Atrás do balcão de todo food truck tem uma história a ser contada e uma maratona que começa muito antes do festival. Alguns daqueles que decidiram ter o negócio sobre rodas viram a tendência como uma nova oportunidade de trabalho, outros desistiram das carreiras para apostar em algo mais prazeroso e tem aqueles que estão no ramo mas quiseram investir em algo diferenciado. A segunda edição do Food Truck Festival, que trouxe 50 participantes de diversas partes do Brasil, tem empresários de todos os tipos e eles contaram como é a rotina dessa vida itinerante que levou sabores para lá de deliciosos a Blumenau no fim de semana.

Continua depois da publicidade

Quem vê de longe a jovem de 27 anos sentada no lugar do carona de uma Kombi 1976 vendendo tíquetes de churros não imaginava, mas ela é também assessora de um desembargador do Tribunal de Justiça. Ana Paula Romero é casada com o publicitário, Raphael Albini, 38, que desistiu da carreira em maio do ano passado. Eles juntaram a paixão pelo doce de Ana Paula e o descontentamento do emprego de Raphael, aliado à tendência de comida de rua, e resolveram abrir o Me Gusta Churros com um investimento de R$ 40 mil em dezembro do ano passado em Pinhais (PR).

O truck foi uma das atrações que mais atraiu o público no festival com a iguaria que veio da Espanha mas em uma versão brasileira com direito a doce de leite caseiro, chocolate belga e geleia de mirtilo. O casal conta que a rotina de segunda a quinta-feira é de produção da massa em casa e compra dos produtos. Depois, eles seguem para a cidade onde ocorre o evento e contam com a ajuda de outras quatro pessoas para vender 1,5 mil cones por dia – cada um vem cinco churros.

Enquanto um fica no caixa em um período, outras duas pessoas ficam em cima da Kombi finalizando o produto e assim vão se revezando ao longo do dia. Como estão congelados, os churros são fritos na hora e levam o sabor da preferência do cliente. É a segunda vez que o truck vem a Blumenau:

– Quisemos levar para as ruas um churros de qualidade, com o que tem de melhor no mercado. A rotina é corrida, mas estou bem mais realizado fazendo o que gosto _ conta Raphael.

Continua depois da publicidade

Quem também se realizou ao largar o emprego e apostar numa vida bem diferente foi Tiago Schappo, 32, de Florianópolis, que deixou de lado a vida como trader esportivo e há dois meses comanda os fogões do Hoje Tem Food Truck, cujo carro chefe é o risoto de linguiça Blumenau na cachaça com damasco e farofa de bacon.

Diferente do Me Gusta Churros, que faz a produção em casa, o food truck de Florianópolis tem uma cozinha industrial dentro da própria Sprinter e tudo é preparado ali dentro. Tiago investiu alto: foram R$ 150 mil para o veículo ser todo revestido de inox, funcionar com três fontes de energia (gerador, baterias e elétrica) e ainda ter um selador à vácuo, para congelar o risoto pré-cozido. A cada cinco minutos, 10 pratos são feitos pela equipe de quatro pessoas – uma fica no caixa, uma no apoio, uma na finalização e Tiago no fogão.

– O food truck tem que oferecer algo diferenciado dos restaurantes. Deve ser mais barato, com a mesma qualidade e servir um prato ousado, que as pessoas normalmente não encontrariam para vender nas ruas – conta Tiago, que depois de uma arritmia cardíaca e poucas horas de sono foi convencido pelos amigos de que esse seria o melhor negócio.

Do restaurante para o truck

O empresário do Didge – de comida australiana -, Rafael Cunha, 38, acompanha o movimento dos food trucks há bastante tempo fora do Brasil e decidiu investir neste tipo de negócio para atender às expectativas de consumo do cliente e fortalecer a marca. Para ele o restaurante e o food truck se complementam e participar com o caminhão em festivais é uma maneira de conquistar uma clientela que talvez não iria ao restaurante:

Continua depois da publicidade

– Tivemos a percepção de se aproximar dos clientes em outros momentos de consumo. Mesmo se ele não for a um restaurante, ele vai comer no horário de trabalho, por exemplo, e procura um lugar mais descontraído e barato.

No caminhão Ford ano 1996 comprado em uma leilão da Rede Globo – ele funcionava de ilha de edição no Rio de Janeiro – trabalham cinco pessoas: uma no caixa, duas montando os hambúrgueres, um na chapa e outra no abastecimento. Para a logística funcionar bem e haver segurança no preparo dos alimentos ele faz toda a produção nos restaurantes e só finaliza o sanduíche no local:

– É uma cozinha de finalização. Para isso temos também um caminhão refrigerado e viemos preparados para vender 3 mil hambúrgueres, que é a matéria-prima principal. Se faltar alguma coisa como salada, podemos comprar aqui.

No fim, com tantas opções e histórias, quem ganha é o público, que afirmou que o evento desta vez esta mais organizado e tem mais opções para todos os bolsos e gostos:

Continua depois da publicidade

– Na outra edição cheguei até na frente da Vila Germânica e desisti quando vi as filas. Este ano está bem mais organizado, dá para sentar e tem tanta opção que fica até difícil escolher – conta a nutricionista Caroline Baumgarten, 32 anos.

::: Clique aqui e baixe o Guia do Food Truck

Serviço

Quando: 11, 12 e 13 de setembro de 2015

Onde: Parque Vila Germânica

Horários: dia 11/9 (das 18h às 24h), 12/9 (das 11h às 24h) e 13/9 (das 11h às 21h)

Entrada: R$ 10,00

Meia-entrada: R$ 5,00

*Crianças de até 12 anos não pagam