O setor da construção civil em Joinville está aquecido mesmo em tempos de crise econômica. Um dos fatores que tem colaborado para manter o volume de obras em alta é o crescimento do número de construções de pequeno e médio porte nos bairros da periferia. A constatação é do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) de Joinville, Vanderlei Buffon.
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– As grandes incorporadoras, responsáveis pelos empreendimentos de maior porte no Centro, colocaram o pé no freio em 2015. Estão mais cautelosas e estudando o momento econômico. Isso abriu oportunidades para que os empreendedores independentes encontrassem espaço para expandirem os seus negócios – explica Buffon.
Conforme o Sinduscon, de janeiro a julho deste ano, 1.074 licenças foram emitidas pela Secretaria de Meio Ambiente, órgão responsável por autorizar as obras, o que dá uma média de 153,4 licenças por mês. No ano passado inteiro, a média ficou em 175,9 licenças por mês.
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Apesar de os números mostrarem uma queda, o resultado anima o presidente do Sinduscon. De acordo com ele, a área total construída em 2015 – 570 mil metros quadrados -, está muito próxima dos 589 mil metros quadrados registrados no mesmo período de 2014. Outro fator importante diz respeito ao comportamento do mercado. Os clientes estão migrando para bairros mais afastados do Centro e optando pelos geminados.
– Antes, a pessoa tinha um terreno e construía uma residência. Agora, ela constrói três ou quatro geminados no mesmo terreno e escolhe se vai vender, alugar ou morar ali mesmo. Não é à toa que os geminados se tornaram tão populares nos bairros – diz Buffon.
Essa tendência do mercado em Joinville tem ganhado força com o ingresso de pequenos investidores, que apostam no negócio hiperlocal e reforçam o aquecimento da construção civil de pequeno e médio porte nos bairros. É o que o setor chama de “nova classe média”, clientes que buscam a compra de imóveis com valores entre R$ 100 mil e R$ 200 mil.
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– Esses imóveis são apenas um começo. Depois, o consumidor vai procurar uma casa maior e com mais espaço – destaca o presidente do Sinduscon.
De olho na classe média
Em Joinville, independentemente do bairro em que se vive, não é preciso caminhar muito para se deparar com a construção de uma obra. Geminados, casas novas, prédios pequenos, grandes e centros comerciais cortam a paisagem da cidade para onde quer que se olhe. A prática de ceder um terreno grande para a construção de geminados e ficar com um deles como forma de pagamento é cada vez mais comum.
– Esses construtores estão em ritmo mais acelerado por causa da Lei de Ordenamento Territorial (LOT). Ela (a lei) vai mudar algumas coisas e impor novos limites. Então, as pessoas estão se agilizando para que a aprovação do texto final não barre nenhuma obra pela metade – diz o presidente do Sinduscon de Joinville, Vanderlei Buffon.
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Como a liberação de licenças ambientais para empreendimentos de pequeno e médio porte tem um prazo burocrático mais curto do que as obras de grande porte, investir na construção de prédios menores foi a escolha do empresário Valdir Asquel, que ingressou no mercado há dois anos e é responsável por quatro empreendimentos diferentes no bairro Petrópolis, na zona Sul de Joinville.
– A grande vantagem de se investir na construção civil em regiões mais afastadas do Centro da cidade é que o preço não fica muito elevado. Por isso, a procura é alta. Tão logo a obra fica pronta, os apartamentos são vendidos e não dá nem tempo de ter prejuízo – diz Asquel.
Para ele, que além de tocar o negócio, gosta de ajudar nos canteiros de obras, a aposta da vez são apartamentos menores, com dimensões que variam entre 60 e 80 metros quadrados. Segundo Asquel, a procura tem sido alta e o preço mais acessível contribui para que os negócios deem certo.
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– Não dá para negar que neste ano a gente colocou o pé um pouco no freio, estamos tomando mais cuidados. Mas enquanto existir mercado, vai existir oferta. Aqui na zona Sul, os investimentos vão bem e têm até uma boa concorrência – ressalta.