O mundo se importa com as eleições americanas porque os Estados Unidos ainda são a maior potência mundial e um competidor à altura ainda está distante. O que é definido no país tem consequências econômicas e ajuda a definir a geopolítica do planeta. Os próprios americanos, obviamente, são os mais interessados em saber quem os governará pelos próximos quatro anos. A crise econômica iniciada no governo de George W. Bush atravessou o governo do presidente Barack Obama, e os sinais para futuro não são alentadores. Tamanho é o desconforto que o republicano Mitt Romney, um candidato conhecido pelas gafes e com uma campanha política repleta de erros estratégicos, mantém-se como um candidato competitivo. Depois de quatro anos de Obama, a percepção do americano médio é de que as coisas seguem iguais. A seguir, os principais temas que regem as preocupações nacionais e que vão definir as eleições para a Casa Branca no dia 6 de novembro.

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Política externa

Os Estados Unidos estão direcionando sua estratégia de longo prazo para o leste da Ásia, onde buscam estabelecer um contraponto ao crescente poder chinês. Os problemas no Oriente Médio, porém, permanecem. O antiamericanismo persiste, o resultado da Primavera Árabe é incerto, o processo de paz entre Israel e palestinos está paralisado, e o Irã desafia o Ocidente ao enriquecer urânio.

Posição dos candidatos

OBAMA

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O presidente ainda sofre com o desgaste da morte do embaixador morto em Benghazi. Os EUA têm demonstrado ambiguidade em relação à Primavera Árabe, mas garantiram a intervenção na Líbia de Kadafi. Mas não há indícios de que algo similar ocorra na Síria. Quanto ao Irã, Obama vem pressionando por meio de sanções e já afirmou que não vai permitir que o país tenha armas nucleares.

ROMNEY

Reiterou que mais ajuda deveria ser dada aos rebeldes sírios e acusa Obama de deixar o Irã mais próximo da bomba. Acredita que o país está perdendo o papel de liderança no mundo e diz que vai retomar o protagonismo americano. Pretende reforçar os laços com Israel, que está em um momento de relações tensas com Washington.

SAÚDE

O sistema público de saúde americano tem cobertura limitada, com programas específicos (o Medicare e o Medicaid) para pessoas idosas ou pobres. É consenso bipartidário que o sistema é ineficiente e caro. Algumas previsões indicam que se nada for feito os custos dos serviços chegarão a 20% da receita pública até 2022.

Posição dos candidatos

OBAMA

Tentou diminuir os gastos com o Medicare, com a aprovação do Affordable Care Act, uma medida polêmica na qual os 50 milhões de americanos sem cobertura serão obrigados a comprar seguros privados, sob pena de multa simbólica. O governo vai subsidiar parte dos custos e forçar os Estados a criar um mercado de planos que possam ser comparados. O custo previsto é de US$ 1 trilhão em 10 anos.

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ROMNEY

Quer repelir parte da lei de Obama. Como o usuário do sistema público precisa arcar com até a metade dos custos do tratamento, o projeto do republicano é permitir a competição entre as empresas de seguro privado e o Medicare em um novo mercado. Em vez de oferecer aos idosos a cobertura do Medicare, o governo forneceria um subsídio equivalente ao custo do segundo seguro mais barato.

Empregos

O índice de desemprego entre os trabalhadores americanos é de 7,8%. É o número mais baixo depois de 43 meses acima de 8%. Os jovens, contudo, permanecem saindo da faculdade e encontrando poucas vagas. Há também nos EUA a transferência de postos de trabalho do setor industrial para países onde é mais barato produzir. É um dado que revela uma economia com dificuldade para se reerguer e se reinventar.

Posição dos candidatos

OBAMA

Diz que criou 5 milhões de empregos no setor privado nos últimos 30 meses. Quer investir na criação de vagas no setor produtivo, dando incentivos fiscais a empresas que atuarem em território americano. Também pretende auxiliar os pequenos negócios a exportarem seus produtos em novos mercados.

ROMNEY

Afirma que seu plano de cinco etapas vai ser capaz de criar 12 milhões de empregos e aumentar o salário líquido. Argumenta que, ao contrário de Obama, vai deixar as empresas quebrarem para que elas possam se reestruturar e voltar mais fortes. Para Romney, é importante entender como uma empresa funciona, para fazer com que elas funcionem e contratem mais gente.

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Imigrantes

Como os dois candidatos não se cansam de repetir, os Estados Unidos são uma nação formada por imigrantes. A quantidade de imigrantes ilegais no país, porém, é impopular. Ao mesmo tempo, os que já estão legalizados representam uma parcela generosa da população (23,7 milhões de pessoas, segundo o Pew Research Center) apta a votar.

Posição dos candidatos

OBAMA

Os EUA têm de consertar o sistema de imigração. Reduzir a fila de espera pelos vistos e tornar simples, fácil e barato o processo para os que obedecerem à lei. É preciso aumentar o efetivo da patrulha na fronteira com o México. Se é para deportar os ilegais, deve-se ir atrás dos que comentem crimes, e não dos que querem dar uma vida melhor para a família.

ROMNEY

Deve-se dar vistos ou green cards às pessoas que estudam campos da ciência essenciais para o país. Igualmente, é preciso deter a imigração ilegal e não anistiá-la, pois existem 4 milhões de pessoas esperando para entrar legalmente no país. Não acha correto, por exemplo, permitir que os ilegais possam obter carteira de motorista.

Impostos

Diz a piada que só temos duas certezas na vida: a morte e os impostos. Nos EUA, a grande questão é sobre o quanto cada um deve pagar. O rombo no orçamento e o baixo crescimento econômico criam a necessidade de um aumento de impostos, mas seu excesso comprometeria o sistema produtivo.

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Posição dos candidatos

OBAM

Obama quer aumentar a taxa marginal (porcentagem retirada por cada ganho adicional) do imposto de renda para as grandes empresas (39,6%) e para quem ganha acima de US$ 250 mil por ano (36%). Pretende aliviar a carga tributária paga por aposentados, pobres e estudantes. Com isso, quer arrecadar US$ 1,5 trilhão.

ROMNEY

Pretende simplificar o código tributário e baixar os impostos para a maior parte da população e, ao mesmo tempo, limitar as deduções e isenções dos 5% mais ricos. A classe média ficaria livre de pagamentos sobre lucros com juros e ganhos financeiros, porque, segundo ele, permitiria aos pequenos negócios investir e contratar mais.

Dívida pública

De acordo com a revista The Economist, a dívida está entre as três maiores preocupações do eleitor americano. No hall dos que prometeram acabar com o problema estão Franklin Roosevelt, John Kennedy, Jimmy Carter, Ronald Reagan e George Bush pai. Todos prometeram, nenhum cumpriu. O rombo atingiu um número astronômico: US$ 16,2 trilhões.

Posição dos candidatos

OBAMA

Durante sua gestão, o presidente americano chegou a nomear uma comissão sobre a dívida pública, que, por sua vez, propôs corte nos gastos governamentais e aumento de impostos. Ele também propôs um gatilho para manter os déficits, em média, abaixo de 2,8% do PIB na segunda metade da década.

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ROMNEY

Disse que trabalharia para aprovar uma emenda à Constituição que obrigue o país a reequilibrar o orçamento. Embora não haja muitos detalhes, prometeu sanar a dívida num período de oito a 10 anos. Chegou a defender a elevação da idade para aposentadoria, como maneira de diminuir o rombo da previdência social.