É com um sorriso no rosto que a pequena Alice de Gracia Cordeiro, de três anos, exibe os primeiros passos que aprendeu no balé. O sorriso também é visto no rosto da mãe de Alice, a técnica em enfermagem Débora de Gracia Cordeiro, 35, e de outras crianças atendidas pela Associação Ecos de Esperança, com sede no bairro Paranaguamirim, na zona Sul de Joinville. Alice adora dançar, diz a mãe, que sabe o quanto o projeto é importante para o bairro. Seu outro filho, de seis anos, também faz aulas de futsal na quadra da entidade. A dona de casa Aline Mendes Zanatti, de 25, mãe de Nicoly Rafaelle Zanatti Ferreira, de quatro, também conhece bem os benefícios do projeto. Enquanto observa a filha, ela revela que também já foi atendida pela Ecos quando era mais nova.

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As atividades esportivas e culturais integram o Programa Ecos na Comunidade, criado em 2005. Atualmente, cerca de 300 crianças e adolescentes participam das aulas de balé, futsal, vôlei, handebol e minitênis e de sessões de contação de histórias e brincadeiras.

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As aulas de balé são oferecidas gratuitamente pela estudante de educação física Bruna Carolina de Souza, de 19 anos. Ela faz parte do time formado por 40 voluntários e 19 funcionários da Ecos. Em seu último ano no curso de bacharelado, Bruna decidiu dedicar suas quintas-feiras para dar aula para quatros turmas de crianças e adolescentes. As aulas começaram neste ano e a estudante já vê futuros bailarinos ali.

– Eu adoro trabalhar com crianças. Pra mim, toda criança tem que ter o direito de ter aula de balé – defende Bruna, que sonha participar de festivais com seus alunos.

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Ao fim da aula realizada no dia 13 abril, quando a equipe de reportagem esteve no local, Bruna serviu para sua turma o cachorro-quente que preparou. Com pouco mais de um mês de aulas, já há quase 50 alunos inscritos. Quem tiver interesse em participar de alguma atividade, precisa procurar a associação, que fica na rua Osvaldo Valcanaia, 766, no Paranaguamirim, ou entrar em contato pelo telefone (47) 3423-0104. As atividades são gratuitas e abertas para todas as famílias, inclusive de outros bairros.

Além do Ecos na Comunidade, a entidade, que existe desde 1994 e é ligada à Missão Evangélica União Cristã (Meuc), da Igreja Luterana, trabalha com o Programa Casa-lar, acolhendo crianças e adolescentes encaminhadas pelo Conselho Tutelar e pelo Juizado da Infância e da Adolescência. A coordenadora da Ecos, Margareth Falk, explica que havia preconceito em relação às crianças acolhidas e que isso mudou após a criação do Ecos na Comunidade.

– Percebemos que havia muito preconceito com as crianças acolhidas, como se aqui fosse um lugar de crianças infratoras. E não é. O Programa Casa-lar é para proteção das crianças, não é para punição ou restrição de liberdade. A comunidade tinha dificuldade de enxergar isso e as crianças tinham dificuldade de se enturmar – lembra Margareth. – Foi assim que surgiu a ideia de criar um programa que pudesse fazer a relação entre as crianças da Casa-lar e a comunidade. E o programa deu muito certo. As crianças foram acolhidas pela comunidade e a instituição passou a ajudar as famílias do bairro. O programa virou uma referência – comemora.

Entre as ações desenvolvidas no Casa-lar, estão o apoio pedagógico, cuidados com a saúde, preparação para o trabalho, acompanhamento sóciojurídico, suporte psicológico e emocional, apadrinhamento afetivo e acesso à cultura, ao lazer e ao esporte. A entidade abriga em três casas até 24 crianças e adolescentes que passaram por situação de violência, negligência ou abandono. Cada casa tem um casal de pais sociais em tempo integral, além de uma mãe social auxiliar durante o dia.

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A Ecos de Esperança é uma organização não governamental (ONG) sem fins lucrativos, mantida por meio de parcerias com empresas e doações de pessoas físicas e jurídicas. No Programa Casa-lar, há um convênio com a Prefeitura de Joinville, o que garante o pagamento de 45% dos custos com o acolhimento de 16 crianças. Quem quiser contribuir com a entidade pode doar por meio da conta de energia elétrica. A média de gasto mensal para manter a ONG, segundo a coordenação, é de R$ 50 mil. Mais importante que contribuir com um valor alto é a fidelidade de ajudar, diz a coordenadora.

– As crianças estão estão aqui praticando esportes, sendo olhadas por adultos capacitados para orientá-las em várias situações. Temos projetos desenvolvidos paralelamente para trabalhar a questão do caráter, da espiritualidade e da ética. Nosso objetivo é oferecer um crescimento saudável para as crianças. Queremos que se tornem adultos felizes, bem realizados, educados, profissionais responsáveis e capacitados para enfrentar o mundo.