissional, não é uma mão de obra barata — pondera Claudia.

Criciúma tem crescimento de 15% no programa

Na maior cidade do Sul do Estado, em Criciúma, no comparativo entre os anos de 2017 e 2016, também é indicado um aumento nas contratações. Foram 107 novas vagas, crescimento de 15%. Para Graziela Martins Feliciano da Silva, coordenadora do programa no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Criciúma, os números refletem o quanto o programa traz benefícios para as empresas e para o mercado.

— Nós damos suporte para as empresas cumprirem a legislação da melhor forma, não somente cota por cota. O mercado leva a sério quem tem no currículo uma passagem pelo Jovem Aprendiz. Para a empresa, significa cumprir a legislação, mas pensando no lado humano, enquanto o jovem tem a capacidade desenvolvida para entrar no mercado — analisa.

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Os alunos que entram no programa pelo Senai em SC têm 1,2 mil horas de aulas teóricas e práticas, passam dois dias no curso e três na empresa. Hoje, o serviço de aprendizagem atende 18 empresas de Criciúma, com 12 turmas. Ao todo, são 700 alunos empregados na modalidade na cidade do Sul de SC. Outra vantagem de aliar trabalho e estudo é que boa parte dos participantes acabam sendo contratados ao final do programa.

Descoberta profissional

Entre as dezenas de contratados pela La Moda, indústria têxtil no Sul de SC, está Victória Karolayne Ponciano, 17 anos. Ela entrou no setor de exportação como aprendiz em novembro de 2016, e com pouco mais de um ano de atuação, foi efetivada. Cursando o terceiro ano do ensino médio, ela também aproveita a primeira oportunidade profissional para decidir o futuro. Foi ali que ela descobriu o Comércio Exterior, pós-graduação que pretende cursar depois da faculdade de Economia.

— Quando entrei não sabia que faculdade queria fazer, qual setor poderia ir, mas na exportação me descobri. Quando você chega no mercado de trabalho eles exigem experiência, e como aprendiz a gente adquire no primeiro emprego, todo treinamento é muito bem vindo, e qualifica para o mercado depois — projeta.

Victória quase deixou a empresa no final do ano passado, por motivos pessoais. Quando levou o assunto aos líderes, veio a surpresa: a equipe apostava nela, e queria que ela ficasse.

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Entenda como funciona o Jovem Aprendiz

A Lei do Aprendiz é do ano de 2000, mas começou a ser implantada apenas cinco anos depois. O programa contrata jovens de 14 a 24 anos como aprendiz, com carteira assinada e benefícios. O diferencial é que eles fazem cursos de qualificação profissional, pelo menos uma vez por semana, durante o período de contrato.

O Jovem Aprendiz é regido pela CLT, com carteira assinada e alguns benefícios como vale-transporte e auxílio alimentação, férias, 13º salário, entre outros.

Onde procurar vagas

O jovem que tem interesse em ser jovem aprendiz pode procurar o CIEE mais próximo (são 21 unidades em SC) ou pelo site com as vagas disponíveis aqui. Também pode procurar uma unidade Senai, no site ou pelo 0800 48 1212.

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