Algo mudou nos Estados Unidos e no mundo desde que Frank Sinatra cantou em Bad, Bad LeRoy Brown: “A zona sul de Chicago / É a pior parte da cidade / E se você vai lá deve se cuidar / Com um sujeito chamado LeRoy Brown”. Durante muito tempo, a região ao sul do Loop, como é chamado o velho centro comercial de Chicago, foi associada à pobreza, à decadência econômica e a tipos com revólver no bolso e navalha no sapato. Ainda hoje, malandros que circulam pela região ainda parecem saídos de uma canção de Sinatra, mas a mais célebre nativa do pedaço vive na Casa Branca e atende pelo nome de Michelle Robinson Obama.
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Mais um mandato para o estilo de Michelle Obama
Michelle: de roupas simples a peças de grife
A história dos antepassados de Michelle na região começa quando o filme Lincoln, de Steven Spielberg, termina. Eles estavam entre os cerca de 2 milhões de ex-escravos que migraram do sul para o norte do país depois da Guerra Civil. Nelson e Mary Moten, trisavós paternos da primeira-dama, chegaram ao sul de Illinois no início dos anos 1860. Michelle e o irmão mais velho, Craig, nasceram e cresceram no bairro de South Shore, numa casa modesta de dois andares. Seu pai, Fraser Robinson, era funcionário do departamento de água da cidade, e a mãe, Marian, dona de casa. Esse histórico faz de Michelle a única integrante da família Obama a compartilhar uma origem comum com a imensa maioria dos afrodescendentes americanos.
Durante três anos, Obama trabalhou como militante comunitário no bairro de Roseland, não distante de onde Michelle morou. Mas os dois, egressos da Escola de Direito de Harvard, se conheceram como colegas de trabalho numa firma de advocacia de elite em Chicago. Na época, Obama já havia deixado de utilizar o apelido familiar americanizado de “Barry”, e Michelle nutriu dúvidas sobre as chances de um relacionamento com alguém chamado Barack. Pior ainda foi quando, depois do casamento, ele decidiu concorrer primeiro ao senado de Illinois (o que o obrigou, depois de eleito, a passar parte da semana em Springfield, capital do Estado) e, depois, ao senado americano.
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A Michelle Obama de hoje é radicalmente diferente da mulher mal-humorada de político que, no início da carreira do marido em Illinois, estabelecia um rígido cronograma dos dias que dedicaria a atividades partidárias. Todas as tentativas de envolvê-la em intrigas do governo fracassaram. Ela provavelmente detém muito mais poder e ascendência sobre o marido do que deixa transparecer em público. Não foi à toa que, ao comemorar no Twitter a reeleição em 6 de novembro passado, o presidente postou uma foto abraçado à mulher. Esses dois estão começando a se divertir.