O que motivou o representante comercial Carlos Kennedy Witthoeft, de Pomerode, a buscar um tratamento alternativo para o câncer foi a descoberta da doença na mãe, Irene Volkmann, em março de 2007 quando ela tinha 82 anos. Ela foi diagnosticada com um tumor no colo do útero e informaram que teria alguns meses de vida.
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Para tentar curá-la, procurou pesquisas sobre tratamento e foi então que tomou conhecimento sobre a fosfoetanolamina, sintetizada no Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), cujo pesquisador era o doutor Gilberto Orivaldo Chierice. Ele recebeu de Chierice cápsulas para auxiliar no tratamento da mãe, que estava debilitada e internada.
– No 18º dia com a fosfo, fui ao banco e quando voltei minha mãe estava no jardim, segurando uma enxada, pronta para capinar – conta Carlos, que foi procurado por conhecidos que queriam saber sobre as cápsulas que Irene tomava.
Irene morreu em 2012 em decorrência de choque séptico e infecção. Disposto a ajudar outras pessoas, Carlos manteve contato com os pesquisadores da USP e foi a São Carlos para se dedicar ao estudos para produzir a substância. Centenas de pessoas foram a Pomerode procurá-lo. Ele afirma que jamais fez controle do número de pacientes e reforça que nunca aceitou ajuda de quem recebia as cápsulas.
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– Ele fez pra mãe e as pessoas foram sabendo e batendo na porta dele. Nunca ganhou um centavo – diz um dos advogados de Carlos, Ricardo Deucher.
O corretor de imóveis Orlando Neves afirma que nunca pagou pelas cápsulas:
– Carlos nunca cobrou nada. Era uma romaria na casa dele. Ele passava o dia trabalhando nisso, ajudando as pessoas. O custo de cada comprimido era de R$ 0,10 e, segundo Carlos, nenhuma das substâncias usadas têm comercialização proibida.
Em 23 de junho, a Vigilância Sanitária e a polícia, por meio de ordem judicial, apreenderam a matéria-prima, o maquinário e as cápsulas e Carlos foi preso em flagrante por falsificação de medicamento. O pomerodense manipulava a substância em um cômodo de casa, sem licença dos órgãos responsáveis.
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Em liberdade provisória após 17 dias Carlos mora com o filho. A esposa, Aridina Witthoeft, morreu em virtude de um acidente vascular cerebral dias depois que ele voltou da prisão.
– Ele está vinculado a este inquérito, mas não vejo crime nisso, porque não era um medicamento. Estamos aguardando as diligências que o MP pediu – analisa o advogado Ricardo Deucher.
O crime de falsificação de medicamento é considerado hediondo e a lei prevê pena de 10 a 15 anos, mas o advogado explica que os tribunais têm aplicado a pena de tráfico em alguns casos.
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