Aberto quase todos os dias do ano, com exceção de 24, 25 e 31 de dezembro e 1º de janeiro, o Paradigma Cine Arte é o único cinema com filmes alternativos em Florianópolis, capital catarinense. Inaugurado em 2010 e localizado na SC-401, no bairro Santo Antônio de Lisboa, Norte da Ilha, o cinema atrai pouco mais de duas mil pessoas por mês.

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Os filmes alternativos podem ser classificados como películas que são de outros países, fugindo da produção hollywoodiana estadunidense.

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Em junho deste ano, o cinema completou 14 anos de existência. A iniciativa vem de uma família de cinéfilos. Para Felipe Didone, diretor e curador do cinema, o Paradigma é um projeto cultural sem fins lucrativos.

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A ideia de começar um cinema com filmes alternativos foi uma coincidência, apesar do amor da família pela sétima arte. Eles estavam construindo um empreendimento na mesma localidade onde hoje em dia está o cinema, no Centro Empresarial Corporate Park, que fica na rodovia José Carlos Daux, na SC-401.

— Quando a gente começou a construir o empreendimento, tinha esse espaço de auditório. Nós não víamos um uso muito constante da sala e foi aí que surgiu a ideia para o cinema. O auditório é muito charmoso e pequeno, então a acústica é muito boa. Fizemos um investimento de pôr as poltronas, o projetor e assim nasceu o cinema — conta Didone, que também é curador dos filmes.

Filmes alternativos

O Paradigma é uma atividade paralela para o empresário. O espaço, que toda semana tem filmes novos em cartaz, de diferente nacionalidades, quer fugir do apelo “comercial”.

— A gente busca fazer uma curadoria que seja o mais exclusiva possível, e 90% dos filmes só a gente passa. De certa forma, o Paradigma é responsável por Florianópolis ter acesso a determinados tipos de filme — diz.

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Ele cita o exemplo do filme “Ervas Secas”, película turca lançada em 2023 que foi vencedora da Palma de Ouro no Festival de Cannes, prêmio de maior prestígio do festival. No Paradigma, ele esteve em cartaz do dia 13 a 17 de abril deste ano.

— Eu estava relutante em pegar [o filme], mas pensei: eu tenho que pegar, porque se eu não pegar ninguém vai. Quem é que vai exibir um filme turco de três horas? — brinca.

Ele explica que seleciona este tipo de filme já sabendo que não vai render tanto público, podendo até gerar prejuízo, mas que ele sente que “precisa pegar”, afinal, é um filme que um cinéfilo vai querer assistir em um cinema, não em casa.

— Hoje, a gente tem a dificuldade com o streaming, que compete muito conosco. Mesmo assim, a gente tem um público que não abre mão de assistir ao filme no cinema. A gente tem que dar esse espaço para o cinema alternativo, independente e cult — afirma.

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Quem é o público do Paradigma

O público que vai ao Paradigma é variado: há os cinéfilos que são frequentadores fiéis e perguntam a programação todas as segundas-feiras; há os que vão durante as tardes dos dias úteis, que são idosos, e há os jovens universitários que vão nas segundas, quando o cinema tem uma promoção de metade do preço. Nestes dias, o ingresso inteiro custa R$ 17, e a meia é R$ 8,50.

De acordo com Didone, há também o público que não necessariamente vai sempre ao cinema, mas que considera ir ao Paradigma como uma programação: pessoas que vão com os amigos, tomam café e discutem o filme após a exibição.

— O público é variado e isso mostra que tem uma carência desse espaço. Duas mil pessoas não é pouca coisa. A gente sempre está querendo que o público do cinema se amplie, e não fique nichado aos “cinéfilos” — comenta.

Para Didone, o Paradigma equipara Florianópolis a cidades maiores como São Paulo, Curitiba ou Rio de Janeiro na exibição filmes alternativos. Ele cita o exemplo de outro filme, que ficou em cartaz dos dias 25 a 31 de julho. A película “Ainda Temos o Amanhã” é italiana, e apesar de ter um apelo mais comercial, de acordo com ele, apenas o Paradigma o está exibindo na capital catarinense.

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— Os shoppings desprezaram esse filme. Cinco milhões de pessoas o assistiram na Itália, ele teve uma bilheteria maior do que “Barbie”, no país europeu. Os shoppings desprezam filmes que até poderiam ir bem, porque eles estão focados nos “blockbusters“, nos filmes infantis ou de super-heróis, que dão muita bilheteria. A gente não procura isso, a gente procura curadoria — pontua.

Curadoria

A curadoria do Paradigma é feita por Felipe, que recebe durante o ano o calendário de lançamentos e participa de festivais de cinema, a fim de ficar por dentro desse universo. Em fevereiro, por exemplo, ele esteve no Festival de Berlim 2024, na Alemanha.

— Eu tenho que estudar bastante os diretores e o que está sendo lançado. Se eu tivesse umas três salas, eu estaria enchendo elas de pessoas. Tem muitos filmes bons na produção europeia, latino-americana e asiática — compartilha.

Ele diz que sempre procura diversificar a programação. Na semana que passou, do dia 29, as sessões tinham um filme italiano (Ainda Temos o Amanhã, 2023), um filme brasileiro (A Flor do Buriti, 2024) e dois filmes franceses (Divertimento, 2022 e Orlando: A Minha Biografia Política, 2023). A próxima semana promete um filme turco e um norte-americano, de acordo com ele.

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O espaço

O Paradigma Cine Arte, além da exibição de quatro títulos por dia, ou seja, quatro filmes por semana, tem também uma locadora com um acervo alternativo de filmes disponíveis em DVD e Blu-Ray. Ao alugar o filme, a pessoa tem 15 dias para devolvê-lo.

Veja fotos do Paradigma Cine Arte

*Sob supervisão de Andréa da Luz

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