Por meio de um ofício, a Criciúma Construções, do Sul do Estado, comunicou que no dia 31 de outubro demitirá todos os seus funcionários, ao todo 400, por não ter recursos financeiros para arcar com o pagamento dos salários. O comunicado aconteceu na manhã desta sexta-feira, em uma assembleia no Sindicato dos Trabalhadores de Construção Civil.

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A falta de recursos já causou inúmeros problemas com consumidores, que na manhã desta sexta-feira protestaram mais uma vez por não ter seus problemas resolvidos. No total, são quase 9 mil lesados, entre imóveis que foram pagos e tiveram os prazos atrasados ou nem começaram a ser construídos pela empresa.

– A empresa não vinha pagando os salários, a maioria do pessoal de obra não recebia pontualmente e os demitidos não recebiam a rescisão do contrato de trabalho. A gente lamenta, as famílias estão sofrendo mais uma vez – disse o presidente do sindicato da categoria, Itaci de Sá.

A empresa observou que não tem condições de pagar rescisões contratuais e recomendou que a liberação imediata do seguro desemprego e do FGTS dos trabalhadores. A situação está tão complicada que a construtora deixou de fazer os depósitos do FGTS em abril.

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No ofício, lido pelo advogado da construtora durante a assembleia, a empresa incluiu que não pretende esconder as dificuldades financeiras e que tem feito assembleias com os credores, mais de 9 mil lesados pela empresa, para cada empreendimento em construção, além de colocá-los a par da situação.

Assinado pelo proprietário, Rogério Cizeski, o documento acrescenta estarem abertos a negociações e à disposição para repassar informações.

O Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina acompanhará a questão para garantir que as verbas e os direitos trabalhistas dos funcionários.

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– Atuaremos como fiscal da lei, no primeiro momento para liberar o FGTS e, no prazo mais razoável possível, também obter a garantia dessa dívida a partir de um apoio da empresa, que parece de certa forma interessada em controlar esse impasse – disse o procurador Luciano Leivas.

O MP-SC fará uma investigação de todo o patrimônio da empresa para garantir o crédito trabalhista, além de fiscalizar para que sejam tratados com a preferência que a lei dá. Além dos trabalhadores, Leivas acredita que a construtora tem dívidas com fornecedores.

Protesto

Um grupo de credores lesados pela empresa, que acumula mais de 92 imóveis atrasados em 17 cidades de Santa Catarina e três do Rio Grande do Sul, protestaram em frente à sede da construtora na manhã desta sexta-feira.

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– Nosso objetivo é tentar chamar a atenção da Justiça, pra que eles tomem uma providência. A gente não está vendo nada ser feito. Não é possível que uma pessoa que cometeu um crime, como ele cometeu (Rogério Cizeski, proprietário da construtora), esteja à solta usufruindo do dinheiro de todas as pessoas que estão aqui e ficaram a vida toda trabalhando para comprar seu primeiro imóvel – afirma o vendedor Marcos Marcon.

A construtora permaneceu de portões fechados enquanto acontecia a manifestação. O trânsito na Rodovia Luiz Rosso chegou a ser interrompido por alguns minutos em função da movimentação do protesto.

Os credores protestaram também em frente à casa de Rogério Cizeski, que não estava presente, e deixaram sua indignação registrada com cartazes e escritos no muro de vidro da residência do empresário.

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Um grupo foi formado em maio por pessoas de Criciúma que foram prejudicadas pela empresa e se organizaram para tomar providências, buscar justiça e tentar buscar soluções para sanar os prejuízos causados pela empresa.

Cidades com empreendimentos atrasados

Entre as cidades em que consumidores foram lesados, e tiveram a entrega de seus imóveis atrasadas, estão Balneário Rincão, Criciúma, Cocal do Sul, Forquilhinha, Içara, Jaraguá do Sul, Joinville, Meleiro, Morro da Fumaça, Rio do Sul, Siderópolis, Tubarão, Orleans, Florianópolis, Itajaí, Laguna e Chapecó em Santa Catarina.

No Rio Grande do Sul, as cidades foram Canoas, Gravataí e Novo Hamburgo.