Criado em 2012, o Grupo de Resgate em Montanha (GRM) é conhecido pelas ações que realiza em Joinville e região, principalmente quando alguém se perde em alguma trilha. O que nem todos sabem é que este grupo é formado apenas por voluntários, pessoas que veem neste serviço uma oportunidade de praticar uma atividade que gostam e ajudar outras pessoas. O grupo, que começou com 12 pessoas, conta atualmente com 83 voluntários.
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Em seu histórico, o GRM tem a marca de 39 pessoas resgatadas com vida. Os dados são de Alan Jacob da Rosa, de 43 anos, um dos fundadores e atual diretor-técnico do GRM. O número que entristece é o de resgate de corpos. Nestes cinco anos, 53 pessoas foram resgatadas sem vida, número atribuído, principalmente, à tragédia da Serra Dona Francisca, que registrou 51 mortes.
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O grupo é acionado pelo Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville. É para o número 193 que as pessoas devem ligar em caso de emergência. Das 60 vezes em que foi acionado, o GRM atuou em 41 resgates. Nos demais, ficou de prontidão e foi dispensado porque o problema foi resolvido antes que entrasse em ação. De acordo com Alan, das três maiores tragédias dos últimos dez anos em Santa Catarina, o GRM atuou em duas – na tragédia da Serra Dona Francisca, em 2015, e no tornado em Xanxerê, no mesmo ano. E também há integrantes que participaram de buscas em três tragédias, que incluem ainda os deslizamentos no morro do Baú, em Ilhota, em 2008.
– Nossa motivação vem da vontade de fazer a diferença, de fazer o bem sem olhar a quem. Temos a satisfação pessoal de fazer algo de que a gente gosta, mas com um objetivo mais nobre, que é o de salvar e ajudar as pessoas – afirma Alan, que é montanhista há mais de 20 anos.
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A equipe conta com coordenador, vice-coordenador, diretor operacional, diretor-técnico e diretor de treinamentos. O GRM atua como uma entidade de apoio aos bombeiros, à Defesa Civil, à Polícia Militar Ambiental e à Polícia Civil. Os voluntários se dividem em sete equipes: administrativa, comunicação, resgate vertical, primeiros socorros, trilhas e montanhas, rastreamento humano e Coelho. Esta última, composta pelos integrantes mais fortes do grupo e “altamente capacitados em todas as áreas”, é a primeira equipe acionada nas missões mais urgentes. Nos próximos três anos, Alan revela que uma equipe de resgate aéreo com paramotor também será criada.
A estrutura do GRM chama a atenção. Recentemente, o grupo fez a primeira transmissão ao vivo em sua fanpage no Facebook de um deslocamento das equipes de busca e resgate no morro do Jurapê. A transmissão é feita por meio do sistema de APRS, que permite monitorar as equipes em tempo real direto da central de operações do GRM. A transmissão obteve 6,4 mil visualizações e o resgate foi concluído com sucesso.
– Começamos a fazer as transmissões para mostrar nossa estrutura e repassar informações para a população. É uma forma de falar sobre os riscos e chamar a atenção para a prevenção – explica.

Grupo lança formulário para facilitar busca e resgate em SC e PR
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Monte Crista (Garuva), Castelo dos Bugres (Joinville), morro Pelado (Schroeder), morro do Jurapê (Joinville), morro da Tromba (Joinville), pico Garuva (Garuva), pedra Tartaruga (divisa de SC com o PR) e as montanhas do Alto Quiriri (Joinville) estão entre os principais pontos de atuação do grupo. Nesta semana, o grupo lançou um formulário a ser preenchido por aqueles que vão participar de trilhas, travessias ou atividades de montanha em Santa Catarina e no Paraná, onde o GRM também atua. O cadastro serve como fonte de informações em caso de emergências, mas não garante que o GRM acompanhe e verifique se os cadastrados voltaram na data informada. A intenção é expandir a ideia para outros Estados. O formulário está disponível no site www.grmjoinville.com.br.
Para Alan, o grande diferencial do GRM é que o grupo não é formado apenas por montanhistas. Advogados, bancários, enfermeiros, pintores, fotógrafos, bombeiros e policiais também integram a equipe. Para participar, é preciso passar por uma seleção e um período de capacitação. Nos primeiros seis meses, os novatos participam de treinamentos de primeiros socorros, técnicas verticais, bússola e GPS, carta topográfica, comunicação via rádio, técnicas de trilha de montanha e acampamento e rastreamento humano. No segundo semestre, os membros escolhem uma das áreas para se capacitar. Não há um perfil específico dos voluntários. Há integrantes com 23 e com 60 anos de idade. Para fazer parte do GRM, o grupo exige um currículo mínimo, que inclui conhecimento e experiência em montanha.
— Não tem uma explicação específica para fazer o que fazemos, cada um tem uma motivação diferente. Um salário não pagaria nosso trabalho, fazemos por amor — explica Alan, que é do grupo Coelho e instrutor da equipe vertical.
O grupo se mantém por meio de doações, parceria com a iniciativa privada e com a contribuição financeira dos próprios voluntários. Quem quiser contribuir de alguma maneira pode entrar em contato pelo e-mail contato@grmjoinville.com.br.
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* Alex Cardoso é estagiário de jornalismo em “AN”.