Os chapéus de alemão já estão guardados no armário há um bom tempo, mas as lembranças dos tempos em que Joinville corria atrás do choppwagen e pelas ruas todos pareciam se conhecer ainda fazem Alberto Holderegger suspirar: um pouco de saudade, um pouco de satisfação por já terem passado.
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Aos 65 anos, ele ainda não sabe ficar parado, mas a maratona que enfrentava nos anos 80 e 90 para promover a Fenachopp e outras festas da região seria bem mais difícil hoje em dia. Alberto foi o Fritz de Joinville durante os 16 anos da comemoração joinvilense que abria as festas de outubro em Santa Catarina – e mais um pouco em outras festas depois que a Fenachopp acabou.
Mas ser Fritz não era a única atividade que faz de Alberto uma pessoa que sempre viveu um pouco além da rotina normal de advogado. O brusquense que mudou aos cinco anos para Joinville sempre gostou de trabalhar e ajudar, mesmo quando isso se tratava das tarefas domésticas que dividia com o irmão mais velho, Mário, na casa da família.
– Como todas as crianças da época, nós que cuidávamos da horta, do galinheiro, limpávamos até as valas das ruas – e, nos dias de chuva, brincávamos dentro delas – lembra ele.
Tudo isso enquanto o pai, o torneiro-mecânico Willy, trabalhava em um galpão na rua Araranguá, construindo um eletrodoméstico que só começou a aparecer em Joinville por causa dele: a geladeira.
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Alberto cresceu acostumado a brincar entre as geladeiras na linha de produção da Cônsul e, ao chegar na juventude, ganhou função dentro da empresa. Começou a trabalhar no setor de qualidade e, depois de formado, assumiu o setor jurídico. Foi ali também que conheceu a mulher da sua vida.
– Eu passava de moto e via a Heidy da janela, trabalhando lá dentro – confessa.
Logo virou namoro, que nem mesmo o serviço militar em Brasília atrapalhou: com ela trocou correspondências, casou e teve filhos e é com ela que agora assiste aos três netos crescerem.
Talvez Júlia, Guilherme e Gustavo um dia caíam na gargalhada se encontrarem as fotos e vídeos do avô vestido à caráter como Fritz, mas o personagem era trabalho sério. Alberto já nutria paixões bem fortes pelos elementos que as festas de outubro reforçam quando foi convidado para assumir o papel.
– Eu fazia a abertura da festa, cantava o hino nacional, participava da organização e viajava pelo País… Fazia de tudo para divulgar a região – lembra.
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Fazer festa é uma das especialidades de Alberto. Além de animar a Fenachopp, ele também esteve à frente da diretoria da Liga das Sociedades e ainda participa da diretoria do Clube Ginásticos.
Mas o que ele faz de melhor e com mais paixão, provavelmente, é cantar: tem até um disco solo lançado, além das gravações com os grupos de música tradicional e harmônica. No escritório do consulado da Suíça – outra função que acumulou ao longo dos anos, – ele tem três violões.
– Às vezes, no meio do trabalho, consigo relaxar dedilhando o violão – conta.