Ele foi criado nos braços do Cristo Redentor, se formou em Jornalismo, mas trocou a caneta e o bloco de papel por um microfone. Filipe da Silva Faria é Filipe Ret, rapper carioca que aos 28 anos é tido por muitos como o sucessor de Marcelo D2 na cena independente. Definido como um eterno incomodado, já grafitou e criou um blog, mas só conseguiu se expressar por meio de ritmo e poesia. Apesar de ser escritor, ele garante: nunca foi um bom aluno. Subiu ao palco pela primeira vez em meados de 2003, fazendo freestyle em uma batalha de MCs na Lapa (RJ) e, de lá pra cá, não parou mais. Montou uma banca, a TuduBom Records, com os parceiros Shadow e DJ Mãoli, e lançou o primeiro CD, Vivaz. Ret tem dois videoclipes gravados e uma legião de fãs pelo Brasil. Nas redes sociais, os posts curtos e filosóficos garantem milhares de curtidas e seguidores ao músico. O DC bateu um papo reto com o MC que faz show neste sábado no Confraria, em Florianópolis.

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Confira o clipe da música Neurótico de Guerra

Antes de mais nada, por que você decidiu estudar Jornalismo?

Fiz faculdade de Comunicação porque minha mãe queria muito que eu tivesse um diploma, e queria ver a que ponto isso ia me levar. Conclui e vi que até me serviu, mas na verdade a gente tem que seguir nossos desejos, nossa intuição. Não há como ter sucesso se você não ama muito o que faz. Acho que antes de pensar o que estudar, você tem que saber o que quer fazer na sua vida. Não adianta ter diploma, tem que ter amor. Fui um aluno que não gostava de estudar. Nunca entendi muito bem o que estava fazendo ali. Era complicado pra mim viver sob um regime escolar, de trabalho, ainda é… Consigo lidar porque hoje conquistei uma liberdade maior.

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Como você sabia que alcançaria o sucesso com a música?

Porque eu sempre cantei, desde criança. Sempre gostei dos vocalistas, então tinha na minha cabeça que era isso que queria. Nunca cantei profissionalmente, só por hobby e consegui estender isso. Comecei a mostrar meu rap na Liga dos MCs, em uma batalha. Subi no palco pra batalhar com improviso. Hoje em dia não faço mais isso, mas acho importante essa adrenalina. Sou muito envergonhado, então foi difícil, mas a gente vai se acostumando, tentando arrumar métodos de driblar isso.

Como você vê o rap nacional?

Eu vivo só do rap. O rap nacional está em um ótimo momento. Muitos estão abrindo a cabeça, muita gente nova. Acho que a tendência é melhorar cada vez mais. Ele ainda sofre preconceito, como o funk sofreu e hoje já começa a quebrar barreiras. O rap caminha na mesma direção, vai se popularizar. É um gênero musical muito ambicioso, então sempre vai crescer. É um meio no qual as pessoas envolvidas são competitivas. É inevitável a gente ganhar força, crescer na mídia e em todos os lugares.

Então vai melhorar daqui a uns anos?

Bastante, acho que vai crescer. Muitos MCs vão se profissionalizar. A mídia também tem que abrir mais espaço. O cara que mexe com música não tem que pensar em ter gravadora, internet é o começo de tudo. Ter uma boa música, uma boa ideia e divulgar. Aí o telefone começa a tocar, tem show e estrada. Acho que tem espaço pra pessoas boas em todos os lugares, não só na música.

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Como você lida com o fato de ser apontado como o sucessor do D2? Essa responsabilidade dá medo?

Olha, cara, eu fico honrado. Nem sei quem falou, mas tomara que seja isso mesmo. Ele é o mestre e hoje é meu parceiro, fizemos várias coisas juntos.

O Ret é levado mais pela emoção ou pela razão?

Na hora de compor sou pela emoção, mas tem muita razão, muita técnica, então é saber compor razão e emoção. Acho que sou um eterno incomodado, cara, estou sempre buscando, nunca estou totalmente em paz, estou sempre com alguma coisa dentro de mim me levando a fazer algo a mais.

E como você se define?

Eu sou mais um vivaz do Rio de Janeiro.

Como um vivaz lida com os sonhos?

Meu sonho eu costumo dizer que é ter a maior liberdade com o máximo de recursos para o maior número de gente. Minha vida é a relação com as pessoas que eu amo, tendo elas do meu lado. Todo mundo que canta rap quer expressar alguma coisa, gritar pro mundo. Acho que minha música nunca é uma coisa definida. Quero aguçar, provocar. O papel da arte é este: fazer as pessoas pensarem, questionarem e assim se desenvolverem.

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No que o Filipe Ret tem fé?

Eu tenho fé na vida, nas pessoas que fazem. Detesto espírito de porco que entra pra diminuir. Se não for pra botar pra cima, nem entra, nem chega perto. Acredito em quem faz, nas pessoas de bem, aquelas que não ficam paradas reclamando. Acredito no poder de fazer, realizar.

Que recado você daria pra gurizada que pensa em seguir uma carreira musical, mas tem medo?

“Basta ser sincero e desejar profundo. Você será capaz de sacudir o mundo”. Essa é uma frase que carrego comigo e sigo bastante. É isso ai.

Assista ao vídeo de DUTUMOB

Agende-se

O quê: festa Like a Boss, com show de Filipe Ret

Quando: amanhã

Onde: Confraria (Rua João Pacheco da Costa, 31, Lagoa da Conceição, Florianópolis)

Quanto: R$ 20 (feminino) e R$ 40 (masculino) – valores de pista 1º lote e sujeitos a alteração. Ingressos à venda no Blueticket

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Mais informações: www.confrariaclub.com.br