Conheça o perfil de musicistas e maestros de várias partes do mundo que retratam
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a diversidade do Festival de Música de Santa Catarina (Femusc). Durante 14 dias, o maior festival-escola de música da América Latina encanta o público com o melhor do erudito.
“A música é uma vocação, um chamado”
Rita Costanzi
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EUA – New York University
Respirar, sentir e viver música é a motivação pessoal de Rita Costanzi. Natural dos Estados Unidos, a professora de harpa participa há oito do Femusc. A oportunidade surgiu depois de conhecer o diretor artístico Alex Klein em um festival no Canadá. Com três anos, Rita iniciou sua vida musical ao tocar no piano da família. O pai, o violinista Francis Tursis, introduziu a música na vida da filha e incentivou os estudos. Com nove anos, Rita participou de aulas testes de uma empresa de harpa que queria produzir o instrumento para crianças. Neste momento, descobriu sua maior joia.
– A música é uma vocação, um chamado. Eu faço música independentemente se sou paga ou não, é como viver e respirar. Como professora do Femusc, eu testo meus alunos sobre a decisão deles. Aqui é uma forma concentrada de ensinar para estudantes de toda a América Latina. O festival ganha a cada ano um significado maior para mim – afirma.

Todos falam a mesma língua
Dmitry Limantsev
Rússia – Teatro Bolshoi
Com apenas 26 anos, Dmitry Limantsev aceitou o desafio de viajar pela primeira vez ao Brasil para atuar como professor de clarinete e estrear sua participação no maior festival-escola de música da América Latina. Apesar da pouca idade, Dmitry teve contato muito cedo com orquestras e atua como clarinetista principal do Teatro Bolshoi, na Rússia. Com nove anos, ele foi a um concerto e se apaixonou pelo som do clarinete. Antes disso, ele tinha tentado tocar violino por duas semanas e não conseguiu produzir nenhum som.
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– Há alguns anos, fui convidado pelo Alex Klein (diretor artístico) a ser aluno do Femusc, mas não pude vir ao Brasil. Em outubro do ano passado, ele me viu tocando em Moscou e recebi o convite para ser professor. Estou com sete alunos e aconselho a eles aproveitarem o máximo do festival. Aqui, todos falam uma língua única: a música.

O Femusc é uma oportunidade
Alberto Almarza
Chile – Carnegie Mellon University
Pertencendo à terceira geração de musicistas da família Almarza, Alberto é um veterano no festival-escola, participando desde a primeira edição, e também na música. Aos três anos, despertou interesse pela flauta doce e aos 14 decidiu que seguiria profissionalmente. Na sua carreira, o chileno enfrentou um obstáculo: “Como ser musicista, quando o seu país vive uma ditadura?”. Superando os desafios da música e consagrando uma carreira internacional, Alberto busca retribuir seu aprendizado e encontrou esta oportunidade no Femusc. O flautista explica que nem todos têm acesso aos melhores professores ou às melhores escolas e universidades de música. Por isso, ele, um músico latino-americano, se sente responsável por transmitir todo o conhecimento que adquiriu na sua carreira.
– Ao longo destes 11 anos, o festival evoluiu, mas sua função sempre foi a mesma: servir. Nem todos têm a oportunidade de crescer em uma família de músicos ou ter uma carreira internacional. Eu tenho que dar isso de volta, ajudar todos os músicos que estão surgindo depois de mim. O Femusc é um destino, uma oportunidade – explica.
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Um canal para o desenvolvimento
Norberto García
Argentina – Orquestra Sinfônica Nacional da Argentina
A alegria de ser músico é sentida pelo brilho no olhar do maestro e violinista Norberto García. Uma figura conhecida pela sua irreverência e forma lúdica de conduzir os espetáculos do Femusc, o argentino iniciou sua vida musical aos seis anos, quando um tio apresentou o violino, e aos sete anos começou as aulas em uma escola. A docência foi surgindo com o amadurecimento da carreira de violinista e as experiências em orquestras renderam a vivência como maestro. Para García, o festival é um canal para desenvolvimento dos jovens músicos por estarem em contato com professores de renome e músicos de todo o mundo. E o potencial internacional é pelos alunos levarem o conhecimento para outros locais.
– Primeiro, o músico deve dizer ?eu quero viver para a música com todo amor, toda paciência e toda dedicação?. Pode ser que não dê certo, como qualquer outra profissão. Mas se tem a vocação, tem que tentar e se esforçar para chegar lá.

“Minha missão é a música”
Catalin Rotaru
Romênia – Arizona State University
Apaixonado pelo Brasil, o baixista Catalin Rotaru conhece o País há 15 anos e fala fluentemente português. No entanto, o Femusc entrou em sua vida há quatro anos. O professor de contrabaixo afirma que o mais importante do festival é compartilhar conhecimento entre pessoas de diferentes nacionalidades. O romeno passa para os alunos que o universo da música é difícil. Ele não veio de família de músicos e, na sua casa, não se ouvia música clássica. Aos 12 anos, ele descobriu o contrabaixo por causa de uma professora no ensino fundamental. Até então, nunca havia estudado música. Para aprender o instrumento, teve que ir morar em outra cidade ainda muito jovem.
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– Acredito que viemos para alguma missão. A minha é a música, e a própria vida me colocou neste caminho. Por isso, eu digo para meus alunos acreditarem o máximo e nunca desistirem. Como professor, posso afirmar que ensinar música é muito difícil e diferente, porque você está cara a cara com o aluno e precisa ser um bom psicólogo também – confessa.

O evento onde tudo acontece
Catherine Larsen-Maguire
Reino Unido – University of the Arts Berlin/orquestra sinfônica
Os braços esculpem o ar. O rosto se transforma. Os movimentos com os braços começam. E a música jorra em resposta à dança misteriosa da maestrina Catherine Larsen-Maguire. Há quatro anos, a inglesa ensina a arte da música no Femusc. Desde pequena, Catherine gostava de ouvir música clássica e aos sete anos pediu para fazer aulas de violino e depois iniciou com fagote. Mas seus olhos brilharam de verdade quando ela tocou em uma orquestra e, assim, descobriu a vocação. Para Catherine, o Femusc é um evento em que tudo acontece ao mesmo tempo e uma oportunidade de se estar com as pessoas.
– O Femusc é um evento que faz parte da agenda da minha vida. Aqui, eu aconselho os alunos a nunca desistirem. Os alunos precisam ouvir muita música, ler livros e conversar com outros músicos para tirar o máximo que eles puderem. É trabalhar duro, mas também relaxar.
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Momento para retribuir o aprendizado
Curt Schroeter
Blumenau/Brasil – Orquestra Sinfônica Guido Cantelli (Itália)
O blumenauense Curt Schroeter retorna ao festival-escola pela décima vez. Influenciado pela família, Curt escolheu a flauta como instrumento para estudar aos seis anos. Desde então, nunca parou e costuma dizer que a vida o levou ao profissionalismo. Há 30 anos, o flautista mora na Europa e viu a chance de retribuir tudo que aprendeu também por meio do Femusc. Para ele, é momento de estar perto dos maiores incentivadores e fãs, seus pais, Clotar e Trudi, que moram na sua terra natal. Sua missão é levar o entusiasmo pela música até os alunos, seguindo o exemplo do professor Norton Morozowicz. Segundo Schroeter, o Femusc é bem parecido com a escola que frequentou em Blumenau. Por isso, afirma que é a hora em que volta para casa.
– Eu quero retribuir tudo que obtive para o meu Estado. É uma dívida com os catarinenses. Ensino aos alunos que é preciso determinação e horas e horas de estudo. Mas o principal é ver a flauta como um universo de sensações. Não
busco ensinar a nota perfeita, mas que o aluno consiga transmitir o que está sentindo com aquela música – explica.
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