Você já parou pra pensar qual o valor do tempo? Para os participantes de um banco incomum o valor de suas horas é igual ao de qualquer outro cidadão e resulta na economia de dinheiro. Desde julho do ano passado, um grupo de pessoas em Blumenau decidiu trazer um conceito diferente, que altera a lógica de economia convencional para uma realidade de compartilhamento.

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Desta forma, o Banco de Tempo de Blumenau nasceu e segundo um dos idealizadores, Ricardo Gonçalves, em setembro começaram as primeiras ações do grupo na cidade.

– A ideia foi baseada nos Bancos de Tempo de Florianópolis e Garopaba. Hoje já possuímos bancos em 10 estados. Faço parte de quase todos os grupos do país – comenta Gonçalves.

A dinâmica consiste em dois conceitos básicos: primeiro, que a vida de todas as pessoas tem o mesmo valor e segundo, que cada pessoa possui um talento, algo que faz com amor e alegria e que outras pessoas precisam.

– Ao entrar no Banco de Tempo cada pessoa gera 10 horas de crédito. Dessas horas, 4 horas são creditadas no saldo do participante, para que ela possa iniciar as trocas imediatamente, e as outras horas restantes são creditadas para o saldo do banco. Este saldo é utilizado para projetos sociais propostos pelos participantes.

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Assim, se acabarem as 4 horas que tenho de crédito inicial e eu não conseguir trocar o meu talento com ninguém, posso participar de projetos sociais propostos pelos integrantes do banco e aumentar meu saldo para fazer mais trocas – explica Gonçalves, que é um dos administradores do grupo.

Para participar do banco e efetivar a troca de serviços é simples e tem a tecnologia como aliada. O banco utiliza o Facebook para a comunicação e o Google para criar as planilhas e formulários, para registro das horas. De acordo Gonçalves, o objetivo é que tudo seja simples de administrar, independente do nível de conhecimento que as pessoas tenham, para que isso não seja uma barreira na continuidade do banco.

A musicista Clara Mendes e a decoradora de ambientes Brunê Nasato se conheceram por meio de um interesse mútuo. A Clara propôs participar do banco dando aulas de violão e a Brunê, que oferece massagem relaxante, auriculoterapia e bioconstrução com bambu, queria muito tocar violão. Este interesse mútuo aproximou as participantes, que a partir do Banco criaram uma amizade.

–Este processo ensina que a troca entre pessoas e a possibilidade de estabelecer relações reais, com quem oferece seus produtos ou serviços, substitui o paradigma do “tempo é dinheiro” por “dinheiro é tempo”. A experiência com a Brunê está sendo ótima. Além de uma aluna, ganhei uma amiga – relata a musicista.

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Para Brunê, participar do banco oportuniza autoconhecimento com relação aos seus talentos e autovalorização das habilidades dos outros.

– Para mim, apoiar a iniciativa é uma das maneiras de estar em equilíbrio com o Universo, quando falamos de receber e retribuir. É uma forma justa e solidária de enxergar o outro e o todo, conhecer a movimentação que o outro faz é lindo demais – completa.

COMO PARTICIPAR

Para participar, basta procurar o grupo no Facebook, chamado Banco de Tempo de Blumenau, e se cadastrar. Atualmente, em Blumenau são 119 talentos oferecidos, desde aulas de acrobacia até assessoria jurídica.

– Começamos com quatro participantes e hoje temos 61 inscritos no banco. No grupo do Facebook já somos mais de 460 pessoas – completa Ricardo.

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