Mesmo sem ter lançado livros, o catarinense Luiz Delfino é considerado um dos maiores poetas do país. Frequentemente, publicava poesias nos diversos jornais e revistas, o que o tornou conhecido e prestigiado na literatura. Foi o filho dele, Tomás Delfino, quem reuniu os trabalhos do poeta em 14 livros, o primeiro deles lançado 17 anos após a morte do pai, falecido em 1910.

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Alguns volumes dessas edições estavam numa das casas do poeta, no Rio de Janeiro, que foi leiloada, com os pertences incluídos, em 1968. A aquisição foi feita pelo norte-americano David Haberly, pesquisador e professor de língua portuguesa na Universidade da Virgínia (EUA). Há cerca de três anos, Haberly fez a doação para a Academia Catarinense de Letras, que tem Delfino como um dos patronos.

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Nascido em Florianópolis, em 1834, o poeta mudou-se para o Rio de Janeiro, onde formou-se médico pela Academia Imperial de Medicina, aos 23 anos, fazendo carreira como um conceituado clínico. Aos 56 anos, elegeu-se senador da República por Santa Catarina, participando e assinando, no ano seguinte, a primeira constituição republicana do Brasil. Mas foi na literatura que o prestígio o eternizou. No entanto, não houve análise mais apurada da trajetória pelos críticos e nem o devido registro histórico da importância na literatura brasileira. O que contribuiu para isto foi o fato de não ter editado os trabalhos em livros e os variados escritos ficarem dispersos pelos periódicos, apesar de grande e elogiada produção. 

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Antes de iniciar na Medicina, já estreava, aos 18 anos, com o conto “O órfão do templo” (1852), impresso na revista carioca Beija-Flor. Em 1862, publicou na Revista Popular, um dos poemas com maior repercussão, “A filha d’África” (1862), onde exaltava a liberdade. Em um concurso organizado pela revista A Semana, no ano de 1885, foi eleito o maior poeta vivo do Brasil e, em 1898, reconhecido como o “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, pela revista simbolista Vera-Cruz. 

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Luiz Delfino perpassa por três escolas literárias da época: Romantismo, Parnasianismo e Simbolismo. Uma das principais características é o uso de recursos como rimas e métricas, que atribuíram maior sonoridade, ritmo e musicalidade às poesias dele. Os sonetos, com uma forma rígida em número de estrofes e de versos, são marcantes no conjunto da obra.

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Entre os temas preferidos do autor, estão o amor e a mulher idealizados romanticamente, além de questões sociais, como a liberdade. Mestre em Literatura Brasileira e doutor em Teoria da Literatura, o estudioso Lauro Junkes lançou o livro “Melhores Poemas de Luís Delfino” (1991), com uma seleção das poesias reunidas nos livros publicados pelo filho do poeta catarinense, entre eles “Algas e Musgos” (1927), “Íntimas e Aspásias” (1935) e “Imortalidades” (1941).

*Texto de Gisele Kakuta Monteiro

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