Os últimos operários trabalham nos acabamentos da ponte Anita Garibaldi, em Laguna, no Sul do Estado. A fase de testes de cargas sobre a estrutura, prevista para ocorrer a partir de hoje marca o fim dos trabalhos. A expectativa é que o processo ocorra em três dias. A ponte servirá para solucionar um dos piores gargalos da BR-101, pendentes desde o início da duplicação da rodovia no Estado, em 1994.

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Na próxima semana, empresas terceirizadas concluirão a instalação dos quase 200 postes de iluminação que tiveram um custo adicional de aproximadamente R$ 3 milhões. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) não informa ainda a data para a inauguração que deve ocorrer na presença da presidente Dilma Rousseff. O prefeito de Laguna, Everaldo dos Santos, esteve ontem no gabinete da presidência e segundo ele, Dilma deve vir ao Estado entre os dias 13 e 17 de julho.

A estrutura erguida sobre o canal de Laranjeiras começou a ser construída em julho de 2012, após várias manifestações populares pela duplicação do trecho sul. Com a conclusão em julho deste ano, completa exatos três anos de obra, tendo um atraso de aproximadamente 30 dias, de acordo com a previsão inicial para maio.

A obra, contratada a um custo de R$ 598 milhões, recebeu um investimento de aproximadamente R$ 775 milhões por parte do governo federal. De acordo com o DNIT houve uma reajustamento no valor da obra de R$ 112 milhões, previsto em lei. Segundo o departamento todos os contratos deste porte preveem reajustes. Outro valor que acresceu ao custo final pago pelo governo federal ao Consórcio Ponte de Laguna foram os aditivos no valor de aproximadamente R$ 69 milhões. O DNIT não detalha os custos extras acrescentados ao projeto inicial, mas ressalta que toda obra de grande porte é considerado normal haver alterações ao projeto.

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Com um fluxo diário de cerca de 25 mil carros por dia, o local era alvo de intermináveis congestionamentos que atrasavam o transporte em torno de cinco horas. No verão, com a chegada de veranistas do Rio Grande do Sul as filas próximo a ponte de Cabeçuda – única ligação em terra, se agravavam ainda mais. Com 2.830 metros de extensão a ponte Anita Garibaldi foi projetada para uma velocidade de 110km/h, solucionando o problema das filas no local. Seu eixo estaiado oferece leveza na construção que chama atenção de quem passa pela região.

Prefeito de Laguna, Everaldo dos Santos, se mantém contrário ao pagamento da conta de iluminação da ponte Anita Garibaldi, mas garante que a estrutura não ficará às escuras. Santos também fala sobre o desenvolvimento da região e as expectativas de investimento com a inauguração da nova estrutura. Acompanhe a entrevista ao Diário Catarinense:

Diário Catarinense – Como ficou o impasse no pagamento da luz da ponte de Laguna?

Everaldo dos Santos – Ficou acordado com o ministro (dos Transportes ) Antonio Carlos Rodrigues e com o DNIT de que será colocado um gerador a partir do momento da inauguração por até 60 dias. Este gerador será pago pelo DNIT. Será negociado com o Ministério dos Transportes. A defesa do município é de que Laguna não pode pagar o consumo de energia, mesmo que seja em média R$ 12 mil por mês, sendo uma rodovia federal. O parecer da Procuradoria-Geral da União se refere a trevos e elevados que dão acesso à cidade, o que não é o caso da ponte Anita Garibaldi. Concordo que o município pague por meio da Cosip trevos e elevados quando fazem acesso a Laguna. Quem ganha com isso é Santa Catarina, não só Laguna.

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DC – Existe a possiblidade da ponte ficar às escuras?

Santos – Não. Nestes 60 dias com o gerador, vamos resolver este problema. Outra forma seria que o DNIT deixasse o gerador até a concessão da rodovia. Vou advogar que o pedágio seja no trecho de Laguna (entre o Itapirubá até a ponte Anita Garibaldi, isto iria gerar emprego e melhorar a economia da cidade através do Imposto sobre serviço ( ISS). Em cada pedágio há um imposto que seria revertido para Estado, União e para o Município. Se não houver uma compensação o município vai entrar na Justiça para o não pagamento da energia.

DC – E se nada der certo e passar os 60 dias?

Santos – Acredito que vamos encontrar uma saída. Posso garantir que vou lutar até o fim para que o município não pague, mas não vamos deixar a ponte às escuras. Acho um crime um investimento como esse de mais R$ 700 milhões, mais de R$ 3 milhões só na iluminação e não ter R$ 10 mil para pagar a conta.

DC – O que as obras da ponte trouxeram de beneficio para a cidade?

Santos – No momento de pico tivemos 1.400 empregados diretos no Consórcio Ponte de Laguna. Nestes três anos aproximadamente 22,5 milhões de ISS para o município. Entramos na Justiça contra o consorcio porque no final da gestão passada deram um desconto de incentivo de 2,5%, sendo que o ISS do município é 5%, isso chega próximo a R$ 14 milhões corrigidos.

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DC – Com esse impulso, o que foi investido na cidade?

Santos – Quando assumimos o município (janeiro de 2013), Pescaria Brava pertencia a Laguna, a partir de um plebicito não pertence mais. Perdemos em torno de 10 mil habitantes pra Pescaria Brava, mas ficamos com o mesmo número de funcionários efetivos ou seja a mesma despesa e com menos receita. Tivemos uma diferença do Fundo de Participação do Município de aproximadamente 25% a menos. Temos uma prefeitura com 1.040 funcionários efetivos, cortamos 150 comissionados (60%) e agora estou repondo alguns. Estou cortanto a propria carne.

DC – E mesmo assim, não sobrou dinheiro para investir na cidade?

Santos – Houve investimento no Carnaval, fizemos obras no Mercado Público, em parceria com o Governo Federal (BNDS), o cabeamento subterrâneo que é uma obra do PAC, que já começou, com contrapartida do município, obras nos bairros, construímos cinco postos de saúde e restauramos mais cinco, além de creches, ginásio de esportes e pagamos parte da dívida do Governo anterior (R$ 10 milhões) município carece de obras, hoje temos um canteiro de obras, no centro histórico e no acesso a Barbacena. Dinheiro dos impostos, principalmente do ISS da ponte.

DC – Com a inauguração da ponte o municipio será favorecido, oque o senhor pretende investir na cidade?

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Santos – Estamos trabalhando com o grupo Santa Clara e alguns investidores interessados em Laguna. Temos um local pronto próximo ao Praia do Sol pra ser implantado, Laguna ja forneceu as licenças e eles estão pronto pra começar. . Hoje com a duplicação, a ponte Anita Garibaldi, o terminal pesqueiro, a fábrica de gelo, o porto de Imbituba, a ferrovia e o aeroporto regional, Laguna é conhecida como a terra do camarão, do pescado, então com tudo isso, vai melhorar e muito, não tenho dúvidas.

DC – Tem uma estimativa de números?

Santos – Laguna é considerada uma das cidades do sul do brasil com maior potencial de ventos, com isso vamos atrair investidores na área de energia eólica. Temos um investidor do RS interessado em montar um parque eólico com 50 torres, com um investimento de aproximadamente R$ 600 milhões. O projeto está aprovado junto aos órgãos ambientais e agora busca parceria com o governo do estado, através da Celesc, está nas negociações finais. Temos um outro grupo de São Paulo interessado em investir em três parques eólicos, investimento de mais de R$1,5 bilhão, com 150 torres. Acredito que ainda este ano iniciar estas obras.