A consulta pública criada pelo Ministério da Saúde para a população opinar sobre a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra Covid-19 abriu nesta sexta-feira (24) e já gera polêmica. Usuários relataram falhas na plataforma e mostraram preocupação sobre a falta de segurança dos dados enviados no formulário.

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Em menos de três horas no ar, os usuários relataram que conseguiram preencher o cadastro e responder às 19 questões, mas não enviá-las. O sistema do ministério dava a seguinte mensagem: “O número máximo de pessoas já respondeu a este formulário”. 

Alguns minutos após as reclamações, o Ministério da Saúde abriu um segundo questionário, para que as perguntas pudessem ser aceitas. 

Outro problema relatado por internautas e especialistas em segurança digital é a falta de proteção dos dados enviados no formulário. Por exemplo, a plataforma não tem captcha ou mecanismo equivalente antifraude e também não tem validação de CPF. Ou seja, a pessoa pode utilizar um número inválido para responder à pesquisa. 

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— Você coloca qualquer coisa no campo de CPF e, ao que tudo indica, o sistema registra como resposta válida. Isso é um problemão, porque a maneira correta pra indicar cada cidadão é colocar a validação de CPF, como quando você faz compra pela internet. Isso pode gerar dados não genuínos — explica Thássius Veloso, analista de tecnologia da Globo News.

Além disso, a consulta não tem termos de guarda e tratamento dos dados, dispostos da Lei Geração de Proteção de Dados (LGPD).

Médicos dizem que consulta pública é desnecessária

O ministro Marcelo Queiroga afirmou que a imunização seria recomendada, com o imunizante da Pfizer que já foi autorizado pela Anvisa, desde que mediante a apresentação de prescrição médica e consentimento dos pais. Com isso, o Ministério da Saúde criou a consulta pública para a população opinar sobre o tema, mas especialistas dizem que ela é desnecessária.

Associação Médica Brasileira afirmou que é a favor da incorporação de crianças de 5 a 11 anos na campanha nacional de vacinação, após aprovação da Anvisa. 

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“A chegada de uma nova variante como a Ômicron, com maior transmissibilidade, faz das crianças (ainda não vacinadas) um grupo com maior risco de infecção, conforme vem sendo observado em outros países onde houve transmissão comunitária desta variante. Neste contexto epidemiológico, torna-se oportuno e urgente ampliarmos o benefício da vacinação a este grupo etário”, disse em nota. 

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A Associação Brasileira de Pediatria (ABP) afirmou, em nota, que, “ao contrário do que afirmou recentemente o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o número de hospitalizações e de mortes motivadas pela Covid-19 na população pediátrica, de forma geral, incluindo o grupo de crianças de 5-11 anos, não está em patamares aceitáveis. Infelizmente, as taxas de mortalidade e de letalidade em crianças no Brasil estão entre as mais altas do mundo.”

O Consórcio Conectar, que reúne dois mil Prefeitos do Brasil, sugerem a revogação da consulta pública e a definição do cronograma para início da vacinação do público infantil.

“A contenção da Covid-19 e suas variantes é de extrema importância para crianças e jovens, especialmente neste período de intensificação dos encontros familiares e trajetos interestaduais. Tendo ainda em vista o cumprimento do calendário escolar e todo impacto já causado na educação por dois anos de pandemia, o Conectar reitera a necessidade imediata de inserção do público infantil no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19 (PNO)”, disse em nota Gean Loureiro, presidente do consórsio e prefeito de Florianópolis.

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*Com informações do G1 e Folhapress

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