Muita coisa mudou desde que José Carlos Zanona abriu, com o pai, a primeira cantina do Colégio Farroupilha, um dos maiores da rede particular de Porto Alegre, há 40 anos. O Bar do Zé agora é comandado pela terceira geração dos Zanona, que se preocupa com mais uma mudança, desta vez no cardápio.

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Descobertas científicas vinculam dietas ruins a doenças e comprovam que uma boa refeição pode fazer diferença nos estudos. Um estudo realizado este ano por pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública, com estudantes de 13 a 17 anos, apontou que os que consomem alimentos saudáveis têm desempenho escolar melhor do que aqueles que ainda escolhem os salgados fritos e refrigerantes.

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Além de estudar muito, prestar atenção ao conteúdo, dormir bem e fazer exercícios, é preciso estar alimentado para mandar bem nas aulas e provas. Manter uma dieta balanceada e comer os alimentos corretos turbinam a memória, a concentração e a disposição.

A psicóloga Jaqueline Ferreira, professora da disciplina de Inteligência Emocional no pré-vestibular Universitário e especialista em neurociência, afirma que a alimentação é um dos principais combustíveis para o funcionamento ágil do cérebro.

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– Uma má alimentação dificulta as funções cognitivas. A digestão difícil da gordura, por exemplo, faz com que o organismo consuma energia que deveria ser usada para outras funções do corpo, que ficam mais lentas. Depois da alimentação pesada, o aluno fica cansado, com sono, o que dificulta o aprendizado – diz Jaqueline.

Em 2010, o Ministério da Saúde criou o Manual das Cantinas Escolares Saudáveis, com tudo que o dono da lanchonete precisa saber pra oferecer lanches nutritivos aos jovens. O material completo está disponível no site cantinasaudavel.com.br.

No Bar do Zé, desde o começo de 2014, todas as fritadeiras foram descartadas, junto com salgadinhos e bolachas recheadas. Um dos balcões serve exclusivamente alimentos considerados saudáveis. Mas, entre as mudanças no gosto da galera, uma permanece. O item mais vendido do bar segue sendo uma receita simples de pão com manteiga, apresuntado e queijo. Vende tanto, que a chapa onde os sanduíches são preparados já foi automatizada com um temporizador, para que esteja sempre nos mesmos padrões. Nas mãos de vários alunos, porém, maçãs, lanches naturais e potes com frutas picadas aparecem. Essas opções, cada vez mais, estão entre as preferências da galera.

Enquanto come uma tigela de açaí, Rodrigo Boesch, 13, afirma que é ele quem define sua própria alimentação enquanto está fora de casa. A colega de 8ª série Bruna Fassina, 14, diz a mesma coisa, entre uma mordida e outra no sanduíche natural. Em casa, os pais controlam refrigerantes e colocam saladas no cardápio. Na escola, as escolhas são por conta deles. Mas por que tigelas de açaí e sanduíches naturais? Porque eles se preocupam com a saúde e a forma física, e também simplesmente porque acham bom.

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– Não é da noite para o dia, mas aos poucos vamos entendendo o gosto deles e uma forma de viabilizar o mais saudável, dando novas opções. É uma tendência mundial – diz Ricardo Zanona, filho do proprietário e principal responsável pelas mudanças no cardápio do Bar do Zé.

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Segundo a nutricionista Joseane Mâncio, as escolas devem trabalhar com a educação alimentar dos alunos desde as séries iniciais. Para reduzir o impacto de tantas mudanças, deve-se ensinar cedo para não precisar reeducar os adultos.

– O colégio é um formador de hábitos, e os hábitos saudáveis devem ser incentivados – afirma Joseane.

Além de aulas sobre nutrição, os pequenos precisam aprendem a escolher os alimentos no supermercado e a cozinhar. Mesma estratégia do chef inglês Jamie Oliver, que modificou o cardápio dos refeitórios das escolas públicas da Inglaterra num reality show. No Bar do Zé, nos programas de TV ou na casa da gente, não é exagero. Comer bem é mesmo uma tendêncial mundial. E faz bem até pro boletim.

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