Ator, modelo e apresentador. São muitas as funções que Paulo Zulu acumula no currículo. Há alguns anos, no entanto, o artista carioca trocou as passarelas e os holofotes por uma vida simples na Guarda do Embaú, uma praia paradisíaca localizada na Grande Florianópolis.
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Para saber como está a vida do ex-global e por que “desapareceu” das telinhas, a reportagem do NSC Total foi ao recanto de Zulu, que atualmente dedica seus dias à pousada que toca junto a uma sócia e, claro, à família, principalmente ao caçula, de três aninhos.
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Rodeado de natureza e canto dos pássaros, foi em Santa Catarina que firmou morada. Mas se engana quem pensa que o contato dele com o Estado começou após sair das novelas. Desde adolescente o artista já frequentava a região. Segundo ele, foi amor à primeira vista.
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— Quando eu cheguei aqui, me encantei, porque é um lugar de surfe e um vilarejo de pescadores. Na época, eu tinha como meio de sobrevivência a caça submarina de espécies nobres e também já surfava, e aqui a água era boa para mergulhar. Eu me apaixonei ainda mais pelo lugar quando conheci o povo. O ritmo e a forma de vida são diferentes, as pessoas são o que são. E isso me fez ter vontade de ficar — diz.
Recanto de Paulo Zulu fica em SC
A conexão com SC
Carioca raiz, daqueles que mesmo após anos longe das origens ainda mantém o “carioquês”, sua paixão por Santa Catarina começou na adolescência. Ele conta que tinha apenas 17 anos quando ocupou a vaga que restava em um carro lotado de jovens que vinham surfar no Estado. À época, a Guarda do Embaú era conhecida por ter “uma das melhores ondas do Brasil para o surfe”, e Zulu não pensou duas vezes.
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No início da década de 1980, além de surfar, começou a lutar jiu-jitsu e também fazia dinheiro com a pesca. Zulu entrou para o mundo da moda e da televisão já perto dos 30 anos. Apesar da fama, conta que não ficou deslumbrado e chegou até a encerrar o vínculo com a Globo, atitude esta que pegou a muitos de surpresa.
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— Eu tinha um contrato de um ano e meio, que acabou e eu rescindi. Eu ganhava mais do que o protagonista, que era o [Reynaldo] Gianecchini. Todo mundo me chamou de maluco, achava que eu estava doido. Aí eu falei: “gente, meu maior sonho é ser pai”. Não era ser galã, ganhar milhões e ter sucesso. Eu queria ser pai, e a partir daí já comecei a botar parâmetros na minha vida — relata.
E assim fez. Do primeiro casamento com a modelo Cassiana Mallmann, teve dois filhos: Dereck e Patrick. Mais recentemente, em 2021, da união com Elaine Quisinski, modelo e atual esposa, nasceu Kiron. Com 61 anos, o artista se define como um “pai-avô” do menino.
O retorno às raízes
Viver em Santa Catarina, para o artista, significa se reconectar com o Zulu adolescente. Isso porque aqui, longe dos holofotes, sua rotina atual é dividida entre o surfe e a pesca, atividades que foram seu ganha-pão na juventude.
Além disso, faz o marketing da Zululand Bangalôs, pousada que construiu na Guarda do Embaú com as economias que juntou com as novelas e publicidades, cuida da hortinha de casa e treina na academia que construiu no quintal. Zulu vive rodeado de verde, canto dos pássaros e mar.
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O recanto de Zulu, além da natureza, tem os freezers abarrotados de pescados, diversas pranchas e uma arara cheia de coletes de surfe. Para o almoço, prepara para esposa e o filho os peixes que ele mesmo pesca.
A dedicação ao menino, inclusive, é quase que em tempo integral. Em meio a uma atividade e outra, busca e leva a criança na escola e o inclui nas atividades do dia a dia. Ele conta que não conseguiu fazer isso com os filhos mais velhos, já que vivia em meio a eventos e uma intensa rotina de trabalho. Atualmente, como eles moram em Palhoça, recupera o tempo perdido.
— Eu nunca quis me desconstruir como Paulo Zulu. Eu acho o Zulu um personagem maravilhoso para essa existência, nesse grande teatro que é a vida. Ele me traz felicidade, paz, atitudes e superação. Para mim, hoje em dia, a parte financeira não é o principal, cheguei a uma estabilidade com o padrão simples que levo. O mais importante para mim é estar junto com as pessoas que realmente fazem a diferença e que se importam com o que eu me importo, isso é a vida: amor para dar e receber, amigos para trocar — determina.
As passarelas e a telinha
A carreira de modelo de Zulu, como ele mesmo define, foi “coisa de destino”. Ele conta que aos 18 anos já tinha uma certa ascensão no mundo do surfe no Rio de Janeiro e que as revistas ligadas à moda surfware já o procuravam para fazer matérias. Além disso, também figurava em alguns comerciais.
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Em um deles, no entanto, sentiu-se desrespeitado pela modelo com quem contracenava e, depois disso, pensou: “essa vida não é pra mim”. Dez anos se passaram e o “destino” atuou novamente.
— Eu viajava muito de carro para ir aos campeonatos [de surfe] e, como a grana era curta, aprendi a consertar carros com um conhecido mecânico. Um certo sábado, eu tinha acabado de treinar, encontrei um amigo que estava levando uma modelo para um ensaio, mas que o carro tinha enguiçado. Como era fim de semana, não tinha mecânico e eu abri o capô, mexi aqui, mexi ali e o carro pegou. Não sei se foi porque eu mexi ou se foi porque o destino quis que acontecesse. Aí ele falou: “Zulu, você me salvou. Vamos fazer o seguinte, eu faço um book pra você” — lembra.
Aos 27 anos, idade fora do padrão para modelos, Zulu entrou no mundo da moda. A partir das fotos, conseguiu desfiles na França, Itália e Nova York, e acabou se inserindo cada vez mais neste universo. Até porque, pescaria e surfe, “só quando tem água boa”.
Ao retornar para o Brasil, o sucesso continuava tamanho que chamou a atenção da Globo, emissora em que participou de quatro novelas. À época, diz que os papéis significavam uma espécie interpretação de si mesmo.
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O artista aproveitou o que ganhou como ator para construir a pousada que tem hoje em dia, como uma espécie de “aposentadoria”. A decisão de rescindir com a Globo, atitude que chocou a muitos, também fez de caso pensado, já que seu intuito era constituir uma família e ter uma vida tranquila.
Descoberta do câncer e novo estilo de vida
Há cerca de quatro anos, Zulu descobriu um câncer na bexiga após um exame de próstata. Ele descobriu a doença durante um exame de rotina. E destaca que o diagnóstico precoce foi essencial para detectar em tempo hábil.
Entre os principais fatores de risco da doença, o tabagismo é o principal deles. A parte curiosa, segundo o artista, é que ele não fuma. Em seu caso, a causa foi a exposição a petróleo, derivado da resina de prancha.
Atualmente, a cada seis meses, Zulu volta ao médico a fim de acompanhamento de rotina, mas relata estar curado. Ele segue à risca uma alimentação saudável, não consome bebida alcoólica e pratica exercícios físicos, como corrida e jiu-jitsu. Esta consciência de cuidado com a “máquina”, como chama o próprio corpo, veio quando ainda era jovem, em uma situação que vivenciou durante uma viagem.
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— Eu estava no aeroporto e vi um senhor com muita dificuldade para levantar. Automaticamente, pulei para o corpo dele e me imaginei naquela idade. Eu não queria aquilo pra mim. Eu pensei: “cara, se eu não me projetar para os 70, 80 anos, como é que vou chegar lá?” Não dá pra viver como se não houvesse amanhã, porque vai haver amanhã, principalmente pra quem quer chegar lá. A partir daí, adotei um estilo de vida mais saudável — relata.
Zulu diz que não sente a velhice e lida bem com a idade que tem, já que preparou a cabeça e, principalmente, o corpo para isso. Ele continua pescando, surfando e ainda atua em algumas campanhas como modelo, já que “o shape está em dia”.
A pousada, para além de uma fonte de renda, foi um planejamento de vida para que chegasse a meia-noite e virasse “abóbora”.
— Eu sabia que a meia-noite estava chegando. A carruagem ia virar abóbora. Mas eu nunca virei abóbora. Estou “benzaço” aos 61 anos. Posso fazer uma campanha de sunga. Eu continuo fazendo as mesmas coisas, o único detalhe é que quanto mais velho eu ficar, mais tenho história para contar do que tempo para viver. Então eu tenho que viver rápido, intenso, acelerar, entendeu? Porque quanto mais eu acelerar, mais eu consigo usufruir desse pouco tempo que eu tenho de vida, ao invés de ficar sentado esperando a morte chegar.
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