O aumento de casos do novo coronavírus eleva também a preocupação com o abastecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs) para trabalhadores da saúde em Santa Catarina. O Estado já soma até esta sexta-feira 30 mortes e 926 confirmações da Covid-19.
Continua depois da publicidade
Profissionais de saúde ouvidos pela reportagem afirmaram que ainda não há falta de EPIs nos hospitais do Estado. No entanto, relatam uma rotina de maior racionamento desses equipamentos para suportar a demanda crescente de atendimentos. A situação já era registrada no fim de março, quando a Covid-19 começou a registrar aumento de casos no Estado
Em site especial, saiba tudo sobre o novo coronavírus
Uma anestesiologista que atua em hospitais públicos e privados de Florianópolis informa que ainda não há aventais com a gramatura adequada e que máscaras N95 ou similares, que oferecem um grau de proteção maior, estão sendo racionadas.
– Alguns lugares estão pedindo para ficar com a mesma máscara por uma semana ou até um mês! Outro lugar só está dando se o paciente for suspeito ou confirmado, mas lidamos com vias aéreas e deveríamos usar máscara com todos pelo risco de eles serem pacientes assintomáticos – alerta a profissional.
Saiba mais: acesse o Painel do Coronavírus
Continua depois da publicidade
Conselho recebe denúncias, mas Estado garante abastecimento
O Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina (Coren-SC) registrou até esta sexta-feira (17) 70 denúncias sobre supostas faltas de EPIs em instituições de saúde. Os casos estão sendo vistoriados presencialmente pelo órgão. As denúncias também foram remetidas ao Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC).
A Secretaria de Estado da Saúde informa que neste momento não registra desabastecimento e que nesta semana recebeu 3,6 milhões de pares de luvas e 50 mil máscaras N-95. Esse material já está sendo distribuído às unidades de saúde, segundo o Estado. Não foi informado até quando esse estoque é capaz de garantir o abastecimento.
Até esta sexta-feira, o Coren-SC registrava 337 profissionais de enfermagem afastados das atividades por causa de suspeitas ou confirmações do novo coronavírus.

Ofício pede máscaras para todos os profissionais
O Coren-SC apresentou na segunda-feira um ofício ao governador de SC, Carlos Moisés (PSL), pedindo para que sejam disponibilizadas máscaras a todos os profissionais de enfermagem e saúde do Estado. A presidente do Coren-SC, Helga Regina Bresciani, diz que até o momento a diretriz era só oferecer as máscaras a profissionais que estivessem na chamada linha de frente da Covid-19 – pronto-atendimentos dedicados a receber pacientes com suspeitas do novo coronavírus.
Continua depois da publicidade
Profissionais que atendem pacientes por outras doenças estariam relatando que não recebem máscaras. Segundo ela, o problema ocorre com mais frequência em hospitais filantrópicos privados.
– Como o governo mesmo mudou essa diretriz pedindo para que toda a população use máscara, porque há muitas pessoas que são assintomáticas, encaminhamos ofício a todos os gerentes de enfermagem para que solicitem a utilização de máscaras para todos os profissionais, mesmo em unidades dedicadas ao atendimento de outras comorbidades que não a Covid-19 – explica a presidente.
Questionado pela reportagem, o governo do Estado informou que recebeu o ofício do Coren-SC, mas que encaminha os EPIs que recebe para as unidades de atendimento.
“Todos os profissionais que lidam diretamente com pacientes seguem o protocolo estabelecido, com o uso de máscaras e demais equipamentos necessários”, garantiu o Estado, em nota por e-mail.
Continua depois da publicidade
Órgão sugere que governo recorra à indústria têxtil de SC
No mesmo ofício, o Coren-SC solicita que o governador peça à indústria têxtil do Estado que mude o foco da produção e passe a fabricar EPIs para abastecer as instituições de saúde. Isso ocorre por conta da dificuldade para adquirir produtos como máscaras no comércio internacional durante a pandemia do novo coronavírus.
– A gente sabe que o governo está batalhando para comprar e está chegando material, mas se vai dar conta de todo o período de pandemia é que a gente não sabe – avalia a presidente do Coren-SC, que aconselha profissionais que tiverem dificuldades para obter EPIs que façam denúncias ao conselho.
O governo do Estado respondeu à reportagem informando que, ainda no começo da pandemia, a Secretaria de Estado da Saúde fez um levantamento de indústrias de SC que poderiam fabricar e fornecer EPIs.
“Algumas dessas fábricas já estão entregando materiais para uso pelos profissionais de saúde. Também há a produção de insumos, como álcool em gel”, apontou o governo, em nota.
Continua depois da publicidade
O Estado também abriu um chamamento público para comprar insumos de proteção de fabricantes locais. Em cidades como Blumenau, a prefeitura também solicitou às companhias do setor têxtil que atuassem na produção desses produtos, sobretudo máscaras e aventais, artigos onde hoje há maior necessidade.