Dois anos após o terremoto que sacudiu o Haiti, os olhos que presenciaram cenas de morte e destruição enchem-se, pela primeira vez, de esperança. Contratados pela Inbrasul Construtora e Incorporadora, 17 haitianos, vindos do Acre, uma das portas de entrada dos imigrantes no Brasil, desembarcaram na noite de segunda-feira em Navegantes com carteira assinada e a promessa de uma nova vida.

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A empresa ofereceu, além do salário a partir de R$ 950, dependendo da função, teto e alimentação. Em troca, os trabalhadores se dispuseram a aprender. Diretor da construtora, Alexandre Dias diz que, embora os contratados já tenham experiência em obras, o modo de construir no Haiti é diferente do usado no Brasil. Há ainda a barreira da língua. Alguns se comunicam em espanhol, mas a maioria fala o dialeto crioulo e o francês, língua oficial do país.

A oportunidade era tudo que o pedreiro Thermilus Sylasse, 30 anos, esperava para se reerguer. Morador de Porto Príncipe, a capital do Haiti e o local mais devastado pelo tremor, ele viu, em janeiro de 2010, carros, construções e gente serem engolidos pela terra. Perdeu amigos, uma tia e o emprego. Desde então, vivia sob uma lona. Realidade que, conta ele, é comum a muitos dos compatriotas.

A decisão de vir ao Brasil foi muito pensada. Sylasse vendeu tudo o que lhe restava e juntou US$ 2 mil para a viagem. Deixou a mulher e o filho pequeno em busca de uma renda que possa ajudar no sustento dos dois.

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– Tive que sacrificar a mim e a minha família. Estou ansioso para começar a trabalhar, para poder mandar dinheiro para o Haiti -conta, esperançoso.

É este também o pensamento de Josias Mirvil, 33, que tem a companhia da mulher, Genica, na vida nova. Na bagagem vieram os poucos pertences do casal. No coração, a saudade dos filhos, uma menina e dois meninos, com quem não falam há três meses, nem por telefone.

– Me sinto mal de estar sem meus filhos, minha mulher chora a falta deles. Espero ficar bem para poder trazê-los para cá – revela.

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