Dá pra imaginar o filme Náufrago sem Tom Hanks? Rocky sem Sylvester Stallone? Indiana Jones sem Harrison Ford? A resposta é não. Mas e se outros atores tivessem interpretado os históricos personagens dessas três obras hollywoodianas, elas teriam sido exibidas? Provavelmente sim. Talvez com menos repercussão do que tiveram, é verdade, mas não deixariam de estar em cartaz. Avião sem asa? Fogueira sem brasa? Oktoberfest sem cerveja? Nesse caso, convenhamos, o buraco seria bem mais embaixo.
Continua depois da publicidade
Existem poucos protagonistas tão marcantes quanto a mistura de água, malte, lúpulo, fermento. Marlon Brando em O Poderoso Chefão? Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo? Brad Pitt no Clube da Luta? Nenhum chega aos pés da loira gelada — nem tão amarelada assim com a proliferação dos estilos, diga-se de passagem — em importância. Nenhum. Mas para que os diferentes sabores e opções encham as canecas daqueles ansiosos por ingerir o tal pão líquido de cevada na 34ª Oktoberfest — que começa nesta quarta-feira e se estende até o dia 22 —, Eisenbahn, Baden Baden, Schin, Ichiban, Bierland, Cerveja Blumenau, Das Bier, Hemmer e Wunder Bier — as marcas que estarão na festa — precisam de algo em comum: pessoas.
Leia também
:: Saiba como fica o trânsito no Centro de Blumenau durante os desfiles da Oktoberfest
:: Polícia Rodoviária Federal vai reforçar fiscalização no Vale do Itajaí durante as festas de outubro
Continua depois da publicidade
:: Ônibus de Blumenau terão horários adicionais na madrugada durante a Oktoberfest
Produzir cerveja é diferente. Se faz uma história. Quanto mais aqueles que a compõe estiverem a fim de transformá-la na melhor cerveja do mundo, melhor será. Este é o pensamento do haitiano Vitiello Jules, auxiliar de produção na Cerveja Blumenau. Ele chegou aqui descompromissado. Pousou em Navegantes em abril do ano passado a convite do irmão, que já estava pelas bandas do Vale do Itajaí. Queria trabalhar, talvez estudar. Passou seis meses desempregado. Ninguém queria sequer ouvi-lo, muito menos contratá-lo. No único lugar em que alguém aceitou entrevistá-lo, o cheiro de cevada predominava. E é ali, em meio aos enormes tanques de fermentação e barris amadeirados, que ele quer se tornar protagonista.
Ingredientes mágicos
Sim. Para que a protagonista da Oktoberfest seja o que é justamente no ano em que Blumenau se tornou Capital Nacional da Cerveja, outros protagonistas precisam agir por trás das bicas de chope, antes mesmo daquilo que virará cerveja ter gás. Muito menos álcool. Quando ele é apenas um líquido doce, fruto de horas e horas de cozimento, é o momento em que os heróis sem capa das cervejarias surgem para deixá-lo pronto. Então quando você — que lê esta matéria e se prepara para os momentos de zicke-zacke, zicke zacke — for beber uma gelada nos setores do Parque Vila Germânica, lembre-se de Vitiello. Um Ein Prosit para ele, convenhamos, cai bem.
— Agora quero me aperfeiçoar na área — diz o haitiano.
Na parte de cima da sala de brasagem da mesma empresa está outro protagonista da produção do líquido sagrado: o veterinário Daniel Vilmar Ropelato. Não que ele exerça muito da medicina veterinária enquanto faz cerveja, obviamente, mas mostra as mudanças que o novo universo lhe trouxe. De caseiro a profissional, ele largou os cachorrinhos e gatinhos para se dedicar exclusivamente aos quatro ingredientes mágicos. A Oktober, nessa história toda, não foi apenas um empurrão para o novo desafio, mas também a motivação.
— Fazer a cerveja para a Oktober, saber que aquilo que eu fiz será apreciado na festa é algo especial e traz um sentimento bom. Posso dizer sem medo que cada chope que estamos produzindo tem um toque pessoal meu também, não deixo só no automático — revela Ropelato.
Continua depois da publicidade
Ritual de abertura
Aliás, é justamente baseado na tradição de fazer cerveja que ocorre um dos momentos mais marcantes da festa: o ritual de abertura, que será nesta quarta-feira, às 22h, no Setor Eisenbahn Biergarten. Lá, 12 homens trajados como monges que faziam cervejas séculos atrás participarão de uma cerimônia simbólica que marca o início da festa. Um dos participantes é Clay Schulze, presidente do Männerchor Liederkranz — que vira Velhos Camaradas neste período. Com a barba avermelhada e pomposa, ele participa e vive esses momentos desde 2015. Vestido como um franciscano, Schulze acredita que o vínculo entre os monges e a história da cerveja torna o momento ainda mais marcante.
— Somos pessoas comuns que podem participar desse momento. Faz parte da cultura das pessoas que vieram da Alemanha e resgatar isso é o mais gratificante. Nos sentimos parte — relata.
American India Pale Ale, American Lager, Australian Pale Ale, Belgian Blond Ale, Strong Ale, Witbier, Dark Lager, Double Ipa, English Brown Ale, Weizenbier, Gose, Pilsen, Dunkel, Munich Helles, Saison, Bock e Vienna são os estilos de chope à disposição na Oktoberfest 2017. Escolha o protagonista da sua Oktober.
:: Confira outras notícias de Blumenau e região em santa.com.br