Os turcos são chamados a escolher em 1º de novembro seus deputados nas eleições legislativas antecipadas marcadas pela retomada dos combates entre as forças turcas e os rebeldes curdos, além de um atentado suicida atribuído aos jihadistas que fez 102 mortos em outubro.
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Veja os principais protagonistas desta votação:
– Ahmet Davutoglu, o fiel primeiro-ministro
O chefe do governo cessante tem a difícil tarefa de resgatar para o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, islâmico-conservador) a maioria absoluta no Parlamento, perdida nas legislativas de 7 de junho, após treze anos de hegemonia.
Aos 56 anos de idade, sempre fiel ao presidente Recep Tayyip Erdogan, fez campanha prometendo em caso de vitória do AKP de destruir os “terroristas”, os rebeldes curdos e os jihadistas.
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Mas a oposição acusa seu governo de ambiguidade vis-à-vis o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) por sua “negligência”, além de acusa-lo de ser responsável por ter mergulhado a Turquia no pântano da Síria quando ainda era ministro das Relações Exteriores.
– Recep Tayyip Erdogan, o “sultão” adorado ou odiado
Único mestre do país durante o seu reinado como chefe de governo (2003-2014), Erdogan tenta desde a sua eleição à presidência em agosto de 2014 manter o controle exclusivo sobre a vida do país.
Mas a derrota sofrida em 7 de junho pelo seu partido acabou, pelo menos temporariamente, com os seus sonhos de “superpresidência”.
Onipresente na última campanha, o chefe de Estado, de 61 anos, tem se mostrado mais discreto, mas ainda está determinado a reformar a Constituição.
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Além de ser acusado de autoritarismo, Erdogan é apontado por seus adversários de se valer de uma estratégia de tensão e de ser o principal responsável pela polarização extrema do país.
– Selahattin Demirtas, o homem a ser vencido
Estrela ascendente da política turca, o co-presidente do Partido Democrático Popular (HDP, pró-curdo) é amplamente creditado pelo sucesso de seu partido em 7 de junho, com a conquista de 80 assentos parlamentares, o que ajudou a privar o AKP da maioria absoluta.
Este advogado de 42 anos conseguiu atrair a atenção do público para o HDP, transformando-o de um partido de defesa da causa curda em um partido de esquerda moderno, que defende os direitos das mulheres e das minorias.
Nemesis do presidente Erdogan e do AKP que o acusam de cumplicidade com os rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), Demirtas foi forçado a fazer uma campanha discreta após o atentado em Ancara, que visou particularmente ativistas pró-curdos.
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– O PKK, inimigo de trinta anos
O Partido dos Trabalhadores do Curdistão, considerado um grupo terrorista pela Turquia e seus aliados da Otan, conduz há mais de 30 anos uma luta contra o governo central de Ancara, que já fez cerca de 40.000 mortos.
Depois de mais de dois anos de negociações de paz, o PKK acabou no verão passado com o cessar-fogo unilateral e retomou sua campanha de ataques contra as forças de segurança turcas, acusando o regime de Erdogan de enganar os curdos ao apoiar os jihadistas do EI.
O PKK declarou uma trégua, pouco respeitada, há duas semanas, para não prejudicar o HDP antes das eleições.
– O grupo Estado Islâmico, a nova ameaça
A Turquia foi por muito tempo acusada de proteger os jihadistas do EI, em guerra contra os curdos da Síria e o regime do presidente sírio Bashar al-Assad, inimigo de Ancara.
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O país também tem sido suspeito de tolerar as atividades dos jihadistas e até mesmo apoiá-los.
Sob pressão dos seus aliados, o regime de Erdogan foi forçado a intervir militarmente contra o EI após o ataque em Suruç (sul), em julho, e fazer parte da coalizão antijihadista.
O duplo atentado suicida de Ancara, que traz a marca do EI, provou que a Turquia é agora um dos seus inimigos.
* AFP