Em entrevista por telefone a Zero Hora, na manhã desta segunda-feira, o cônsul honorário da Rússia em Porto Alegre, Fernando Gianuca Sampaio, afirmou que já sabia da existência de monitoramento de suas atividades por parte da Agência Brasileira de Informações (Abin).

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Demonstrando naturalidade diante da revelação, feita pelo jornal Folha de S.Paulo, de que fora alvo de vigilância por autoridades brasileiras, ele afirmou que os russos “estão acostumadíssimos com isso”. Nascido no Rio de Janeiro, 69 anos, Sampaio é professor, jornalista e reitor da Escola Superior de Geopolítica e Estratégia de Porto Alegre. A seguir, uma síntese da entrevista:

Zero Hora – O senhor ficou sabendo por intermédio do jornal Folha de S.Paulo a respeito da existência dessas operações?

Fernando Gianuca Sampaio – Não, não. Isso já é conhecido.

ZH – O senhor sabia disso desde quando?

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Sampaio – Há bastantes anos.

ZH – Quem foi a fonte? Como o senhor ficou sabendo?

Sampaio – Nós temos uma Escola de Geopolítica e Estratégia, não sei se você sabe.

ZH – Sim.

Sampaio – Pois é. Por essa… Através de contatos da escola.

ZH – Essa Escola de Geopolítica e Estratégia funciona aqui em Porto Alegre?

Sampaio – É, aqui em Porto Alegre, é.

ZH – O senhor, quando ficou sabendo disso, tomou algum tipo de providência em caráter oficial?

Sampaio – Não, não. Isso é normal. Faz parte da vida, né?

ZH – No caso, a normalidade é estranha pelo fato de o senhor ser cidadão brasileiro e cumprir uma função que tem caráter público.

Sampaio – Sim, sim, claro. Mas acontece que espionagem é uma coisa normal, né? A coleta de informações faz parte da vida. Não há nada de extraordinário nisso.

ZH – O senhor acredita que a existência dessas operações possa afetar as relações entre Brasil e Rússia?

Sampaio – Não, não. Isso é normal. Tem que ver que o coronel Putin é um homem da inteligência russa, né? Estão acostumadíssimos com isso, não há nada demais.

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ZH – Na condição de integrante do sistema consular russo, o senhor pretende tomar alguma atitude?

Sampaio – Não, não. Não. Nem se toma conhecimento disso, meu jovem. Nem embaixador me ligou, nem nada.

ZH – E o senhor pretende fazer contato com o embaixador?

Sampaio – Não, nós sempre fazemos contato, mas sobre isso não tem o que falar. É tão bobo isso, meu jovem.