Desde a pré-história até os tempos atuais, nos mirantes a oeste, o sol se tornou cenário de uma inexplicável contemplação. O astro sempre emociona a plateia em seu ato final, ao entardecer, quando recebe tratamento de cores exclusivo para o inverno, confirma a ciência.

Continua depois da publicidade

Para assistir a este espetáculo à beira- mar, há poucas arquibancadas espalhadas pela costa brasileira. Alguns destes raros recantos estão no litoral de Santa Catarina. Um deles está em Santo Antônio de Lisboa, no Norte da Ilha, uma das primeiras comunidades de Florianópolis.

Santo Antônio de Lisboa, em Florianópolis

A cada fim de tarde, a aquarela crepuscular dá o tom a uma tela impressionista, composta por dezenas de barcos de pesca artesanal no primeiro plano e a Ponte Hercílio Luz ao fundo da baía. O colorido do casario açoriano – algumas edificações são do século 18 – se destaca ainda mais neste momento do dia.

Continua depois da publicidade

Com o privilegiado entardecer, Santo Antônio conquista quem procura natureza, sossego e culinária típica. As bucólicas vielas remetem à antiga freguesia e conduzem por uma das principais rotas gastronômicas da cidade. Frutos do mar ofertados nos cardápios locais vêm das águas da baía. Há desde restaurantes com pratos ao preço de três dígitos até bares com cervejinha gelada, petiscos e samba ao vivo, perfeitos para uma happy hour.

Ribeirão da Ilha, em Florianópolis

Ao Sul, o Ribeirão da Ilha é a referência para assistir ao pôr do sol. O local foi colonizado por açorianos na mesma época que Santo Antônio de Lisboa. Por isso, a tranquilidade, o casario e os pratos à base de ostra se repetem no bairro. Trapiches levam os visitantes para assistir dentro do mar o sol se esconder atrás dos morros.

A região continental também tem sua janela especial. Os bancos sob as árvores na prainha do Bairro Bom Abrigo costuma reunir amigos para uma conversa sem pauta enquanto a tarde cai. Depois, o bate-papo segue nos bares à beira- mar.

Continua depois da publicidade

Bairro Bom Abrigo, em Florianópolis

No Litoral Norte, Bombinhas, Penha e Porto Belo são outros lugares no Estado com o mar e o pôr do sol no mesmo enquadramento. Estas praias diferenciadas são as queridinhas dos casais para o cenário do álbum de casamento. E no inverno, as cores das fotos ganham mais vida. Os raios solares incidem mais perpendiculares no hemisfério sul, esclarece a astronomia. Por isso, a luz passa por um ” filtro” maior na atmosfera, o que potencializa a definição das cores.

Porto Belo, no Litoral Norte de Santa Catarina

José Geraldo Mattos, 55 anos, economista de profissão e fotógrafo por paixão, há três décadas aponta suas lentes para o anoitecer e comprova na prática a explicação científica, ao perceber mais contraste nas cores do que no verão. Desde criança, ele traz uma admiração pelo céu, principalmente, nas estrelas e no entardecer, protagonistas da maioria de seus registros.

– Acho que essa nossa admiração pelo pôr do sol vem do significado de continuidade da vida, da esperança do amanhã. Às vezes, seu tamanho e sua beleza ajudam a ver como os problemas são pequenos, porque tendemos a potencializá- los. As noites mais escuras são outra característica do inverno. Isso facilita a observação das estrelas.

Continua depois da publicidade

Clique de José Geraldo Mattos

No Planetário da Universidade Federal de Santa Catarina ( Ufsc), é possível admirá- las e entendê- las detalhadamente.

Dicas para fotografar o pôr do sol:

– Dias com um pouco de nevoa facilitam para fazer o contorno inteiro do sol com uma coloração mais avermelhada

– Tente posicionar o sol no contexto da paisagem, colocando-o nos cantos da foto

– Para criar um efeito de silhueta, coloque a pessoa entre a câmera e o sol

– Nos celulares e câmeras amadoras que já permitem controle manual, diminua a entrada de luz para evitar o branco total nas áreas mais claras

Continua depois da publicidade

Fonte: José Geraldo Mattos