O desempenho do único clérigo que concorre nas eleições presidenciais desta sexta-feira no Irã assusta o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, que pediu participação maciça para “desencorajar os inimigos da República Islâmica”.
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Nesta quarta-feira, conservadores aliados de Khamenei multiplicaram apelo pela desistência de mais candidatos em favor de um único nome para combater o crescimento de Hassan Rouhani. Além de pesquisas eleitorais que o colocam como um dos favoritos, Rouhani recebeu dois apoios políticos de peso que podem motivar setores ligados à revolução de 2009 a irem às urnas. O voto não é obrigatório no Irã.
O período de campanha termina oficialmente na quinta-feira pela manhã, e a votação terá início na sexta-feira às 8h (0h30min, em Brasília) para 50,5 milhões de eleitores.
Moderados e reformistas se uniram para apoiar a candidatura Rouhani, após a retirada na terça-feira do reformista Mohammad Reza Aref. O apelo dos ex-presidentes Akbar Hashemi Rafsanjani (moderado) e Mohamed Khatami (reformista) em seu favor aumentaram suas chances de eleição. Alguns conservadores já consideram a possibilidade de um segundo turno com Rouhani.
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– Peço a todos, especialmente aos reformadores e (…) todos aqueles que querem a grandeza de nossa nação para votar em Rohani – declarou Khatami em uma mensagem.
Rafsanjani, um dos pilares do regime que foi excluído da corrida presidencial, disse por sua vez que o considerava “o mais qualificado para liderar o Executivo”.
Na ausência de grandes comícios públicos, proibidos pelas autoridades, os reformistas mobilizaram seus partidários por SMS pedindo votos para Rouhani.
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Rouhani, 64 anos, foi sob a presidência de Khatami secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional. Desta forma, foi responsável pelas negociações nucleares entre o Irã e os três países europeus (França, Grã-Bretanha e Alemanha) para resolver a crise nuclear entre 2003 e 2005.
Entre os conservadores o esforço é para que os quatro candidatos desta tendência desistam da corrida presidencial em favor daquele com maiores chances. Said Jalili e Mohamed Qalibaf são os mais cotados. Jalili, que é apoiado pelo setor linha-dura do regime, defende a “resistência” contra as grandes potências.
Prefeito de Teerã lidera pesquisas
“Esperamos que os candidatos conservadores escolham apenas um entre eles”, escreveu Hossein Shariatmadari, diretor do jornal ultraconservador Kayhan.
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De acordo com relatos da imprensa, os apelos seriam particularmente dirigidos ao ex-chefe da diplomacia Ali Akbar Velayati.
De acordo com uma das poucas pesquisas realizadas e publicadas pela agência de notícias Mehr, com 10 mil intenções de voto, Qalibaf lidera a corrida presidencial com 17,8%, à frente de Rohani (14,6%), seguido por Jalili (9,8%). Há 30% de indecisos, enquanto que a participação deve chegar a 77%.
O aiatolá Khamenei reiterou seu pedido para que os iranianos votem em massa. Isto “irá desencorajar os inimigos que querem reduzir a pressão (das sanções) e escolher um outro caminho”, disse, referindo-se à série de sanções internacionais impostas ao Irã por causa de seu programa nuclear.
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O presidente é a segunda pessoa mais importante no país, de acordo com a Constituição, mas as questões estratégicas, como a nuclear, estão sob a autoridade direta do guia.
Quatro anos atrás, a esperança de uma vitória dos reformadores tinha sido atenuada pela reeleição de Ahmadinejad. Os dois candidatos derrotados, Mir Hossein Mousavi e Mehdi Karroubi, denunciaram fraudes generalizadas e apelaram aos seus partidários para manifestarem. O protesto foi duramente reprimido e os dois dirigentes reformistas estão sob prisão domiciliar desde 2011.