Não houve surpresa no Palácio Guanabara durante o anúncio do vencedor da licitação para a operação do complexo do Maracanã. O Consórcio Maracanã, composto por Odebrecht , IMX e AEG, foi escolhido pelo governo do Rio de Janeiro para administrar o principal estádio da Copa do Mundo de 2014 pelos próximos 35 anos. O outro concorrente era o consórcio Complexo Esportivo e Cultural do Rio de Janeiro, formado por OAS, Largadère e Stadion Amsterdan.

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Antes de o novo “dono” assumir a administração do estádio, contudo, um assunto terá de ser resolvido na Justiça. A empresa Golden Goal, que explorava parte dos camarotes do antigo Maracanã, conseguiu liminar que garante a suspensão deste setor na concessão. Em entrevista coletiva, o secretário da Casa Civil do governo do Rio, Régis Fichtner, minimizou a questão.

– Quando o Maracanã foi fechado, ainda havia um tempo de utilização para esta empresa, mas é uma questão pequena, o Estado vai fazer a indenização – disse o secretário.

Apesar das críticas sobre a entrega de um estádio que custou mais de R$ 1 bilhão, Fichtner destacou o que considera importante na decisão de conceder o Maracanã à iniciativa privada:

– Teremos mais eficiência com a gestão privada, e vamos colocar dinheiro em outras áreas. As leis criariam entraves para a manutenção dos novos equipamentos – ressaltou.

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A Odebrecht, que também foi responsável pela obra, terá 90% de participação, a IMX, do bilionário Eike Batista, 5%, e a americana AEG, 5%. Foram avaliadas questões financeiras e técnicas. A proposta do grupo foi de R$ 181,5 milhões em 33 parcelas anuais, mais o investimento de R$ 594.162.148,71 em obras no entorno. O Maracanã será vizinho de uma área de entretenimento, do museu do futebol e olímpico e de um estacionamento. O estádio de atletismo Célio de Barros e o Parque Aquático Júlio Delamare virão abaixo, mas há o comprometimento para a construção de centros esportivos de atletismo e natação em local próximo como compensação.

A grande dúvida é saber quando tudo isso ficará pronto, pois, hoje, a parte de fora do Maracanã é um grande canteiro de obras. Tecnicamente, pesou a experiência da AEG em administração de complexos esportivos. Com sede em Los Angeles, a empresa administra de 120 arenas por todo o mundo, como o Staples Center e os estádios de Galatasaray e Fenerbahçe, na Turquia. Além disso, a AEG é proprietária de clubes de futebol (Galaxy), hóquei no gelo (Kings) e basquete (Lakers) e será parceira na gestão de outros três estádios no Brasil: Arena Pernambuco, em Recife, Arena Palestra, em São Paulo, e Arena da Baixada, em Curitiba.

A polêmica da licitação ficou por conta de uma ação do Ministério Público, que alegava irregularidades em obras previstas no edital e questionava a participação da IMX no consórcio, por ter informações privilegiadas e exclusivas. Mas de nada adiantou, e, após a Copa das Confederações, o governo fará a entrega do local, já que no dia 24 de maio a Fifa assume a administração até 30 de julho.

Pelo contrato, existe a obrigação de um acerto com pelo menos dois dos grandes clubes do Rio. Flamengo e Fluminense sinalizaram um acordo, e o Botafogo também poderá jogar em algumas oportunidades, pois o Engenhão segue interditado, sem previsão de reabertura. Estão previstos também pelo menos dois grandes shows por ano. Até 2048, o Maracanã tem novo dono.

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