Um dos livros mais famosos do mundo é também objeto de desejo de recordistas de Jaraguá do Sul e região. Os responsáveis pelo Bananalama, as vitórias-régias de Corupá e o mosaico gigante em frente ao Parque Malwee, lutam para estar superlista. Quem já chegou lá não se arrependem e fala com orgulho por estar registrado nas páginas tão cobiçadas. O maior colecionador de embalagens de cigarros das Américas e a piloto de parapente com o voo mais longo são os dois recordistas da região no Guinness Word Record, ou simplesmente, Guinness Book. Não importa qual a marca a ser batida, eles querem mostrar seus feitos para o mundo. Conheça um pouco mais de cada um desses personagens:

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Coleção não para de crescer

Há um pouco mais de dez anos, ao folhear as páginas do “Guinness Book”, era possível conhecer a coleção de Célio Alberto Eisenhut. O jaraguaense que coleciona embalagens desde 1979 detém o recorde de maior colecionador de carteiras de cigarros das Américas.

Os anos se passaram e o número de caixinhas só aumentou. Em 1999 e 2000 (anos em que o recorde foi catalogado no livro) eram 43 mil exemplares. Hoje, são 72 mil vindas de todos os cantos do mundo. A mais rara é do Império Austro-húngaro, datada de 1852, adquirida em 2009.

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O colecionador aguarda duas encomendas para o ano que vem e, assim, poderá chegar a 100 mil unidades. A aquisição das caixas ocorre em forma de intercâmbio. Colecionadores do mundo compartilham unidades repetidas. Célio, que trabalha na Weg há 30 anos, recebeu recentemente a ajuda de um dos fundadores da empresa, Egon da Silva.

– Ele pediu aos escritórios e representantes da empresa que enviassem carteiras de cigarros para mim – conta.

Mas o objetivo do recordista não é voltar para o livro, e sim fundar o Museu do Tabaco. A curiosidade é que ele não é fumante, e também aparece

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no livro “Ranking Brasil”.

Ela voou longe e pousou no Guinness

Um pouco mais recente é o feito da carioca Kamira Pereira, de 32 anos. A piloto da equipe da empresa jaraguaense SOL Paragliders realizou em 2009 o voo feminino de parapente mais longo do mundo. Ele voou 320 quilômetros em oito horas e acabou “pousando” nas páginas do livro dos recordes. A marca foi homologada pela Federação Aeronáutica Internacional (FAI) em voo que aconteceu na cidade de Quixadá (CE), em novembro de 2009.

– Como a edição de 2010 já estava pronta na época, o meu recorde acabou entrando para 2011. Quando vi não acreditei. É uma coisa que marcou a minha vida, uma experiência única e maravilhosa – descreve. Perguntada se quebrará o próprio recorde, Kamira acredita que será difícil.

– Depois que tive filhos me afastei um pouco do voo livre, mas quero volta a voar, só não sei se conseguirei o mesmo nível. Para fazer uma marca dessas é preciso muita dedicação, conhecimento e preparação física – revela.

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Bananalama espera uma resposta

Um dos eventos radicais mais expressivos da região, o Bananalama aguarda com ansiedade a inclusão de sua marca no livro dos recordes. Apesar de usar o slogan “maior encontro de trilheiros do mundo”, o evento ainda não detém a marca.

Em 2011, a organização enviou os documentos, mas faltou a ficha de inscrição e um atestado de que a pessoa participou da trilha. Este ano, esses papeis foram providenciados e encaminhados em agosto para a sede do Guinness em São Paulo. O evento ocorreu em julho e reuniu 2.456 trilheiros.

– Estamos na expectativa. A única resposta que tivemos deles até agora é que está sob análise – informa Fabiano Rosá, presidente do Clube de Trilheiros Bananalama.

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O único evento que se tem notícias com grande número de participantes ocorre na Europa e chegou a reunir 1.143 motos. Apesar de quererem homologar o recorde de 2012, a edição do Bananalama que teve mais trilheiros ocorreu em 2011, quando reuniram 2.596 inscritos.

– Queremos levar o nome de Corupá para o mundo. Se der tudo certo será uma imensa satisfação para gente – garante Fabiano.

Planta que se adaptou ao Sul

Desde 2004 o aposentado Manfred Millnitz aguarda uma resposta do Guinness Book sobre o seu recorde. Dono de uma propriedade em Corupá, Manfred cultiva lindas vitórias-régias. As folhas chegam a medir 2,5 metros de diâmetro, tamanho que ele acredita ser o maior do mundo.

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A residência faz parte do roteiro turístico da região e recebe todos os anos, de março a maio, visitantes de todo o Brasil e também do mundo. As plantas se adaptaram bem ao solo da chácara dos Millnitz.

– Acredito que tenha alguma propriedade na terra que favorece o crescimento. Porque já dei sementes a outras pessoas, mas nenhuma atingiu o tamanho que tenho aqui -relata Manfred, que há 20 anos comprou a primeira vitória-regia de um amigo que trouxe da Amazônia.

O corupaense não tem ideia porque suas plantas não foram homologadas pelo Guinness, mas disse que se conseguir mais apoio, voltará a tentar o título. “Preciso de investimento também para tornar um parque de visitação pública com mais estrutura”, revela. O local recebe cerca de quatro mil visitantes ao ano e também oferece alimentos congelados, cuja especialidade é o Strudel.

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Artista quer retomar processo

Quando o artista plástico Paulo David da Silva, o Paulico confeccionou o painel de 600 m² a correria não deixou com que levasse adiante o processo de homologação do Guinness Book. Mas para o ano que vem o jaraguaense de 49 anos quer retomar e colocar sua obra de arte entre as maiores do mundo.

Paulico trabalha para que o painel que confeccionou em 2006, em frente ao Parque Malwee, em comemoração ao centenário da família Weege, entre no livro dos recordes como o mosaico com maior números de peças da América Latina. São 23 painéis, com 6,5 por 3,90 metros, que somam mais de duas mil peças de azulejos. O artista demorou 16 meses para deixar a obra pronta, 12 para confeccionar e outros quatro para aplicar as peças.

– Tenho conhecimento apenas de um painel em uma biblioteca no México, que tem quatro mil m², mas possui menos azulejos – informa.

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Paulico acredita que nesses seis anos nenhum outra obra foi feita com tantos azulejos.

Como alcançar um recorde

O que se deve fazer antes de tentar quebrar ou estabelecer um recorde?

O primeiro passo é registrar-se no site (member.guinnessworldrecords.com/br) e preencher o formulário da seção “bata um recorde”. O Guinnes enviará as informações sobre o recorde como a marca atual e as regras a serem seguidas, além de um Kit do Candidato a Recordista, que traz a lista evidências que precisará reunir para comprovar o recorde. Caso queira tentar algo que nunca foi feito antes, o Guinnes avaliará a sugestão e decidirá se a proposta foi considerada viável.

Pode fazer solicitação pelo correio?

Não. Só são aceitas propostas de recordes via formulário online.

O que é preciso fazer para que o recorde seja validado?

Precisar reunir as evidências listadas no kit e enviar para o escritório em Londres (3rd Floor, 184-192 Drummond Street, London, NW1 3HP, United Kingdom). Depois, o Guinness verificará num período de cerca de seis semanas. Caso a tentativa tenha sido bem-sucedida, será envido um certificado.

O que é a certificação de recordes in loco?

A certificação de recordes in loco ocorre quando um juiz oficial do Guinness World Records assiste à tentativa e, caso ela seja bem-sucedida, certifica o recorde imediatamente.

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Qual é o prazo para sair a resposta à solicitação de recorde?

A cada ano, o Guinness recebe em torno de 60 mil solicitações de recordes. Em função disso, normalmente demora de quatro a seis semanas para responder.

Onde comprar o livro?

O livro é encontrado em grandes livrarias do mundo inteiro, a partir de setembro.

Quanto custa para fazer uma tentativa de recorde?

Nada, mas precisará pagar se quiser usar o serviço Fast Track (cobrança opcional para agilizar o processo, solucionado em três dias úteis) ou quiser que algum membro do Guinness assista ao seu evento. Todo recordista receberá, sem qualquer despesa, um certificado em reconhecimento por sua conquista.

Quanto o Guinness World Records paga aos recordistas?

Jamais é pago qualquer quantia aos recordistas por seus feitos, tampouco ressarcidas as despesas.

Aparecem todos os recordes no livro?

Muitos dos candidatos são bem-sucedidos em suas tentativas e os recordes passam a integrar o banco de dados. Porém, é impossível publicar todos os recordes. Cabem aproximadamente 4 mil recordes no livro.

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Que tipo de recorde não se deve tentar quebrar?

Algumas propostas de recorde são perigosas demais, principalmente quando podem trazer risco para espectadores ou participantes. Outras são simples demais, não representando um desafio a ser superado. Há ainda aquelas que são restritas a um único indivíduo ou grupo e, portanto, impossíveis de bater.

Fonte: Guinness World Records