O manezinho Leonardo José Fernandes nunca tinha participado de uma corrida de rua até ver na TV uma propaganda da Maratona de Santa Catarina 2012. Mesmo sem ter noção do que seria percorrer 42 km, ficou interessado e decidiu se inscrever 20 dias antes da prova. É de se imaginar que ele tenha desistido na metade ou caminhado a maior parte do percurso. Mas na estreia, cravou logo o tempo de 3h24min, sonho de muito corredor amador de longa data.
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– Terminei a prova completamente esgotado, com dores no corpo inteiro, e quando vi que estava entre os 70 primeiros não acreditei – conta.
Impressionado com o próprio desempenho, o jovem catarinense resolveu dar uma chance ao esporte. Começou treinando por conta própria, depois do dia de trabalho como montador de móveis.
Em menos de dois anos de dedicação, Fernandes avançou dos 42 km para a ultramaratona – os 84 km do Desafio Praias e Trilhas de 2013 foi a maior distância que já percorreu. Pódios em provas curtas, no asfalto e off-road, também foram incluídos no currículo.
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No início de 2014, juntou-se ao grupo de corrida Urapazi e reforçou a preparação. Aos 24 anos, mesmo ainda amador, deixou de ser zebra para assumir o status de favorito. O próximo desafio dele será neste domingo, na Wings For Life World Run, e ele só quer saber de vitória.
– É uma prova completamente diferente, que não tem chegada. E isso motiva muito. Para quem, assim como eu, estiver competindo para valer, o trecho mais difícil deve ser o Morro da Cachoeira, isso se conseguirmos chegar lá – brinca, ao lembrar do “carro seguidor” que parte do ponto de largada 30 minutos depois dos competidores.
– Minha estratégia é não acelerar demais no começo nem me desesperar quando aparecer o “carro seguidor”. Vou manter o ritmo um pouco acima dos 4min/km e tentar ultrapassar os 50 km – diz, confiante.
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Enquanto Leonardo estiver pelas vias de Florianópolis, outros 40 mil competidores correrão por ruas de 33 cidades do mundo com o mesmo objetivo: fugir do “carro seguidor”. A Wings For Life World Run é uma prova global que vai apontar, além dos vencedores locais, um único campeão mundial. Está na Itália um dos favoritos ao título geral. É Giorgio Calcaterra, ultramaratonista tricampeão mundial dos 100 km.
Diário Catarinense – Por que decidiu participar da Wings For Life World Run?
Giorgio Calcaterra – Para ajudar uma causa nobre, por competir contra pessoas do mundo inteiro e, principalmente, porque achei o formato muito interessante.
DC – Que distância espera alcançar?
Calcaterra – Fazendo um cálculo da velocidade que eu pretendo imprimir e da que o carro irá andar pelo do site oficial da prova, acho que posso chegar até os 90 km.
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DC – Qual deve ser a maior dificuldade?
Calcaterra – O fato de competir contra pessoas do mundo todo. Topografia, clima, temperatura, tudo influencia. Além disso, o fato de não ter os adversários no visual também deixa tudo mais difícil e interessante.
DC – E o principal adversário?
Calcaterra – São muitas pessoas participando e eu não conheço a maioria. Muitos podem surpreender. Mas eu apontaria o japonês Takahiro Sunada, recordista mundial dos 100 km, como meu principal rival.
DC – Qual a sua expectativa?
Calcaterra – Nunca tinha imaginado uma prova neste formato. A expectativa é a melhor possível. É muito legal saber que, mesmo se eu não ganhar, só o fato de estar na prova já está fazendo bem para alguém.
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DC – Você tem medo do “carro seguidor”?
Calcaterra – Ainda não, mas vou ficar quando vir ele se aproximando de mim!