Um dos principais símbolos da preservação histórica, cultural e ambiental catarinense, a Ilha de São Francisco do Sul, no Litoral Norte, mantém memórias que remontam o tempo dos primeiros desbravadores de Santa Catarina. Considerada a mais antiga e primeira capital do Estado, a cidade de pouco mais de 50 mil habitantes é guardiã de 515 anos de história, preservadas por meio de seus museus, igrejas, casarios antigos em estilo colonial – tombados juntos em 1987 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, além de seus sambaquis, ruas e monumentos que atravessam séculos.

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O Centro Histórico, composto por cerca de 150 imóveis açorianos originais da cidade, pontos turísticos, bares e restaurantes, e lojinhas de artesanato, faz com que quem reside ou mesmo visite a Região tenha a sensação de transitar entre o presente e o passado. Em um único dia é possível conhecer, em detalhes, este cenário localizado às margens da Baía da Babitonga.

Para ter a sensação de pisar no ponto de partida da história da cidade, quem deseja conhecer as riquezas históricas e naturais da Região pode começar o passeio pelo Trapiche do Centro Histórico, que divide a terra firme das águas do mar e por onde possivelmente aportaram as primeiras embarcações. Veja outras sugestões de passeios e monte seu roteiro de viagem:

Mercado Público

Ao lado do trapiche e rodeado por um deck construído em 2006, está o Mercado Municipal de São Chico. O casarão faz parte do acervo tombado pelo IPHAN e foi inaugurado em 1900, em funcionamento até os dias atuais. A estrutura passou por restauração há cerca de dez anos por meio do programa Monumenta e hoje abriga mercearia, peixaria, loja de artesanato, lanchonete, barbearia e uma sala em que os frequentadores mais antigos do lugar usam para jogar dominó. O prédio é dividido por estabelecimentos que funcionam por meio de licitação e tem o chão de pedra também preservado. Há ainda um memorial do carnaval e o local serve de palco para apresentações musicais e folclóricas em determinadas datas. A Associação Francisquense de Artes e Artesanato (AFAA), há 20 anos sediada no espaço, é uma das opções para o turista que pretende levar lembranças simbólicas feitas por um grupo de 30 artesãos locais. "São trabalhos feitos à mão, em conchas, madeira, crochê e diversos materiais que chamam a atenção dos visitantes. O que mais sai são lembrancinhas entre R$ 5 e R$ 15 relacionados a São Chico, o mar e artigos religiosos", afirma a artesã Marinês Zomer.

Entre os estabelecimentos mais antigos do mercado também estão a peixaria Genecy Macedo, a barbearia do Nelson e a Lanchonete do Macuco. "Essa é a segunda geração da família em atividade no Mercado Público. Comecei pequeno com meu pai e estou aqui há quase 50 anos", recorda Cláudio Alves, 55 anos, o Macuco. Ele ainda tem mais seis anos de cessão de espaço para vender os famosos pastéis de berbigão no local.

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SERVIÇO:

O que? Mercado Público Municipal

Onde? Rua Babitonga, s/n, Centro Histórico, São Francisco do Sul

Quando? Diariamente, das 8h às 18h – alguns comerciantes abrem mais cedo, às 7h, e fecham mais tarde, às 19h30, na temporada

Quanto? Entrada franca para visitação. Já os valores dos produtos variam de acordo com o produto oferecido por cada comércio

Museu Histórico

O Museu Histórico de São Francisco do Sul, localizado na Rua Cel. Oliveira, é uma das mais antigas edificações da Ilha de São Francisco.Construído no final do século XVIII, já sediou a Câmara dos Vereadores e a Cadeia Pública do Município, servindo de prisão à líderes revolucionários da Guerra do Contestado. O Museu Histórico Municipal, abriga em suas salas e celas, objetos como documentos, fotos, plantas, jornais e utensílios dos antepassados da cidade.

SERVIÇO:

O que? Museu Histórico

Onde? Rua Coronel Carvalho, 1, Centro Histórico

Quando? Terça a sexta-feira, das 8h às 18h, e sábados e domingos, das 11h às 16h

Quanto? R$ 3 por pessoa

Museu Nacional do Mar

Aberto ao público em 1993, o Museu Nacional do Mar funciona nas instalações da extinta empresa de navegação Cia Hoepcke, em um prédio histórico erguido a pelo menos 115 anos. Importante mantenedor da história e do patrimônio naval brasileiro, o espaço reúne cerca de 90 embarcações em tamanho natural e mais de 100 em miniatura, artesanato e modelismo, dispostas em cerca de sete mil metros quadrados. Parada quase obrigatória para turistas e amantes do mar que visitam o município, o museu recebe em média 40 mil pessoas por ano em suas instalações e pode ser considerado uma salvaguarda do patrimônio naval brasileiro, reunindo em seu acervo grande diversidade de embarcações de várias regiões do país. Segundo o monitor do espaço, Jonatas Rubens Tavares, a escolha da cidade para receber o Museu Nacional do Mar se deve a sua forte relação com o mar, principalmente com a pesca (a construção de barcos já se iniciou com os primeiros colonizadores da terceira cidade mais antiga do Brasil). Porém, o principal motivo foi o prédio pertencer a cia de navegação Hoepcke. "Na década de 90 o edifício se encontrava abandonado e se degradando, então como se tratava de um armazém em frente ao mar, em cujo trapiche atracavam grandiosas embarcações, elegeram o prédio e o município para sediar o museu", reforça.

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Entre as peças de maior destaque está a embarcação I.A.T, do navegador Amyr Klink, utilizada na expedição pioneira em que ele atravessou a remo o oceano Atlântico Sul, na década de 1980. Há ainda jangadas de paus nordestinas, hoje já raras. Além da canoa de tolda Lu Lhia, do rio São Francisco, que foi importante embarcação para o desenvolvimento econômico do Nordeste.

SERVIÇO:

O que? Museu Nacional do Mar

Onde? Rua Manoel Lourenço de Andrade, 133, Centro Histórico

Quando? Terças a sextas-feiras, das 9h às 18h, e sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h

Quanto? R$ 5 inteira, R$ 2 meia-entrada

*menores de sete anos e maiores de 60 anos não pagam ingresso

Igreja Matriz Nossa Senhora da Graça

Um dos cartões-postais mais antigo e cheio de histórias do centrinho é a igreja que mantém no topo de seu altar a imagem original de Nossa Senhora da Graça, trazida a São Francisco do Sul em 1553 de forma surpreendente. O bergantim espanhol La Concepción, que se dirigia à região do Rio Prata, foi surpreendido em alto mar por uma forte tempestade que ameaçava a segurança da embarcação e de quem estava a bordo, e, que, no auge do desespero, ajoelharam-se perante a imagem e prometeram que se saíssem vivos dali, iriam construir, na primeira terra firme que encontrassem, uma capela dedicada à santa. A tempestade passou e dias depois, o grupo aportou em São Francisco, lugar no qual permaneceram por dois anos, e cumpriram a promessa deixando a imagem de recordação em uma pequena capelinha de pau a pique. A imagem espanhola tem pelo menos 530 anos e é feita inteiramente em madeira maciça de Cedro do Líbano.

Intacta mesmo com a passagem do tempo, a imagem ficou dentro daquela pequena capelinha até 1665, quando a primeira igreja catarinense foi inaugurada no local, criando a paróquia de São Francisco. Já em 1699 iniciou-se a construção da igreja nos moldes aproximados ao que existe no terreno hoje (só em 1957 ganhou a segunda torre). A igreja em estilo veneziano foi erguida por escravos para substituir o antigo templo, sendo utilizado em sua construção pedras do mar, calcário e óleo de baleia. Atualmente a Matriz passa por restauro.

SERVIÇO:

O que? Igreja Nossa Senhora da Graça

Onde? Praça Getúlio Vargas, 180, centro Histórico

Quando? Visitação diária, das 8h às 17h; Missas às quartas, 1ª sexta do mês e sábados, às 19h; no domingo, missas às 8h e 19h

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Quanto? Gratuito

Museu de Arte Sacra

Situado aos fundos da Igreja Nossa Senhora da Graça, o Museu Diocesano de Arte Sacra Padre Antônio de Nóbrega, conta com acervo de aproximadamente de 800 peças. De acordo com o diretor de patrimônio Carlos Lima, o espaço conta por exemplo, com um simbólico resguardo das madeiras de pau a pique da antiga igrejinha, deixada como comprovação da promessa cumprida pelos espanhóis. O espaço também mantém em seu interior o sepulcro de Antônio, padre por meio século na paróquia entre 1867 e 1915, e o primeiro altar da igreja de 1665. O espaço também conta com jóias e coroas em outro que eram doadas por nobres em homenagem à Nossa Senhora da Graça, crucifixos em madeira e marfim, estátuas sacras de roca, partituras em prata escritas em latim, matracas e relicários.

SERVIÇO:

O que? Museu de Arte Sacra

Onde? Praça Getúlio Vargas, anexo à Igreja Matriz

Quando? Terça a sexta-feira, das 9 às 12h e das 13h às 17h, e sábados e domingos, das 10 às 12 e das 13h às 17h30

Quanto? R$ 3 por pessoa

Passeio de Escuna

Dois barcos piratas homologados pela Capitania dos Portos, cada um com capacidade para cerca de 180 pessoas, faz diariamente durante a temporada um passeio por 14 ilhas que rodeiam da Ilha de São Francisco, o Capitão Vô Preto e o Holandês Voador. O trajeto dura de 3h a 4h e sai do Trapiche do Centro Histórico, passando pelos portos de São Francisco e Itapoá, Museu do Mar, Canal dos Golfinhos – em que é possível avistá-los, 14 Ilhas da Baía, e tem parada para almoço na Vila da Glória e para banho na Ilha das Flores. Há coletes e itens de segurança para crianças, e ainda é possível conhecer as histórias e as lendas relacionadas à Baía.

SERVIÇO:

O que? Passeio de escuna

Onde? Trapiche do Centro Histórico

Quando? Diariamente com saída às 11h30 e 15h30

Quanto? R$ 40 por pessoa

Para matar a fome!

A culinária açoriana está presente nos bares, lanchonetes e restaurantes espalhados pela beira mar e as vielas que ligam cada um dos edifícios tombados pelo Patrimônio Histórico. No Restaurante Portela, fundado há 30 anos na marina do Centro Histórico, chama a atenção do sucesso do prato 'Camarão Imperial', composto por camarão à milanesa, linguado e salmão grelhados, salmão grelhado, arroz à grega, fritas, banana à milanesa, frutas, salada e molhos especiais. A iguaria serve de três a quatro pessoas. Também há opções de carnes e massas.

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SERVIÇO:

O que? Restaurante Portela

Onde? Rua Babitonga, 84 – Centro

Quando? Diariamente das 10h às 23h59

Quanto? Diversos preços, porém é possível encontrar um prato de carne ou de peixe com acompanhamentos a partir de R$ 50 para duas pessoas

Um pulo na praia

Antes ou depois de seguir o roteiro pelo Centro Histórico, é indispensável aproveitar as belezas naturais que coroam São Francisco do Sul como uma das cidades mais bonitas do Litoral Catarinense. São belas praias, a mais perto do Centro, é a Praia de Paulas, composta por uma sequência de outros refúgios tranquilos, como as praias dos Ingleses, Figueira, Salão e Calixto. Já para os apaixonados por veleiros, as melhores opções são a Praia do Forte e de Capri. Enseada, Itaguaçu e Ubatuba são as mais agitadas e possuem maior variedade de serviços e opções de lazer. Já a prainha é o recanto dos surfistas, e as praias Grande e do Ervino, são mais voltadas aos praticantes de pesca de arremesso. É só escolher e aproveitar.

Quem já conheceu?

Turistas de outras regiões de Santa Catarina e outros estados que já visitaram São Francisco na temporada elogiam a preservação do patrimônio histórico. De Campo Largo, no Paraná, Joel Ponchek, Fernanda Machado, Mariluz Souza de Paula e a jovem Isabelle Hortmann, elegeram a Igreja de Nossa Senhora da Graça como um dos locais que vale a visita. "Ainda estamos desbravando a cidade e pretendemos conhecer tudo, mas até agora o que encantou foi a história e a imagem de Nossa Senhora da Graça", entregou Fernanda durante passeio realizado na última quinta-feira.

O encantamento não foi diferente com as famílias Mosele e Accadrolli, de Ipumirim, no Oeste catarinense. "Tudo chama a atenção, a história, as belezas naturais, principalmente as construções antigas que não imaginávamos que ainda existissem. É maravilhoso", atestou Sueli Accadrolli, que estava acompanhada do marido Claudiomir e da filha Sabrina. Também viajavam com os três, Silvane e Vagner Mosele, e Ruan Pablo Mosele.

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