O dia 24 de abril é dedicado ao combate à meningite. Febre alta com começo repentino, dor de cabeça intensa, prostração, rigidez da nuca, vômitos e náusea. Em crianças pequenas, pode haver afundamento ou elevação da moleira. Esses são os principais sinais que o corpo dá e que merecem atenção porque podem indicar meningite, cujos tipos mais comuns são a bacteriana e a viral.

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O primeiro, que exige internação e tratamento com antibióticos, pode causar danos mais profundos. O outro, menos grave, pode ser tratado com medicações sintomáticas (remédios para dor, febre, vômitos) e tem ciclo autolimitado. Se você sentir ou presenciar pessoas com esses sintomas, procure ou indique auxílio médico.

Em geral, a transmissão é de pessoa a pessoa, pelas vias respiratórias, por gotículas e secreções da nasofaringe, havendo necessidade de contato próximo (moradores da mesma casa, pessoas que compartilham o mesmo dormitório ou alojamento, comunicantes de creche ou escola) ou contato direto com as secreções respiratórias do paciente. Nesse caso, deve-se também buscar auxílio médico. A meningite ocorre quando há um processo inflamatório de membranas que envolvem o cérebro chamadas meninges.

O alerta para cuidados é válido porque, quando não causa a morte, o tipo bacteriano pode deixar sequelas para o resto da vida e que variam de acordo com a gravidade. Pode prejudicar o desenvolvimento (estatura), causar perda da visão, danos neurológicos e amputação dos membros, por exemplo.

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– Na suspeita, já se deve fazer exames. Nesse caso, o excesso de zelo é válido. O quanto antes for diagnosticada, melhor – ensina a médica Valéria Slowiki da Silveira, infectopediatra do Hospital Infantil Jeser Amarante Faria, de Joinville.

A instituição fez, no ano passado, 37 atendimentos, sendo 24 para virais e 13 bacterianas, mas dois casos foram descartados. Em 2015, houve 35 notificações: 26 do tipo viral, oito bacterianas e um foi descartado. Neste ano, são 13 casos: nove virais, três bacterianas e um sem identificação. Já a Secretaria de Saúde de Joinville registrou 111 (58 virais e 53 bacterianas) no ano passado. Em 2017, foram 23 casos até agora: 13 virais e dez bacterianas. Felizmente, não houve mortes. Todos os registros de meningite, tanto da rede pública, quanto da particular, devem ser notificados à secretaria.

Uma das formas de prevenção, principalmente em crianças, diz Valéria, é manter o calendário de vacinação em dia, já que a imunização oferecida pela rede pública cobre boa parte dos tipos de meningite. Há também a opção de buscar a vacina, geralmente ministrada em duas doses, que abrange mais tipos de bactérias e tem poucas contraindicações, em clínicas particulares. Os preços variam conforme o estabelecimento.

Além da vacinação, é recomendável evitar lugares fechados e com aglomeração de pessoas e manter a higiene das mãos.

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Nova caminhada para Vítor

Uma nova caminhada. É assim que Leila Ivone Porrua Braga, 39 anos, e Luciano Braga, 41, pais do menino Vítor Braga, 13 anos, definem a atual fase do garoto.

Para entender isso, é preciso voltar ao fim do ano de 2015. A família passava férias em São Francisco do Sul. No dia 27 de dezembro daquele ano, o adolescente começou a passar mal. Em princípio, no posto de saúde, diagnosticou-se algum problema na garganta. Apesar da medicação, o quadro piorava, com febre alta. Até que os pais foram aconselhados a buscar exames mais detalhados em Joinville, onde a família mora. E o resultado foi desolador: o menino estava com meningite bacteriana, o tipo mais severo dessa doença.

Foi iniciada uma batalha pela vida de Vítor. O menino precisaria amputar as pernas e parte dos dedos das mãos para ter chance de sobreviver. Isso tirou o chão dos pais, mas não havia outro jeito. Após dois meses internado, Vítor voltou para casa. Iniciava-se ali mais uma luta, agora para dar melhor qualidade de vida ao adolescente, e isso passava pela compra de próteses para as pernas. O custo delas assustava, mas não desanimava a família, apesar de Leila ter de deixar o emprego para dar total atenção ao filho.

– Não tinha como eu trabalhar. Mas, graças a Deus, muitos amigos nos ajudaram. Até pessoas que não conhecíamos. Sempre tivemos fé de que sairíamos daquela situação – conta Leila.

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Várias ações foram realizadas para que as próteses fossem compradas, como rifas, bingos e baile. E o esforço valeu a pena: após pouco mais de um ano de tratamento, Vítor está na fase de adaptação. Em maio, ele voltará a Sorocaba-SP, onde foram feitos testes e comprados os equipamentos definitivos, que foram adquiridos por R$ 40 mil.

Mesmo com a ajuda de amigos, o casal ainda precisa arcar com custos da fisioterapia, feita em clínica especializada em amputações. Vítor frequenta a ARCD uma vez por semana. A instituição faz todo o tratamento pelo SUS, mas, por causa da falta de vagas devido à crise pela qual a entidade passou, por enquanto não é possível aumentar o número de sessões.

Os pais do menino desembolsam, com a fisioterapia, mais de R$ 500. Além disso, há outros custos, como a compra de meias especiais, feitas de silicone, para não causar feridas. O produto não existe em Joinville. O casal manda vir de São Paulo, a R$ 240 o par, que dura cerca de um mês.

Vítor está estudando na oitava série em casa, com o auxílio de uma professora do município. Em agosto, ele volta à escola e passará por uma nova fase: a de adaptação para convívio social, para reaprender a rotina escolar.

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Em setembro, a família pretende fazer uma feijoada para arrecadar dinheiro para a continuação do tratamento. Quem quiser contribuir pode fazer depósito na Caixa, agência 1554, conta 5294-6, operação 13. O contato para mais informações e doações são: (47) 3466-3777 e 99221-1470.

Uma segunda chance

O que vou contar neste texto, poucas pessoas fora do círculo familiar sabem: tive meningite, o que quase me custou a vida. Era o ano de 1974, quando eu estava com dois anos e não havia muitos dos recursos da medicina que existem hoje em Joinville.Tudo começou com uma febre que não baixava. Meus pais, então, me levaram a um hospital, onde fui diagnosticado com gripe e problema de garganta, comuns em qualquer criança. Voltamos para casa, mas o tempo passava e o quadro não melhorava; ao contrário, só piorava.Nova ida ao hospital, onde fiquei internado para exames. Dois dias depois, minha mãe retornou para saber o resultado, e não poderia ser mais aterrador: meningite bacteriana. Desesperada, saiu chorando pelo corredor do hospital. Foi nessa hora que apareceu uma médica (Léa da Silva Jardim – obrigado, doutora!), que quis saber o que havia acontecido.

Ao ouvir o relato, disse que iria até o quarto onde eu estava para me avaliar. A pediatra falou que eu teria uma chance de sobreviver, mas precisaria, em no máximo 24 horas, de dois medicamentos: um deles só havia em Florianópolis e o outro, em Curitiba. Só que existia um problema, além do tempo, que corria rápido: o custo dos remédios era altíssimo, que meu pai, que trabalhava na Tupy, não teria como arcar.

Então minha mãe foi até o Sindicato dos Metalúrgicos, na rua Conselheiro Mafra, no Centro, pedir auxílio. Vendo o desespero dela, um diretor da entidade disse que poderia providenciar um dos medicamentos e descontar em parcelas baixas.Sem perder tempo, minha mãe foi a pé até o setor de benefícios da Tupy, no Boa Vista, para tentar conseguir o outro medicamento. A empresa, então, se dispôs a buscá-lo e descontar também em parcelas de acordo com as condições do meu pai. No outro dia de manhã, chegaram os remédios, que foram ministrados. Após três semanas em coma, dei sinais de melhora e, depois de algum tempo, voltei para casa. Mas a meningite deixou sinais como ¿herança¿ , alguns não notados pelas pessoas: comprometimento irreversível da visão do olho esquerdo, insensibilidade à dor em parte do lado esquerdo da cabeça, além do problema no desenvolvimento (sou um “gigante” de 1,50 m). Por incrível que pareça, este último foi o que mais me causou aborrecimentos e decepções, principalmente na adolescência. Mas isso é uma outra história.

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O que peço aos pais é que, como os meus e os do menino Vítor, fiquem alertas aos sinais. Infelizmente, pode não haver uma segunda chance.