O programa de trainee, adotado por empresas de todo o País, representa uma das principais portas de entrada para quem quer seguir a carreira de liderança em uma corporação. A oportunidade é cobiçada pelos jovens, que se submetem a maratonas de entrevistas, testes e dinâmicas, muitas vezes em diferentes companhias ao mesmo tempo.

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A disputa se justifica. Dependendo do programa, ao final dele, o profissional efetivado terá conseguido um atalho de aproximadamente seis anos na carreira. É o que afirma Sofia Esteves, há duas décadas trabalhando diariamente com a seleção e gestão de pessoas.

As empresas DMRH e Cia. de Talentos, das quais Sofia é fundadora, chega a ter contato com 1 milhão de jovens que participam de processos seletivos para as mais diferentes empresas no Brasil. Depois de tantos anos de prática e estudos sobre competências comportamentais, a especialista conclui que não adianta estudar em uma faculdade de ponta e ter um nível avançado em idiomas se o profissional não aderir aos valores da empresa.

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Para ilustrar, ela cita dois perfis bem distintos: o Google e uma fábrica de turbinas. Nesta última, o ciclo de desenvolvimento de produto é mais profundo, enquanto que o primeiro trabalha com versões beta, colocando a solução rapidamente na rua.

O profissional precisa entender onde seu perfil se encaixa melhor e, para isso, o autoconhecimento é fundamental, segundo a consultora. Nesta entrevista ao Negócios & Cia., concedida durante o lançamento do Programa Jovens Talentos de sua cliente Whirlpool Latin America, a consultora apresenta este e outros aspectos-chave que norteiam o processo de seleção. Confira:

Autoconhecimento

– Um dos grandes desafios dos jovens é buscar o autoconhecimento e eles podem fazer isso por meio de várias coisas do dia a dia, desde perceber quais são as brincadeiras e atividades que desenvolvem desde pequenos e que mais lhes trazem prazer, até uma coisa muito simples que é perguntar para os seus melhores amigos que atividades eles os chamariam para fazer junto (pode ser ir para uma balada, fazer um trabalho de escola, consertar alguma coisa), e para quais atividade eles nunca os chamariam.

Normalmente, o jovem vai coletar com pessoas diferentes aquilo que ele percebe como seu diferencial. Passamos de um mundo no qual olhava-se só as fraquezas das pessoas para o de buscar as fortalezas. Se o jovem conversar com a família e amigos, vai obter alguns insights. Alguns, talvez, ele goste de ouvir e outros não. Faz parte para entender que imagens ele passa para as pessoas e trabalhar cada uma das questões que as pessoas lhe trazem.

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Erros que podem desclassificar

– Quando o candidato, de alguma maneira, não é consistente entre suas atitudes e o que coloca nas perguntas e respostas durante o processo seletivo, isso pode atrapalhar. São várias etapas e se ele não está sendo verdadeiro, mostrando o que é, uma hora a máscara vai cair e a gente, perceber. Então, a primeira armadilha é querer aparentar uma coisa que você não é. Isso desclassifica imediatamente o candidato. Ou vir com uma postura de que “eu sou o melhor” e tentar destruir os colegas que estão participando da dinâmica de grupo.

As empresas observam este ponto. Se ele faz isso com os colegas que estão participando do processo, vai fazer isso no dia a dia com competição desleal. Por isso, o autoconhecimento é tão importante. Se você não tem a clareza do que busca, de quem você é e de qual empresa se trata para haver coerência e um processo seletivo dos dois lados, não vai dar certo.

Como saber se a empresa é a certa para o candidato

– A primeira coisa que eu digo para o jovem quando ele está na fase de se inscrever para um programa de estágio ou de trainee é ler a homepage da empresa, buscar informação, olhar se aquela empresa tem a ver com os valores de vida dele. Pesquise, busque pessoas que estagiaram ou trabalharam nessa empresa, olhe na internet o que a empresa faz. Às vezes, chegam jovens para o processo seletivo que nos perguntam qual é o produto da empresa.

Se ele vem tão despreparado, a gente se questiona se está querendo uma carreira ou um emprego, pois vemos bastante diferença nas duas coisas. A armadilha para o jovem é, na ansiedade de arrumar o seu primeiro emprego, candidatar-se a um monte de coisa sem a preocupação de ler se aquele perfil, se o que a empresa está buscando, tem a ver com ele.

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