Um relatório divulgado nesta semana pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) aponta que a contaminação por agrotóxicos em áreas rurais aumentou quase 10 vezes no primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Segundo a organização, o número de casos foi de 19, em 2023, para 182 neste ano. As informações são do g1.
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A informação é parte de um documento divulgado pela CPT, que é ligada à igreja católica e divulga informações sobre conflitos agrários desde 1985. Os dados se referem a ocorrências no primeiro semestre de 2024 e abrangem também estatísticas sobre outros temas, como trabalho escravo.
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Veja o número de contaminações por ano
- 2015: 6 casos
- 2016: 6 casos
- 2017: 8 casos
- 2018: 12 casos
- 2019: 10 casos
- 2020: 16 casos
- 2021: 25 casos
- 2022: 20 casos
- 2023: 19 casos
- 2024: 182 casos
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Crescimento de denúncias
À reportagem do portal g1, Ronilson Costa, da coordenação da CPT, disse que um dos fatores que explicam o aumento dos casos de contaminação registrados é o crescimento das denúncias feitas pelas comunidades afetadas pelo problema.
Ele também destacou que a expansão de áreas que cultivam soja, milho e algodão, principalmente no Maranhão, onde se concentra a maioria dos casos (156), também contribuiu com este cenário.
Costa também destaca que, entre março e maio, ocorre um aumento na pulverização aérea (aplicação de produtos químicos em áreas agrícolas por meio de aviões ou drones) na região do Matopiba. Essa área, que inclui partes dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, é uma importante produtora de soja no Brasil.
Ele menciona que há comunidades que sofrem com esse problema há anos e já fizeram várias denúncias. Portanto, de acordo com o coordenador, é impossível afirmar que fazendeiros e empresários que utilizam esses produtos não estejam cientes dos riscos.
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Outros dados do relatório
O relatório da CPT também apontou que, após três anos consecutivos de crescimento, o número de casos de trabalho escravo diminuiu em relação ao primeiro semestre de 2023. Este ano foram registrados 59 casos, resultando no resgate de 441 trabalhadores rurais, comparados aos 98 casos e 1.395 pessoas resgatadas no ano anterior.
No recorte estadual, Minas Gerais teve mais casos de trabalho escravo (20). No entanto, no ranking geral de trabalhadores resgatados em condições análogas à escravidão, foi o Amazonas.
Além disso, no primeiro semestre de 2024, houve uma redução no número de conflitos no campo em comparação ao ano anterior, diminuindo de 1.127 para 1.056. No entanto, esse número ainda é maior do que os registros dos primeiros semestres de 2015 a 2022. Das 1.056 ocorrências, 872 foram conflitos pela terra, 125 foram disputas pela água e 59 casos foram de trabalho escravo.
O documento mostrou que as comunidades tradicionais que ainda não têm a titulação da terra foram as maiores vítimas dos conflitos por terra, com 235 casos. Os indígenas, que haviam sido os principais alvos em 2023, ficaram em segundo lugar (220 casos), seguido por quilombolas (116) e sem-terra (92).
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Já com relação aos causadores das violências, os fazendeiros ficaram em primeiro lugar, com 339 ocorrências registradas. Na sequência vêm empresários (137), governo federal (88), governo estadual (44) e grileiros (33).
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