Quem passa pela joalheria que fica na frente do cinema no Continente Park Shopping pode não ter percebido, mas atrás da vitrina repleta de brincos, colares e anéis, trabalha um artista apaixonado pelo que faz. Ele não é atraído pelo ouro ou diamante, mas pela escultura. É assim que João Francisco Sobrinho, 45 anos, vê uma joia. De suas mãos saem milhares de peças, mas nenhuma é igual a outra.

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Mineiro de São João do Paraíso, ele conta que subiu cada degrau da vida com muito esforço e dedicação. Filho de pai marceneiro e mãe dona de casa, ele queria estudar, mas não tinha condições financeiras. Entrou para escola somente aos 10 anos, em São Paulo, onde seus pais e mais sete irmãos foram morar em busca de melhores condições. Aos 15 anos, aceitou uma singela vaga de emprego como office boy de uma joalheria na capital paulista. Parecia pouco, mas João agarrou a oportunidade e, dez anos depois, saiu de lá ourives, o profissional que fabrica joias.

Desde o primeiro dia de trabalho, João demostrou que tinha sede por conhecimento. Queria aprender e o amor à profissão veio como uma paixão à primeira vista.

– Quando entrei na joalheria de cara me senti hipnotizado pelo trabalho do ouvires. Achava lindo o que ele fazia e queria aprender. Nunca tinha visto aquilo antes e era tudo tão maravilhoso – recorda.

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Quatro anos depois de entrar para a joalheria, João ganhou o cargo de auxiliar de ouvires. Ele alcançava peças, ajudava no que podia e não tirava os olhos do trabalho exercido pelo profissional. Para ir além, João foi desafiado. Sua missão era criar e construir um pingente. O aprendiz se saiu muito bem, o cliente gostou do trabalho e ele foi promovido para o cargo de meio oficial de ouvires.

Aos 20 anos, ele fez o primeiro curso chamado cravação, para aprender a cortar pedras, como diamantes. Aos 25, recebeu uma proposta de trabalho e foi aí que desembarcou em Santa Catarina.

Com poucas malas e muitos sonhos

João chegou em Florianópolis em 1993, recém-casado, com uma TV e uma mala de roupas. Na Capital catarinense, se formou em história (para saber como as joias entraram na vida da humanidade), em artes visuais (para desenhar melhor os esboços das joias). Antes, em São Paulo, se formou em gemologia, para estudar as pedras preciosas, e fez até um curso de torneiro mecânico para criar alianças torneadas.

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Hoje, ele quer conquistar um mestrado em artes, pensa em estudar inglês e escrever um livro, e sonha em ser um pioneiro na área acadêmica.

– Quero criar o primeiro curso de especialização em joalheria, como uma graduação. Hoje só temos cursos técnicos separados, não há uma escola destinada somente à arte de ourivesaria e sonho em criar uma em Santa Catarina. Precisamos de mais pessoas que criem joias e não somente comercializam o que já existe – diz.

Artista anônimo

Muitas pessoas podem não saber, mas as peças que João produz são revendidas nas mais famosas joalherias do Estado. A aliança de brilhantes e o pingente que você usa, por exemplo, pode ter vindo das mãos dele.

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– Atendo todas as joalherias do Estado, eles encomendam anéis de formatura, noivado, entre outros. Nestes casos, não há exclusividade, as peças seguem um padrão. Diferente é aquela peça que o cliente encomenda direto comigo, pedindo um desenho específico – explica.

E são muitos os pedidos. O cliente chega com uma foto de alguém e ele desenha até com as expressões faciais. Um dos mais demorados foi um colar cheio de pedras no qual ele trabalhou por 35 dias, mas João conta que, normalmente, leva dois dias.

Os preços das peças exclusivas variam de acordo com a escolha das pedras. Um anel de noivado, por exemplo, pode variar de R$ 600 a R$ 40 mil, e um pingente de R$ 100 a R$ 600 mil.

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– Temos um infinidade de pedras que podem ser utilizadas, umas mais em conta, outras raras e com alto custo. Uma pérola pode custar de R$ 10 a unidade até R$ 10 mil – calcula.

Gostou do trabalho do João?

Fale com ele pelo telefone (48) 3094-9078 ou faça uma visita à Personnalité Atelier de joias, no Continente Park Shopping