A construção de uma clínica municipal com capacidade para internações é a principal aposta da prefeitura para reduzir as cracolândias em Florianópolis. Mas ela ainda deverá levar meses para ficar pronta.

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As autoridades acreditam que o tratamento dos usuários da droga seguido da inserção em programas sociais são as medidas que poderão amenizar o problema considerado de difícil solução.

Hoje, a prefeitura diz não encontrar vagas para encaminhar os dependentes à desintoxicação no Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina (IPQ), em São José, o único local público disponível que oferece o serviço.

A unidade prevista será um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) para álcool e drogas com funcionamento 24 horas, no Jardim Atlântico, área Continental. Serão 15 leitos e o custo total da obra é de R$ 3 milhões.

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O secretário da Saúde, Daniel Moutinho Júnior, diz que a estrutura está em construção e a ideia inicial era conclui-la em abril, mas em razão da contingência de recursos deverá ficar pronta até o final do primeiro semestre. No mesmo espaço será construída uma unidade de acolhimento a mulheres.

– O Brasil inteiro enfrenta esse problema do uso de crack. Por isso é importante o poder público se mexer e unir esforços – reconhece Moutinho.

Dos 350 moradores de rua cadastrados, a prefeitura estima que 200 sejam consumidores de crack.

– Fizemos as abordagens, atuamos em ações conjuntas, mas as pessoas estão sempre retornando (ao consumo). O nosso gargalo também é o fato do IPQ estar sempre lotado – lamenta o secretário da Assistência Social, Alessandro Abreu.

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Ele diz que houve incremento das abordagens de rua, aumento das equipes, abrigos e revela expectativa ainda maior com o programa Despertar. A iniciativa abordará principalmente a ressocialização.

Na edição desta sexta-feira, o Diário Catarinense mostrou que usuários de crack entre Florianópolis e São José, no Monte Cristo (comunidade Chico Mendes), Vila Aparecida e avenida Josué Di Bernardi, não se intimidam com ação policial para prender traficantes e continuam consumindo crack livremente na região.

Fechar galerias de esgoto seria paliativo

O secretário de Segurança e Defesa do Cidadão, Raffael de Bona Dutra, diz que fechar as galerias de esgoto, em que os dependentes utilizam para fumar crack, seria uma medida paliativa. Por isso, defende o tratamento e as ações sociais.

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Em Florianópolis, os secretários municipais são contra a internação compulsória dos viciados em crack, diferentemente da prefeitura de São José, que tenta convencer o Ministério Público a pedir judicialmente o tratamento dos casos mais críticos.

Além da degradação humana, a maior cracolândia da Grande Florianópolis gera preocupação com à criminalidade. Moradores relataram em delegacias incidência grande de furtos, roubos, vandalismo, arruaça e prostituição infantil.