O ano é 2010. Enquanto um, badalado no futebol europeu, era vendido do Benfica de Portugal por R$ 64 milhões ao Real Madrid, o outro vendia e entregava mármore em uma pequena loja na cidade de Cabo Frio (RJ). Era dirigindo um caminhão da empresa que Raphael Ramalho Santiago tocava a vida depois de praticamente desistir de jogar futebol. Foram quatro anos sem entrar em campo, desde a saída do Atlético de Ibirama até a chance de atuar em 2012 pelo recém-fundado São Pedro, que havia confirmado a disputa da terceira divisão do Campeonato Carioca. E é nesse ano que Raphael vira Di María.

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Algumas coincidências surgiram no meio do caminho, mas foram as semelhanças físicas entre o atacante brasileiro e a estrela do futebol argentino que motivaram o apelido. Valdir Bigode, ex-jogador do Vasco e técnico do São Pedro na época, foi quem começou com a brincadeira que acabou virando nome de guerra. Di María, o brasileiro, diz que leva na boa.

– Antes eu era o Ferrugem. Depois que o treinador começou a chamar assim é que o pessoal se ligou e nunca mais parou. Todo lugar que eu vou agora é “Di María” e eu não tenho problema nenhum com isso – garante o novo atacante do Metropolitano.

O amor pelo futebol e o sonho de ajudar a família motivaram o retorno aos gramados. O salário de R$ 622 no São Pedro não era suficiente. Para conseguir pagar as contas e ajudar seus pais, Di María trabalhava durante o horário comercial e treinava à noite, diferente do xará argentino que na época já recebia R$ 8 milhões por ano para vestir a camisa do clube madrilenho. Poder ajudar a família, inclusive, ainda é a grande motivação do centroavante do Metrô.

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Tenho vontade de jogar fora do Brasil, como qualquer outro jogador, para ganhar dinheiro, fazer um pé-de-meia e mandar uma grana pra minha família. Sei que a minha idade é avançada, mas ainda dá tempo – conta o jogador, aos 27 anos.

A estreia pelo Metropolitano foi com derrota para o Caxias por 2 a 1, mas Di María, conseguiu marcar um gol logo na primeira partida com a camisa do Verdão. Prenúncio de uma boa passagem por Blumenau? O atacante acredita que sim.

– Estou passando por um bom momento na minha carreira e venho como o vice-artilheiro da segunda divisão do Carioca. A brincadeira com o Di María verdadeiro é legal e tudo mais, só que dentro de campo sei que a minha realidade é diferente e só eu posso mudá-la – ressalta.

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OUTROS “FAMOSOS” NO ATUAL ELENCO DO METRÔ:

Dida:

Kleudson José Martins Oliveira virou Dida em homenagem ao goleiro que fez história em 304 jogos no Milan entre 2003 e 2011. É o titular da meta do Verdão na Série D do Brasileiro.

Totti:

O apelido de Otávio Augusto Pandolfo é uma homenagem a Francesco Totti, jogador que está há 24 anos na Roma e é considerado o maior ídolo da história do clube. É opção no banco para a zaga do Metrô.

Juninho:

O apelido nem é o que mais chama a atenção no atleta e sim o nome: Leovegildo. Uma homenagem a Júnior, ídolo do Flamengo na década de 1980 que também tem esse nome. Assim como original, Juninho do Metrô é titular na lateral-esquerda.

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