Os contos que – infalivelmente – iluminaram a imaginação e a fantasia de incontáveis gerações ainda sofrem na contemporaneidade a costumeira pergunta: “Mas ainda se deve ler ou contar os clássicos feéricos para crianças? Afinal, eles contribuem para a formação de leitores?”
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Independentemente da função que eles possam exercer para a formação de leitores (não foram criados com essa intenção), nossos inesquecíveis contos de fadas continuam presentes no nosso imaginário, a nos transportar para longe do aqui e do agora, com sua mágica enunciação “era uma vez, há muito, muito tempo, num reino muito distante…”
É o que basta para o ouvinte ou leitor: lá se vão para trás o tempo e o espaço atual. Não bastasse isso, fadas, bruxas, órfãos, reis, rainhas, princesas sonhadoras, donzelas desamparadas, madrastas más e príncipes valentes desfilam diante de olhos deslumbrados, representando – cada um a seu modo – sonhos, infortúnios, perdas, procuras, desejos, carências, consolo, respostas para aqueles que os enxergam pelos olhos de dentro, lendo ou ouvindo suas narrativas.
Eis aí a grande razão de continuarem tão presentes esses clássicos contos que a tradição oral preservou e que Charles Perrault e os Irmãos Grimm recolheram, perpetuando-os em livros.
Nada instiga mais o homem (independentemente de época, da geografia, da crença e do modo de estar no mundo) que os mistérios que envolvem o nascer, o crescer e o morrer de cada um dos leitores ou ouvintes das mágicas narrativas que nos chegam desde os remotos tempos dos antigos celtas. E é sobre esses mistérios que esses clássicos contos se debruçam, apontando alternativas para a compreensão das nossas dúvidas perenes.
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A contemporaneidade, por novos caminhos, tem trazido à tona personagens como o Lobo Mau, princesas desamparadas, rainhas más, bruxas falíveis, gatas borralheiras, adolescentes adormecidas ou sapos encantados, desconstruindo, invertendo, deslocando e/ou relativizando seu estar no mundo e os significados que os consagraram. Filmes como Shrek, Malévola, A Menina da Capa Vermelha, Caminhos da Floresta e outros tantos, assim como livros A Bela Desadormecida, O Príncipe que Bocejava, Uxa, Ora Fada, Ora Bruxa, O Príncipe Sapo: Continuação e outros mais têm, na verdade, levado seus leitores a buscarem os contos originais que motivaram essas obras marcadas pela pós-modernidade.
Isso, sem dúvida, comprova que – não importando o caminho utilizado – os contos de fadas se farão presentes sempre: como mote para novas criações, como consolo para nossas angústias, como aporte para nossa imaginação, nos fazendo leitores. Sempre! E isso não implica idade, mas o nível de busca, tenha ela a razão que for. Daí a contribuir, com certeza, para a formação de leitores mais competentes e mais conscientes.
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