As preocupações com o meio ambiente têm levado cada vez mais empreendedores a buscarem soluções sustentáveis para seus negócios, além de criarem produtos que ofereçam ao consumidor a possibilidade de evitar uma produção maior de lixo. Em Joinville, este movimento cresce principalmente entre os jovens que abrem a primeira empresa e utilizam a tecnologia a favor da natureza.
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A paixão pelas profissões e o desejo de fazer o bem a outras pessoas e ao meio ambiente andam de mãos dadas com Maria Augusta Gayoso. A jornalista e designer de moda, 29 anos, conseguiu perceber uma conexão direta com as temáticas que, em um primeiro momento, parecem não ter ligação.
— A moda é um meio de comunicação — destaca.
Maria Augusta desenvolveu uma marca de pijamas sustentáveis lançada há pouco mais de uma semana em Joinville. Mas a sustentabilidade não se restringe apenas ao produto final. Toda a parte de produção dos pijamas Sonhos de Maria, desde a matéria-prima até a confecção, foi pensada de forma a não agredir o meio ambiente.

Os pijamas, totalmente brasileiros, são feitos de algodão elaborado em fazendas de produção familiar e sem adição de agrotóxicos na Paraíba.
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– As pessoas se preocupam bastante com alimentação orgânica, mas não percebem muito em quem faz ou como são feitas suas roupas. Além disso, é utilizado muito agrotóxico para fazer roupas e muito plástico nas coisas de poliéster – destaca.
A produção dos pijamas está atrelada ao propósito de vida da empreendedora. Por meio disso, ela incentiva a produção familiar, consumo consciente, além de se preocupar com a mão de obra e matéria-prima.
– Quem costura para a marca negocia o valor junto comigo. São valores justos, locais de trabalho confortáveis e humanos, diferente de grandes redes que exploram seus costureiros – pontua Maria.
Para incentivar o consumo consciente, os pijamas não seguem tendências de moda, mas sim um conceito conhecido como slow fashion. O termo se refere às produções em menores escalas e que têm mais durabilidade, para contrapor a fabricação de produtos em massa e estimular a conscientização de uso.
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— Eu não acredito em tendência. Eu acredito que as pessoas devem vestir o que gostam e quando querem. A coleção é bem básica e para durar 2020 inteiro. Além disso, as pessoas podem vestir calça no verão e shorts no inverno, da maneira como elas se sentem mais à vontade e que elas possam a usar por muitas estações, pelo máximo de tempo possível — explica.
A gente tem que pensar que tudo o que a gente consome, em algum momento vai para o lixo.
Para ela, as roupas são uma forma de comunicação. O fato de as pessoas passarem mais tempo no trabalho do que em casa, por exemplo, a faz pensar ainda mais em conforto.
— Não é por ser pijama que não pode ser bonita. Você pode atender o entregador de pizza naturalmente — brinca.
A venda dos pijamas é feita via online, por meio de redes sociais e entregas para todo o Brasil.
Empresa desenvolve embalagens feitas de algodão
A preocupação com o meio ambiente também levaram Lucas Bastos e Carla Enero a abrirem uma empresa que desenvolve embalagens feitas de algodão, mel, resina de árvore e óleo de coco e de cera de carnaúba no lugar do mel.
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Elas são uma alternativa sustentável ao plástico filme e ao papel alumínio, e tem durabilidade de um ano. Depois,em contato com a terra, se de compõe rapidamente. Com elas, o casal de Joinville já se tornou destaque nacional.

– Uma pesquisa recente mostrou que 32% dos consumidores de artigos de beleza e higiene já procuram produtos que tenham uma conotação de sustentabilidade, desde sua origem, na matéria-prima, até as embalagens. Um processo de fabricação que utilize menos recursos naturais, e quanto utiliza, são recursos renováveis, acabam sendo preferência para estes consumidores – analisa o engenheiro ambiental Wellington Baldo.
Moda para fazer a diferença
Para a joinvilense Ana Carolina de Liz, ressignificar é um verbo importante. Há quatro anos, ela transforma peças que seriam descartadas e passariam anos no meio ambiente sem nenhuma utilidade.
Ana se preparava para voltar ao mercado de trabalho depois de passar cinco anos dedicada exclusivamente à criação das filhas, quando decidiu que não teria apenas um trabalho: também faria a diferença.
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A marca que ela criou produz bolsas e acessórios a partir de resíduos da indústria têxtil de Joinville e região. Com o reaproveitamento de tecidos feito por Ana Carolina, ela calcula que já evitou que pelo me-nos duas toneladas de resíduos chegassem ao aterro sanitário de Joinville.
Assim como Lucas e Carla, a artesã viu seu projeto pessoal, feito apenas em parceria com a mãe, ganhar destaque rapidamente por cumprir a cadeia da sustentabilidade.
Em novembro, ela será a única catarinense a expor seus produtos na Brasil Eco Fashion Week, evento que é considerado o maior encontro de moda e sustentabilidade da América Latina.
Semana Lixo Zero vai até domingo
A Semana Lixo Zero vai até o dia 27 de outubro e conta com mais de 50 ações em vários pontos da cidade.
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Entre as atividades estão mutirões de limpeza urbana, debates sobre alimentação, moda sustentável e resíduos da construção civil e da indústria, oficinas práticas de como fazer compostagem em casa, cosméticos naturais e visitas guiadas para conhecer o aterro sanitário, cooperativas de recicladores, entre outras ações. Os eventos são gratuitos e voltados para toda família.
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