O cenário com menos jovens participando das eleições, como o que SC vai enfrentar nas em 2020 com menos eleitores de 16 e 17 anos, e de mais apelo por ações de formação cidadã favorece o desenvolvimento de iniciativas que buscam justamente aproximar os jovens da política.

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> Eleições 2020 terão menos eleitores jovens em SC; educação política é chave para engajamento

Um exemplo é o Politize!, uma organização de educação política que oferece conteúdos sobre política, cidadania e democracia, sem viés partidário. A ideia nasceu em Santa Catarina após os protestos de 2013 e hoje já possui núcleos, chamados de Embaixadas Politize!, em 26 cidades de 15 estados do país. O programa já formou 62 mil pessoas com cursos, ações e treinamentos sobre educação política. Além disso, já teve mais de 46 milhões de acessos ao site, onde a organização divulga conteúdos inforamativos sobre o tema.

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O projeto também forma jovens lideranças que compartilham conhecimento sobre educação política em oficinas organizadas em escolas, empresas, igrejas, associações de moradores e diferentes espaços sociais. Uma terceira área do programa prepara conteúdos para disciplinas eletivas sobre cidadania a serem implementadas no novo formato de ensino médio em escolas públicas.

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– A educação política é um instrumento de cidadania para entender como a política funciona, como os poderes funcionam, a responsabilidade de cada ente federativo. Sabendo disso, começo a entender onde me encaixo e como posso contribuir. Começo a ter mais interesse pela política do que só votar – aponta o gestor do Núcleo de Formação de Lideranças do Politize!, Gabriel Marmentini.

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Projeto ajudou Cauê em escolha de carreira

Cauê entrouno Politize! com apenas 16 anos e hoje participa de ações de educação política para outros jovens na Capital
Cauê entrouno Politize! com apenas 16 anos e hoje participa de ações de educação política para outros jovens na Capital (Foto: Arquivo pessoal)

Um dos jovens formado pelo Politize! é o estudante Cauê Moraes Lopes, 18 anos. Desde o ensino fundamental ele se interessava por geografia e história e por resolver problemas do mundo. Quando conheceu o trabalho do Politize!, pensou que a educação política poderia ser um meio de dar a contribuição à comunidade que tanto desejava. Ele entrou no projeto ainda com 16 anos e à época precisou de autorização dos pais para participar da formação. Semanas depois, já fez oficinas e palestras com alunos sobre política, democracia e sistema político.

Cauê ingressou este ano no curso de Administração Pública e participa das ações do Politize! em Florianópolis. Ele tem planos de atuar na área da gestão pública e contribuir para uma conscientização cada vez maior dos jovens com o processo político. Em 2020, vai votar pela segunda vez:

– Não tenho pretensão de ser candidato, talvez nem me filiar a um partido, mas faço questão de continuar lutando pela educação política. Os problemas do Brasil não são só esse, mas ajudaria muito se as pessoas enxergarem a formação política como maneira de iniciar a pensar os problemas.

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Projetos levam a espaços como escolas, entidades e grupos de adolescentes lições sobre importância da participação política
Projetos levam a espaços como escolas, entidades e grupos de adolescentes lições sobre importância da participação política (Foto: Arquivo pessoal)

“Estamos nos preparando para o enfrentamento à desinformação”, diz presidente do TRE-SC sobre as eleições

Câmara mirim aproxima jovens da rotina de cargos públicos

Outro exemplo de projeto que contribui com a formação política desde cedo são as câmaras de vereadores mirins, hoje presentes em mais de 30 cidades de Santa Catarina. O programa elege todos os anos alunos para representarem as escolas e conhecerem de perto a rotina do trabalho dos vereadores, com aulas sobre cidadania, democracia e o funcionamento dos três poderes.

Os participantes também precisam apresentar projetos, fazer discursos e assim conhecem de perto como funciona a atividade. A iniciativa tem também uma versão na Assembleia Legislativa (Alesc), o Parlamento Jovem, em que estudantes do Ensino Médio conhecem as atividades dos deputados estaduais.

Blumenau foi a primeira cidade do Estado a instituir o programa Vereador Mirim, criado no município em 2000. De lá para cá, mais de 300 alunos já passaram pelo projeto. O atual assessor do programa, Wagner Schanaider, diz que o programa ajuda a tirar a imagem negativa da política que crianças e jovens às vezes ouvem na sociedade e mostra que a atividade é necessária em todas as áreas da sociedade.

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– O aprendizado que eles têm sobre como funciona a democracia, os três poderes e como a sociedade é organizada desperta interesse em buscar informações e dá outro entendimento sobre o que é política, um aprendizado que é levado para as famílias e escolas – defende o assessor.

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Pedro foi vereador mirim em Blumenau há três anos e vai participar da primeira eleição em 2020
Pedro foi vereador mirim em Blumenau há três anos e vai participar da primeira eleição em 2020 (Foto: Arquivo pessoal)

O estudante Pedro Antônio Resende Fogaça, 18 anos, foi vereador mirim de Blumenau em 2017, quando tinha 15 anos, e vai votar pela primeira a vez na eleição deste ano. Apesar da pandemia, diz que já está se informando sobre as candidaturas e propostas para a cidade e pontua que o projeto que participou ajuda por já entender o papel de cada agente na política.

– Mais do que um projeto de história da cidade e da política, é um projeto educacional de cidadania. Estando ali você consegue entender melhor o que cada esfera e cada cargo fazem, principalmente o vereador – explica o jovem, que considera a geração engajada com as políticas públicas.

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Voz e Vez simula processo político em escolas estaduais

Outro projeto que busca aproximar mais o eleitorado jovem da atividade política é o Voz e Vez. O programa consiste em uma parceria do TRE-SC com a Secretaria de Estado da Educação. A intenção é levar formação política e de cidadania a cerca de 50 mil estudantes das escolas estaduais de Santa Catarina.

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A primeira fase teve capacitação de cerca de 500 professores da rede pública em temas como direitos humanos e eleições simuladas. A segunda etapa, que envolveria eleições nas escolas com os candidatos sendo propostas, e não pessoas, conforme os objetivos de desenvolvimento sustentável estabelecidos pela ONU, estava prevista para este ano, mas segundo o TRE-SC foi suspensa por corte de despesas por parte do governo do Estado.

A Secretaria de Estado da Educação informou que estavam sendo abertas mais vagas para formação de professores quando a pandemia do novo coronavírus começou, o que exigiu a interrupção do programa. A previsão, segundo o TRE-SC, é de que esta etapa seja retomada em 2021.

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