Obra mais cara de Cuiabá para o Mundial, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) apresenta percentual de conclusão de apenas 14,18%. A informação consta em levantamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sobre o avanço dos empreendimentos para o evento. As obras já deveriam ter chegado à metade – porém, foram iniciadas, com atraso, há apenas 60 dias.
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Dado o tempo exíguo e a complexidade, as chances de o metrô de superfície – orçado em R$ 1,477 bilhão – não ficar pronto até a Copa aumentam a cada dia. Projetado para ter 22 quilômetros de extensão e atravessar regiões centrais de Cuiabá e Várzea Grande, o modal é apresentado pelas autoridades como a solução para desafogar o caótico trânsito das cidades.
No quesito custo de obras do Mundial, o metrô de superfície só fica atrás do monotrilho de 17,7 quilômetros que está sendo construído em São Paulo (R$ 3,1 bilhões) e do BRT Transcarioca, de 28 quilômetros, no Rio de Janeiro (R$ 1,884 bilhão). Na sexta-feira passada, o juiz Roberto Teixeira Seror, da 5ª Vara da Fazenda Pública, suspendeu a demolição de um conjunto de 15 imóveis localizados no centro de Cuiabá. O argumento do magistrado é de que os imóveis são tombados pelo governo federal. “A Copa vai passar, mas a memória da cidade tem que ser preservada”, afirmou na decisão.
O episódio é um exemplo das dificuldades que atravancam o VLT. Moradores têm se negado a abandonar os imóveis, alegando não possuírem garantias de que serão indenizados pelo Estado. Para que o processo de construção fosse agilizado, o governo estadual realizou a licitação por meio do Regime Diferenciado de Contratação – em que alguns “detalhes”, como a apresentação de projetos, são dispensados.
Muito da demora em iniciar as obras ocorreu por causa da mudança de modelo de transporte público a ser implantado. De início, o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), havia decidido que a melhor opção seria um sistema de ônibus rápidos (BRT). Custo: R$ 400 milhões. Pressões políticas, lideradas principalmente pelo ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, José Riva (PSD), fizeram Silval voltar atrás e escolher o VLT. Pelo menos cinco meses foram perdidos nas discussões. Afastado da presidência da Assembleia por ser condenado, em primeira instância, de desvio de verbas, Riva chegou a dar declarações pouco otimistas quanto a possibilidade do sistema ficar pronto para o evento.
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O próprio governador deixou dúvidas sobre a entrega do VLT até antes do Mundial. Apesar das incertezas, o governo garante que até maio do ano que vem o projeto estará concluído. Os trilhos começam a chegar em junho e os vagões devem estar na cidade em agosto.