Se quem canta os males espanta, quem dança uma aula do comentado estilo Stiletto – onde o salto alto é aliado de movimentos sensuais – espanta males em dobro, desafiando o equilíbrio e o autoconhecimento do corpo e da alma. E foi encarando passos cheios de estilo e personalidade, verdadeira tendência “vendida” nas apresentações da cantora Anitta e interpretada com muito humor pelos atores Otaviano Costa e José Loreto no primeiro episódio da nova temporada de Amor e Sexo, da Rede Globo, que as blogueiras do Na Ponta da Língua Celina Keppeler, Cris Cordioli e Janaína Laurindo encararam mais um desafio da série Se Joga no Verão. Subiram no salto, pagaram mico e receberam uma verdadeira aula de autoestima.

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Assista à performance das blogueiras dançando em cima do salto alto

E quem explica a essência do movimento é a professora Itana Luize Coelho, que reuniu alunas dedicadas para fazer volume de talento – leia-se Priscila Batista Campos, Dayanne Louise Pereira e Gabriela C. Coto -, enquanto ensinava o be-á-bá para as jornalistas:

– O estilo Stiletto foi criado em Nova York, mas especificamente para os shows da Broadway. Hoje em dia é muito usado entre as Divas Pops como a cantora americana Beyoncé. As aulas trabalham muito a elegância, a classe, a postura, os movimentos de pés, mãos, ombros, quadris, tudo de uma maneira bem sutil e leve, explorando ao máximo a sensualidade sem vulgaridade. Auxilia as mulheres a treinarem o salto com a dança e o próprio corpo – conta Itana.

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Além do salto alto, o uso do espelho é aliado da “terapia de salão”, segundo a professora de dança:

– Com a correria do dia a dia, muitas mulheres não têm tempo nem para se olharem. Cuidamos do mundo ao nosso redor e ao nos depararmos com nosso reflexo, vem a pergunta “e, nós, onde paramos?” Qualquer forma de arte mexe muito com o nosso interior. A dança, principalmente, trabalha muito com o interno, e não com o externo. Eu sempre digo para as alunas que antes delas dançarem pra fora, elas têm que dançar pra dentro, dançar para si mesmas.

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Jana Laurindo, que por natureza é uma mulher vaidosa – leia-se: usa salto, maquiagem e com certeza troca ideias frequentes com os espelhos que tem em casa -, aprovou a hora como Anitta:

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– O que mais gostei dessa modalidade de dança foi o quanto ela estimula a sensualidade e o empoderamento da mulher. Engraçado como o salto e o estímulo ao nosso lado mais sensual acabam passando uma certa confiança, o que não parece que irá acontecer no início da aula, principalmente por conta do salto, mas no fim você percebe que ele só ajuda. Dá uma postura bonita que acaba deixando o corpo mais sensual.

E se autoestima é o impulso para se sair bem em qualquer palco, nada mais justo do que a visão da psicologia para a arte de se olhar para dentro, como explica a psicóloga clínica Cristianne Sá Bez, que trabalha há mais de 20 anos ajudando pacientes no processo de autoconhecimento:

– Para refletirmos sobre quem somos e para onde queremos e desejamos chegar, a autoestima precisa estar presente. No princípio, vai estar lá escondidinha, porque a gente está falando da nossa essência, de como nascemos, da nossa identidade, do amor, do desamor, da aceitação e da não aceitação que temos de nós mesmos. A visão que nós temos de nós mesmo. Com a dança, como o Stiletto, por exemplo, esses sentimentos acabam vindo à tona. O estilo é indicado no processo de se sair um pouco da racionalização das coisas da vida, para entrar um pouco mais no sentir as coisas da vida e se aceitar. A dança traz um contato muito forte com nosso interior, porque é muito verdadeira, conosco e com o nosso corpo, o corpo que nos representa. Ela é radical – explica a psicóloga.

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Para Cris Cordioli, esse foi o maior desafio enfrentado até agora na série de verão, e a certeza de que aulas de Stiletto e umas sessões de terapia fariam muito bem para o autoconhecimento e para o amor-próprio fez todo o sentido:

– Algumas (muitas) mulheres com formas que fogem do padrão imposto pela sociedade (manequim 38 precisando sempre perder três quilos) precisam, sim, buscar uma beleza que foge do que vemos no espelho. É difícil. O mundo não está facilitando para as gordinhas serem mulheres felizes, apesar de que temos mostras de algumas que conseguiram. Subir em um salto, encarar o espelho, ter fôlego para uma coreografia pra lá de animada e ainda sensualizar, olha, pelo menos pra mim, só com muito treino, terapia e uns quilinhos a menos. Vou pensar no caso – promete Cris, vestida em um manequim 48.

Cristianne, a psicóloga, tem na ponta da língua uma explicação do porquê é tão difícil se aceitar, e encarar os desafios:

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– Quando olhamos para fora, enxergamos superficialmente o que o outro deseja de nós. Quando visualizamos o nosso interior, nos deparamos com aquilo que também não é legal em nós. Quando fazemos esse processo de autorreflexão, percebemos que talvez nem todas as pessoas nos amem. Temos muitos limites, muitas coisas para descobrir em nós, aceitar, para depois fazermos o processo de transformação. É um processo dolorido, sofrido, extremamente corajoso. E ficamos escolhendo situações mais rápidas, aparentemente mais fáceis, mas também que não se sustentam porque o outro não vai nos dar a segurança que precisamos encontrar em nós mesmos. É uma ilusão nossa.

Descubra como anda sua autoestima na entrevista completa com a psicóloga Cristianne Sá Bez

Já Celina encarou tudo como uma divertida brincadeira com passos difíceis, justificados pelo pouco treino, encarada com o habitual bom humor – ou seria total falta de noção? – da blogueira:

– Se equilibrar no salto não é o problema, o desafio é fazer caras e bocas, se sentir a própria Diva Bey, quebrar o quadril, mexer os braços e ainda achar tudo muito natural pra convencer. Diante de tanta coisa a ser feita ao mesmo tempo, ficar de pé no salto é fichinha, afinal, é a única coisa que se faz naturalmente. Claro que depois de umas três aulas, a gente ia conseguir fazer a sexy que nem a professora….

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A psicóloga Cristianne tem uma explicação que ajuda a entender a animação de Celina:

– A nossa criança interior gosta disso, de ser chamada. Posso não gostar ou posso gostar muito. E isso não tem peso. Nos iludimos muito com as cerquinhas que montamos. Quando a gente tenta transpor, ou se propõe a transpor, logo os desafios ficam muito pequenos. E aí nós nos divertimos mais, e quem está ao nosso redor percebe isso. As pessoas ficam muito mais interessantes quando são o que são, sem fazer tipo, ou ficarem preocupadas, armando situações, fazendo caras e bocas e buscando tipos físicos para conquistar o outro, e se aceitam como são. Não existe nada mais atraente do que estar do lado de pessoas felizes.

Confira a apresentação de Stiletto de Otaviano Costa e José Loreto na estreia da nova temporada do Amor & Sexo.