Você conhece essas carinhas. Elas andam por aí: pelas ruas de Blumenau, na televisão, no rádio, no jornal, nas quadras, na Oktoberfest e, de um jeito ou outro, nos familiarizamos com elas. E se os conhecemos tanto hoje, aproveitamos este Dia das Crianças para descobrir como eles eram na infância e, mais do que isso, como foi a infância vivida pelas ruas de Blumenau.
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Pedimos a cinco figuras conhecidas da cidade que nos contassem como foi sua época de criança. Alguns relataram, outros preferiram escrever com suas próprias palavras e você confere agora como foi a infância de Cao Hering, Duda Amorim, Valther Ostermann, D’Lara e Bruna Ponchielli, a rainha da 34ª Oktoberfest.
Cao Hering
Publicitário, chargista e colunista do Jornal de Santa Catarina
“A casa geminada, com a porta principal em vidraças bisotadas e coloridas, ainda existe. Em um dia de sol, na estreita viela que dava na Rua São Paulo, corri tentando ultrapassar a própria sombra. Berrei inconformado. Minha mãe e a Frau Müller, ela morava em frente, riram muito e lembraram a cena por muitos anos. Também havia por ali um imenso (para mim) terreno baldio e irregular onde os meninos jogavam pelada. Aqueles caras pareciam uns gigantes quando rolaram levemente a bola para eu chutar. Errei. Ouço os risos até hoje. Também achava descomunal o tamanho das margaridas do jardim e, no canto do terreno, não resisti experimentar as atraentes bagas vermelhas de uma comigo-ninguém-pode. Entre lágrimas, conseguia ver o próprio beiço sem ajuda do espelho. O entregador de verduras, coitado, ficou muito sem jeito quando cruzei inesperadamente a frente da sua bicicleta. Foi meu primeiro joelho ralado, acho. Eu me escondia amedrontado embaixo da coberta quando ouvia o assovio da madeireira não muito longe dali. Já o apito da locomotiva que corria pela linha onde hoje está a Avenida Martin Luther me encantava e aguçava todos meus sentidos. Eu queria ser maquinista. Guardo muitas imagens e outros tantos pequenos episódios do lar de vidros bisotados e coloridos na porta de entrada. Meus pais deixaram aquela casa de canteiros com flores de caules enormes quando eu tinha dois anos e meio e meu irmão um mês. Fomos morar na Rua Quinze, onde logo viveria incontáveis aventuras com a bicicleta na calçada, numa cidade ainda calma e livre dessa correria.”
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Duda Amorim
Armadora da Seleção Brasileira de Handebol
A diversão de Duda era brincar na rua. Queimada, alerta, pega-pega, se tinha uma correria ela estava no meio. A jogadora conta que sempre lembra da mãe chamando para voltar para dentro de casa — “Duda, sai do sereno!” — ou dos professores na escola — “Duda, não corre tanto!”, “Duda, não balança tão alto!”.
A brincadeira preferida era a queimada, que tem lá suas semelhanças com o handebol — é jogada com a mão, tem que arremessar a bola contra o time adversário e, via de regra, tem que correr bastante — e se os professores soubessem o que o futuro reservava, com certeza terias gritado “Corre mais, Duda!”.
Valther Ostermann
Jornalista e comentarista da NSC TV
“O bom das lembranças é que independem de tempo, ficam tatuadas na mente. Nos meus natais de criança a sensação mais marcante era a expectativa de, quando meus pais finalmente permitiam ir à sala, encontrar os presentes junto à árvore enfeitada, iluminada por velinhas. Clima de magia. Depois descobrimos que Papai Noel não existia e aí nunca mais foi a mesma coisa.”
D’Lara
Cantora
Nascida em Balneário Camboriú e criada em Blumenau, a lembrança mais marcante de D’Lara é de querer um violão aos cinco anos de idade. Ela passou em frente a uma loja de instrumentos musicais com a mãe e ficou encantada, queria o instrumento a todo custo, e a mãe disse não.
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Mas o que poderia se transformar em uma memória traumática se transformou em um momento feliz quando, no Natal daquele ano, a Oma (avó, em português) apareceu com um embrulho maior que a pequena Deisy Lara: o violão! Esta se tornou uma das lembranças mais fortes e mais bonitas da infância de D’Lara, que sente a música correr pelas veias desde que desejou aquele violão da vitrine.
Bruna Ponchielli
Rainha da 34ª Oktoberfest
Se hoje Bruna transmite calma e beleza em seu reinado à frente da Oktberfest, na infância ela nem imaginava desfilar e ser a representante de uma das maiores celebrações do país. O foco de Bruna era jogar vôlei.
Começou a praticar o esporte muito pequena, com seis anos de idade, e assim seguiu até a adolescência. Passou a infância dentro das quadras, onde mais do que jogar, aprendeu as lições que todo esporte ensina: disciplina, organização, responsabilidade, respeito, trabalho em equipe. Além disso, desenvolveu a confiança, já que ainda muito jovem viajava sozinha para jogar, sempre tendo o apoio dos pais.