Os catarinenses têm se mostrado mais conscientes quanto ao desperdício de água em relação aos brasileiros como um todo. No Estado, cada pessoa gasta diariamente cerca de 153 litros de água, 47 a menos que a média geral do país – 200 litros de água por dia. Ainda assim, Santa Catarina está longe de cumprir a orientação da Organização das Nações Unidas (ONU), que indica que o consumo de 110 litros de água por dia para as necessidades de consumo e higiene é suficiente. Os dados levantados pelo Instituto Trata Brasil mostram que todos devem tomar medidas no dia a dia para uso racional do líquido.

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A pesquisadora de abastecimento de água da Universidade do Vale do Itajaí, Tânia Pedrelli, enumera fatores que influenciam no consumo acima da média.

— Um deles é o poder aquisitivo que, quanto maior, mais elevado é o consumo. Há cidades no Brasil onde o consumo médio por dia chega a 400 litros. O clima também interfere, porque em lugares mais frios, como na Europa, se consome menos — avalia.

Para a professora, o banho e a lavação de roupas são os vilões da conta de água. Ela explica que o desperdício costuma ser maior em condomínios:

— Aqui em Balneário Camboriú há muitos prédios. Nos mais antigos, só existe um medidor de vazão, que é o hidrômetro de chegada. Esse sistema abastece todos os apartamentos é aí é feito o rateio. Aí as pessoas relaxam. Mesmo quem não consome muito, acaba pagando. Isso está mudando nas construções novas, onde há a exigência por um hidrômetro individual — comenta.

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“Redução de perdas mais significativas ajudariam ainda mais as empresas a terem recursos para a expansão do atendimento em água potável, mas também da ampliação das redes de esgoto e seu tratamento”, concluem no estudo Perdas de água: entraves ao avanço do saneamento básico e riscos de agravamento à escassez hídrica no Brasil.

Presente em 197 municípios catarinenses (67% do Estado), a Companhia de Águas e Saneamento (Casan) apresenta dois indicadores sobre o assunto. O primeiro está relacionado às perdas físicas, ocasionadas por rompimento de rede por exemplo, e está estimado pela própria estatal em 24%. Já o segundo diz respeito às perdas comerciais, representados pelas ligações irregulares ou unidades consumidoras situadas em áreas de vulnerabilidade social, que correspondem a 14% do total das perdas.

Somados os índices, a Casan tem 38% de perdas totais de água, valor ligeiramente maior que a média nacional cravada em 37% pelo Ministério das Cidades em 2013. A coordenadora da comissão de gestão de perdas de água da companhia, engenheira Andréia May, defende que os números acompanham padrões nacional e internacional e também lembra do esforço em diminuir os indicadores que, recentemente, caíram 0,67%.

— Alguns vazamentos afloram à superfície, mas em boa parte são subterrâneos. Aí tem que se usar métodos de escuta para identificar — diz.

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Apesar de não informar o prejuízo das perdas de água em reais, a Casan diz que já tomou uma série de medidas como substituir relógios de medição, trocar rede e instalar medidores de alta precisão nas estações de tratamento de água e nos reservatórios.