Algumas semanas antes da anual passagem das tainhas por Governador Celso Ramos, no litoral da Grande Florianópolis, pescadores artesanais da cidade costumam se juntar, coletar materiais de construção e improvisar “ranchos” de madeira na praia. Os barracões duram até o fim da temporada, quando são desmontados pelos próprios pescadores.

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Neste ano, o município atendeu a um antigo pedido de quem vive do ofício e evitou o tradicional monta-e-desmonta: três contêineres foram alugados e deixados à disposição dos pescadores, até julho, na Praia Grande e em Palmas.

(Foto: Jessé Giotti/Agência RBS)

Fotos: Jessé Giotti/Agência RBS

O trabalho na pesca é bastante imprevisível, dependendo de fatores que vão das mudanças climáticas aos prejuízos causados pela atividade industrial. O peixe aparece a qualquer momento e, por isso, um espaço de vigília é indispensável para quem fica atento diariamente entre 6h e 18h.

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– Temos que ficar de prontidão na praia para não perdermos as melhores chances. Há um olheiro observando o mar, mas sem um espaço próprio, tínhamos que sair correndo atrás dos equipamentos quando recebíamos algum sinal – conta Márcio José Medeiros, pescador de tainhas durante a temporada e de outros peixes no resto do ano.

Como as construções em alvenaria na praia ou em áreas de restinga são proibidas pela legislação ambiental, a saída era levantar as casinhas de madeira – só para botá-las ao chão dois meses depois.

A intenção do projeto Rede ao Mar, da secretaria de Aquicultura, Pesca e Agricultura, é impedir que empecilhos como a falta de estrutura tornem a atividade inviável. Segundo o secretário Gil Marcos dos Santos, os espaços permanecem nas praias até o dia 15 de julho.

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– É uma proposta muito barata para a prefeitura, mas que encerrou um transtorno antigo para os pescadores. Quem trabalha com a pesca artesanal não precisa de obras grandiosas e sim de iniciativas precisas.

(Foto: Jessé Giotti/Agência RBS)

A prefeitura também havia anunciado a instalação de banheiros móveis junto às estruturas, mas o custo elevado (o aluguel das toaletes sairia mais caro que o dos próprios contêineres) acabou deixando a ideia em suspenso até, pelo menos, a semana que vem.

Mesmo assim, os usuários destes espaços estão bastante empolgados. Para transformar uma estrutura vazia e metálica em um belo rancho portátil, os pescadores precisam apenas esticar lonas para montar a cobertura e levar fogões, louças, televisão ou qualquer item que queiram.

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– Os contêineres são praticamente casas, com luz elétrica dentro, pia para lavar louça e tudo. Pedimos ajuda para a prefeitura todos os anos e já nem achávamos que ia dar certo. Quando começávamos a nos juntar para montar os barracões novamente, ficamos sabendo da novidade – comemora o pescador Medeiros.

(Foto: Jessé Giotti/Agência RBS)