O Morro do Amaral é um desses lugares com características marcantes e autênticas que se destacam em Joinville. O acesso à ilha, que fica no bairro Paranaguamirim, é feito pela avenida Kurt Meinert, e a comunidade é uma das mais antigas da cidade.

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Paulo Soares, de 72 anos, é dono de uma mercearia localizada na rua Beiramar e ajuda a contar algumas histórias da comunidade. O Mercadinho Soares tem meio século de história. Foi aberto quando Paulo tinha 22 anos e, hoje, quem toca o comércio é seu filho.

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Paulo lembra que antigamente ia para o Centro de Joinville de canoa buscar mantimentos. Eram três horas de ida e mais três de volta. Casado há 53 anos, Paulo conta que a cerimônia do seu casamento foi feita na Capela Senhor Bom Jesus, fundada há mais de cem anos e tombada pelo Patrimônio Histórico.

– Eu nasci aqui. Tenho dez filhos, 12 netos e dois bisnetos. A nossa família é uma das maiores da ilha – revela Paulo.

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Antes mesmo de a Colônia Dona Francisca surgir, já havia moradores na comunidade, hoje chamada de Morro do Amaral, ressaltam os historiadores. O nome Morro do Amaral faz referência à família Amaral, que na década de 1930 vivia ali e era dona das terras. De acordo com a professora da Univille e historiadora Elizabete Tamanini, que já fez pesquisas e acompanha a região, “a comunidade teve seus traços culturais vinculados à imigração lusa e açoriana”.

– É uma comunidade extremamente importante para a história de Joinville. É importante pelo seu patrimônio cultural, social e étnico, que é diferenciado do padrão conhecido em Joinville. A resistência dos moradores também é muito forte. Eles tentaram, mesmo com dificuldades, permanecer naquele lugar. De modo geral, quem vive lá, principalmente os mais antigos, tem um amor muito grande por aquela região – afirma.

De acordo com a historiadora, antigamente, a comunidade tinha uma relação muito forte com São Francisco do Sul, por meio do mar. A relação com Joinville aumentou depois que a ponte sobre o rio do Riacho (ou rio Biguaçu) foi construída, na década de 1980.

Os moradores dizem que nos fins de semana o movimento aumenta por causa dos restaurantes da região que vendem frutos do mar. A reclamação é em função da estrada de acesso, que não está em boas condições. Segundo os moradores, se o poder público fizesse algum tipo de investimento ali, o movimento aumentaria, com certeza. Na comunidade, há 50 pescadores associados à colônia de pesca.

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O pescador Antonio Schuambachi, de 65 anos, escolheu o Morro do Amaral para morar há oito anos, mas já tem casa para passar os fins de semana na comunidade há 38 anos. Ele diz que pesca quase todos os dias com a ajuda de mais um pescador. De acordo com Antonio, a média de pescados é de 350 quilos por mês. Ele pesca tainha, parati e camarão. Há dois anos, construiu um trapiche nos fundos de sua casa para facilitar a pesca.

– É muito bom de morar aqui, a paisagem é maravilhosa – afirma Antonio, que mora no local com a mulher Adélia Beckhauser, de 52 anos. Ele é dono de seis bateiras e tem cerca de 10 mil metros de rede, de diversos tipos de malha.

Hoje, o Morro do Amaral é uma área de preservação natural. A localidade antes se chamava Riacho Saguaçu. A partir de 1935, passou a adotar a denominação de Morro do Amaral. A região tem quatro sambaquis identificados.

O Parque Municipal da Ilha do Morro do Amaral foi criado por decreto municipal em 1989. Sua área corresponde a 2,7 km2 e localiza-se às margens da baía da Babitonga, na saída da lagoa do Saguaçu.

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