Não foi do dia para a noite que João Doce, como gosta de ser chamado, se tornou conhecido pela sua arte. O artista catarinense ganhou as redes sociais e faz sucesso nas páginas de streaming internacionais. O trabalho do jovem de 25 anos consiste em esculturas de personagens, personalidades e desenhos animados.
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O artista acumulava, até esta quinta-feira (22), mais de 3 milhões de seguidores e 50,2 milhões de curtidas no TikTok, além de 581 mil seguidores no Instagram. João conta que a virada de chave para o trabalho foi em 2021, quando um vídeo onde ele mostrava a montagem do personagem “Lucca”, o protagonista de um dos desenhos da Disney, viralizou. Atualmente, a produção possui 45,8 milhões de visualizações.
Nascido em Florianópolis, João morou em São José e Palhoça na infância. A primeira vez em que teve contato com esculturas foi aos sete anos. Com essa idade, ele começou a acompanhar a mãe professora em aulas de biscuit que profissionalizavam mulheres que precisavam de uma fonte de renda em Palhoça.
— Tive essa contato desde pequeno, aí eu via a modelagem não só como uma fonte de renda, mas também como uma forma de mudar a vida das pessoas — conta.
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Quem vê o trabalho de João na internet atualmente, pode ter visto o jovem, que hoje tem 25 anos, ainda criança, nas ruas de Sâo José:
— Quando eu era criança eu já fazia e saía pra vender na rua. Eu fazia várias peças aí eu saia de casa em casa vendendo. Eu levava tudo para a casa da minha avó, que fica em São José, e saía no centro vendendo pecinhas de biscuit. Fazia ponteira de lápis, chaveiro, potinho.
Ele conta que desde então quis trabalhar com esculturas, independente da matéria prima. Em 2019, João participou da quinta temporada do reality show de confeitaria Bake Off Brasil. Do biscuit, os trabalhos passaram a ser feito com polimer clay, um material que é moldado, e depois de assado se assemelha ao material de que a boneca Barbie, por exemplo, é feita.
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Internet como fonte de renda
Antes de viralizar, João Doce trabalhava com venda de esculturas, bolos e outras artes sob encomenda. Segundo o artista, em um primeiro momento, os vídeos que compartilhava mostravam o processo de produzir uma arte que depois seria vendida. No entanto, após o vídeo da escultura de “Lucca” viralizar, o catarinense decidiu profissionalizar o trabalho na internet.
Mesmo com o “boom” na internet, João conta que precisou se dedicar ao trabalho nas redes sociais para começar a ganhar uma renda com os vídeos.
— Quando o vídeo do “Lucca” bateu 45 milhões de visualizações no Tiktok, todos os vídeos lá começaram a bater mais de 10 milhões [de visualizações]. Eu pensei, tá dando bom, vou focar nisso. Aí depois de ter juntado um dinheiro de encomendas, fiquei 10 meses só produzindo conteúdo, sem entrar nenhum trabalho. Até que começou a entrar, as empresas começaram a entrar em contato — relembra.
Atualmente, o artista trabalha principalmente com plataformas de streaming e canais internacionais, como Netflix, Prime Vídeo, Nickelodeon, Disney, Paramount e a Paris Filmes, que é brasileira. Ele explica que produz vídeos que vão abastecer as redes sociais das plataformas. João Doce já fez esculturas por exemplo, dos personagens da série “Stranger Things”, do “Gru” de “Meu Malvado Favorito” e de personalidades, como o influencer Luva de Pedreiro.
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De acordo com o catarinense, entre os trabalhos mais marcantes está uma escultura de Marília Mendonça, feita em homenagem à cantora após seu falecimento. O artista também se emocionou com uma escultura feita para Paulo Gustavo e entregue para o comediante ainda em vida na estreia de “Minha mãe é uma peça”, no Rio de Janeiro.
Em entrevista ao Hora de SC, João conta que, hoje em dia, sua renda provém totalmente dos trabalhos produzidos na internet. No entanto, boa parte dos clientes se concentra fora do país. Segundo o artista, raramente empresas brasileiras se mostram interessadas em contratar seu trabalho.
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“Deixo a vida me levar”
São necessários para produção de um vídeo de João massa de polimer clay, palito de dente, tintas, pequenas facas, um tablet para espelhar o que pretende reproduzir, um celular para gravar, duas luzes e vários dias de dedicação. Todas as ferramentas do artista ocupam o espaço de uma mesa pequena e cabem em uma maleta.
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Isso, unido ao trabalho da internet e ao espírito nômade, já fez com que João morasse em vários lugares do Brasil.
— Eu fui dar um curso no Rio de Janeiro, aí eu aluguei um Airbnb. Aí quando eu cheguei, o rapaz que eu alugou pra mim falou : “Minha vó é benzedeira, e eu preciso te falar uma coisa. Tu tem que se mudar”. Então eu botei na minha cabeça que tinha que vir. Duas semanas depois eu tava morando no Rio e fiquei um ano lá, por causa disso — conta.
Em São Paulo, onde morou três anos, e em Salvador, na Bahia, onde ficou oito meses, a decisão também não foi dificil. Quando conversou com a reportagem, João acabava de se mudar para Florianópolis, e cuidava da casa de um amigo que viajava, no Sul da Ilha. Para ele, o estilo de vida ajuda na criação.
— Faz com que eu desprenda do que é material. O que eu preciso hoje, é só pra eu trablhar. é só isso. Eu posso levar pra qualquer lugar — pontua João, que conversou com a reportagem em Florianópolis, enquanto cuidava da casa de um amigo que viajava.
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